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Ministro libera bens de Sergio Gabrielli, ex-presidente da PetrobrasO ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou os bens do ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que estavam bloqueados desde agosto de 2016 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O bloqueio se deu no processo em que o TCU apura desvio de recursos públicos na construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), da Petrobras, em Pernambuco. Gabrielli foi considerado negligente pelo tribunal de contas, por não ter investigado indícios de superfaturamento nas obras. Apesar de a indisponibilidade dos bens ter prazo previsto de um ano, a medida continuava em vigor.

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A decisão liminar (provisória) pedida ao STF por Grabrielli aguardava desde fevereiro do ano passado para ser decidida. Ainda em 2016, o ministro do STF Marco Aurélio Mello desbloqueou bens das construtoras Odebrecht e OAS, investigadas no mesmo caso.

Para a defesa de Gabrielli, as diferentes decisões liberando os bloqueios determinados pelo TCU demonstram que o tribunal de contas age “sistematicamente de forma temerária”, ao determinar o sequestro de bens “sem nenhum fundamento”.

Por ser liminar, a decisão em benefício do ex-presidente da Petrobras ainda deve ter seu mérito final discutido por uma das Turmas do STF e pelo plenário do Supremo.

Peritos criminais da Polícia Federal sugerem a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli no âmbito de investigação sobre e-mails do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, preso na Operação Lava Jato desde 19 de junho por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e crime contra a ordem econômica.

O alvo maior dos peritos são propostas comerciais "com preços majorados relativas a contratos para prestação de serviços de operação de sondas, em prejuízo da Petrobras". Eles querem acesso a dados financeiros e tributários de Gabrielli concentrados em um largo período, de 1º de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2015. O objetivo é 'esclarecer se as tentativas de majoração de preço prosperaram ou não'. Gabrielli presidiu a estatal entre 2005 e 2012. Ele antecedeu Graça Foster.

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Os peritos subscrevem laudo sobre troca de e-mails entre Odebrecht e executivos do grupo. As mensagens indicam suposta tentativa da maior empreiteira do País de apresentar propostas com preços acrescidos. Elas também citam os nomes do ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante (PT-SP) e do ex-presidente da estatal como contatos políticos da Odebrecht nas negociações.

Na ocasião da troca de e-mails de Odebrecht, em 2011, Mercadante ocupava o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação."Foram identificadas, por parte do Grupo Odebrecht, especialmente do executivo Marcelo Odebrecht, ações com o objetivo de exercer influência política para obtenção de êxito na celebração de novos contratos com a Petrobras", diz o laudo.

"A partir desse material identificou-se elementos que demonstram a tentativa da Odebrecht em apresentar propostas comerciais com preços majorados, relativas a contratos para prestação de serviços de operação de sondas, em prejuízo da Petrobras. Os documentos solicitados na subseção IV.1 podem vir a esclarecer se as tentativas de majoração de preço prosperaram ou não."

Os peritos sugerem, ainda, o afastamento do sigilo de outros dois alvos da apuração - André Luiz de Souza e José Miranda Formigli Filho, este ex-diretor da Petrobras, além da Enseada Indústria Naval e da Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras.

Eles destacam que "foram identificadas, por parte do Grupo Odebrecht, especialmente do executivo Marcelo Odebrecht, ações com o objetivo de exercer influência política para obtenção de êxito na celebração de novos contratos com a Petrobras".

Ao analisar um e-mail enviado por Roberto Prisco Ramos - ex-funcionário da Braskem - para Marcelo Odebrecht e outros três executivos do grupo, em 22 de março de 2001, o laudo informa que "o conteúdo revela uma discussão acerca do estabelecimento do preço que será proposto no contrato de operação de sondas junto à Petrobras".

"Nota-se a perspectiva de recuperar uma perda de US$ 100 MM (cem milhões de dólares), mediante o acréscimo de US$ 20 mil/dia no custo estimado de operação das sondas quando em atividade (OPEX), ao longo de 10 anos."

No ano anterior, em outro e-mail analisado, de 27 de dezembro de 2010, Odebrecht troca mensagens com executivos sobre a Sete Brasil e os contratos de sondas. "A Petrobrás, segundo os executivos da Odebrecht, teria uma orientação para maximizar o contrato de sondas com o Estaleiro Bahia (Enseada Indústria Naval), pertencente a empresas do Grupo Odebrecht em associação com as construtoras OAS e UTC", informam os peritos. A OAS e a UTC também são alvo da Lava Jato - seus principais executivos são réus por corrupção e lavagem de dinheiro.

