Gabrielli explica custos da Refinaria Abreu e Lima
Segundo e ex-presidente da Petrobras, custo foi justificável para atender a demanda do mercado
Com uma CPI composta apenas por parlamentares da base governista, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli prestou esclarecimentos também sobre o investimento da estatal em refinarias no Brasil, inclusive a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Antes ele defendeu a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e enfatizou que a decisão da compra foi colegiada.
Segundo ele, a mudança de estratégia da estatal de manter o parque de refino no exterior e investir em refinarias no Brasil levou em consideração o comércio. “O mercado brasileiro de derivados de gasolina, de 1998 a 2008, portanto, durante dez anos, cresceu 3%. Não é 3% ao ano, mas 3% em dez anos. De 2009 a 2013, cresceu 65%. Essa é a diferença do mercado brasileiro”, explicou. “O mercado brasileiro de derivados está explodindo, porque a frota de carros está crescendo, porque as pessoas estão andando de avião, porque há mais consumo de combustível para as classes que emergiram, do ponto de vista de renda. Essa é a realidade do Brasil. Nós estamos com um mercado de derivados explodindo”, salientou.
De acordo com o executivo, a partir de 2007, a Petrobras passou a investir na construção da Refinaria Premium I, no Maranhão; Refinaria Premium II, no Ceará; Refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte; Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; e Comperj, no Rio de Janeiro. “Então, nós definimos, em 2006 e 2007, fazer refinarias no Brasil, porque estávamos antecipando o fenômeno do crescimento do mercado brasileiro”, frisou.
Ele disse ainda que a concentração no Nordeste se deve à localização e ao mercado. "Sabíamos que tínhamos que pensar no Nordeste, que tem 19% do mercado brasileiro. Além disso, a parte Norte da região Centro-Oeste poderia ser atendida".
Sobre o custo da Refinaria Abreu e Lima ele explicou que a variação se deve também ao câmbio, além dos investimentos na infraestrutura do Porto de Suape. "Na medida em que você vai avançando no conhecimento do projeto, vai detalhando a refinaria, as tubovias, o solo para fazer a terraplanagem, as condições dos chamados extramuros - que são as estradas -, da rede elétrica, do porto. Você vai incluindo um conjunto de outros investimentos que são necessários para viabilizar a refinaria ali onde foi escolhido, por razões de expansão do mercado".
Segundo ele, as obras do entorno geraram um custo de U$256 milhões a Petrobras. "A Petrobras vai ser ressarcida em parte disso com a redução da tarifa do uso Porto no futuro", informou.
Gabrielli também explicou que houve mudanças no escopo do projeto, inicialmente previsto para o refino do petróleo pesado brasileiro. "Num segundo momento, ela passou a ser uma refinaria que teria duas correntes de produção, que na linguagem do setor de refino é dois trens de produção. Um trem para processar petróleo pesado e outro trem para processar petróleo venezuelano", explicou ele. Atualmente, a refinaria tem duas cadeias de produção, mas as duas refinam o petróleo brasileiro. Para ele, com cinco refinarias em construção, houve aquecimento do mercado e o consequente aumento nos preços com os fornecedores.