"Pelo conteúdo do e-mail, identifica-se que o Estaleiro Atlântico Sul (concorrente da Odebrecht), já consolidado à época, firmou contratos com a Petrobrás para construções de sonda em valores US$ 90 milhões (noventa milhões de dólares) abaixo do valor orçado pelo consórcio liderado pelo Grupo Odebrecht", sustentam os peritos.

Eles indicam que para esclarecer se ocorreu eventual vantagem financeira indevida decorrente da assinatura desses contratos "é preciso obter alguns documentos, como a íntegra dos contratos firmados pela Petrobrás para construção e operação das sondas, da Sete Brasil".

O deputado Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Câmara, acusou o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli de "cara de pau". A acusação gerou bate-boca e mostrou uma iniciativa da oposição de pressionar Gabrielli após um longo período de calmaria na CPI, com perguntas técnicas do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), que alongaram as respostas do depoente. Sampaio disse que a gestão do ex-presidente levou à desvalorização da estatal.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) tentou defender o ex-presidente da estatal, o que se transformou em mais uma discussão e levou a campanha a soar mais uma vez na CPI.

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Na sequência, foi a vez de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) falar. Ele reforçou a pressão oposicionista, dizendo que Gabrielli é "cúmplice" da "roubalheira da companheirada" do governo petista na Petrobras. "Sua Petrobras é uma vergonha, a nossa Petrobras era um orgulho", disse Lorenzoni.

O deputado do DEM também acusou o relator Luiz Sérgio de combinar perguntas com o depoente, dizendo que o PT já teve um "histórico" de combinações em CPIs na Câmara e no Senado. Sérgio respondeu pedindo "respeito".

Já Gabrielli respondeu à saraivada da oposição dizendo ter uma vida pública conhecida e transparente, sem suspeitas de enriquecimento ilícito. "Repilo veementemente qualquer tipo de acusação do nobre deputado", disse em direção a Sampaio quando questionado sobre bloqueio de bens dele no caso da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

A CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados definiu, nesta quinta-feira (5), quem serão os primeiros convocados a prestar depoimentos ao colegiado. Os nomes foram anunciados pelo relator, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Na lista estão os ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e Graça Foster; a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard; o doleiro Alberto Youssef; o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa; e o ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco.

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Os trabalhos do colegiado serão divididos em quatro sub-relatorias, anunciadas pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). Ele também ressaltou que a comissão só vai investigar os fatos e o período que constam do ato de sua criação. Isso significa que a CPI vai se concentrar no período entre 2005 e 2015.

Sob protestos, as sub-relatorias criadas são as seguintes: superfaturamento e gestão temerária na construção de refinarias; constituição de empresas com a finalidade de praticar atos ilícitos;  superfaturamento e gestão temerária na construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; e  irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da Petrobras na África. Elas serão comandas pelos deputados Altineu Côrtes (PR-RJ), Bruno Covas (PSDB-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e André Moura (PSC-SE), respectivamente.

Pela quarta vez no Congresso Nacional, o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, reafirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, era um bom negócio, considerando as condições de mercado na época da aquisição, e que o valor pago foi “barato”, apesar de ser bem maior que o que está sendo considerado pelos parlamentares.

Logo no início do depoimento na CPMI da Petrobras, nesta quarta-feira (25), Gabrielli negou que o custo da compra pago pela empresa belga Astra Oil, em 2004, para Crown tenha sido de US$ 42 milhões. “Essa é uma informação equivocada, falseadora e que não considera a realidade do mercado”, frisou. Segundo ele, os custos da aquisição chegaram a US$ 360 milhões de dólares, ao serem considerados os valores com aquisição de estoques e de investimentos feitos pela Astra.

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O executivo também explicou que o  valor total da compra chegou a US$ 1,25 bilhão ao ser considerada também a aquisição da comercializadora de derivados de petróleo e custos judiciais. “Compramos uma refinaria com capacidade de refino barata. O preço pela capacidade foi de 5.540 dólares para capacidade de refino, pouco mais da metade do preço das refinarias compradas nos EUA”, explicou.

Mais uma vez, ele defendeu a compra da refinaria, reforçando a versão da atual presidente da estatal, Graça Foster. “Eu digo a mesma coisa. Foi um bom negócio na época e hoje em dia não é. Essa diferença é uma boa retórica política, mas não na realidade”, destacou. O ex-presidente da Petrobras negou qualquer ilegalidade por não haver as cláusulas Marlin (de rentabilidade) e Put-Option (de saída de uma das sócias em casos de desacordo) no resumo executivo entregue ao Conselho de Administração, na época presidido pela presidente Dilma Rousseff. “Não tem discussão sobre irregularidade ou ilegalidade”, salientou.

Com uma CPI composta apenas por parlamentares da base governista, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli prestou esclarecimentos também sobre o investimento da estatal em refinarias no Brasil, inclusive a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Antes ele defendeu a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e enfatizou que a decisão da compra foi colegiada.

Segundo ele, a mudança de estratégia da estatal de manter o parque de refino no exterior e investir em refinarias no Brasil levou em consideração o comércio. “O mercado brasileiro de derivados de gasolina, de 1998 a 2008, portanto, durante dez anos, cresceu 3%. Não é 3% ao ano, mas 3% em dez anos. De 2009 a 2013, cresceu 65%. Essa é a diferença do mercado brasileiro”, explicou.  “O mercado brasileiro de derivados está explodindo, porque a frota de carros está crescendo, porque as pessoas estão andando de avião, porque há mais consumo de combustível para as classes que emergiram, do ponto de vista de renda. Essa é a realidade do Brasil. Nós estamos com um mercado de derivados explodindo”, salientou.

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De acordo com o executivo, a partir de 2007, a Petrobras passou a investir na construção da Refinaria Premium I, no Maranhão; Refinaria Premium II, no Ceará; Refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte; Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; e Comperj, no Rio de Janeiro. “Então, nós definimos, em 2006 e 2007, fazer refinarias no Brasil, porque estávamos antecipando o fenômeno do crescimento do mercado brasileiro”, frisou.

Ele disse ainda que a concentração no Nordeste se deve à localização e ao mercado. "Sabíamos que tínhamos que pensar no Nordeste, que tem 19% do mercado brasileiro. Além disso, a parte Norte da região Centro-Oeste poderia ser atendida".

Sobre o custo da Refinaria Abreu e Lima ele explicou que a variação se deve também ao câmbio, além dos investimentos na infraestrutura do Porto de Suape. "Na medida em que você vai avançando no conhecimento do projeto, vai detalhando a refinaria, as tubovias, o solo para fazer a terraplanagem, as condições dos chamados extramuros - que são as estradas -, da rede elétrica, do porto. Você vai incluindo um conjunto de outros investimentos que são necessários para viabilizar a refinaria ali onde foi escolhido, por razões de expansão do mercado".

Segundo ele, as obras do entorno geraram um custo de U$256 milhões a Petrobras. "A Petrobras vai ser ressarcida em parte disso com a redução da tarifa do uso Porto no futuro", informou.

Gabrielli também explicou que houve mudanças no escopo do projeto, inicialmente previsto para o refino do petróleo pesado brasileiro. "Num segundo momento, ela passou a ser uma refinaria que teria duas correntes de produção, que na linguagem do setor de refino é dois trens de produção. Um trem para processar petróleo pesado e outro trem para processar petróleo venezuelano", explicou ele. Atualmente, a refinaria tem duas cadeias de produção, mas as duas refinam o petróleo brasileiro. Para ele, com cinco refinarias em construção, houve aquecimento do mercado e o consequente aumento nos preços com os fornecedores.

Depois de dizer que a presidente Dilma Rousseff não poderia "fugir de suas responsabilidades" quanto à compra da Refinaria de Pasadena, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli explicou melhor a colocação e afirmou não considerar Dilma, que na época da aquisição era presidente do Conselho de Administração, responsável pelo fechamento do negócio. Em depoimento na CPI da Petrobras no Senado, ele defendeu a estatal.

Em vários momentos do discurso inicial e nas respostas às perguntas dos parlamentares, ele frisou que a tomada de decisão não é individual e, sim coletiva. "Não é verdade que essa operação tenha sido uma operação feita a toque de caixa, não é verdade que essa operação tenha sido feita por algumas pessoas somente", salientou.

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O executivo também salientou que não cabia ao Conselho de Administração o detalhamento sobre a compra, pois essa responsabilidade ficava sob as gerências, que repassavem os relatórios. "O Conselho de Administração da Petrobras, historicamente toma decisões com base em sumário executivo; ele não toma decisões com base nos documentos totais existentes, porque são processos muito grandes. Não haveria condições de o Conselho apreciar, uma vez que a competência do Conselho, como eu disse, é tomar as decisões estratégicas, não é tomar as decisões operacionais".

Ele confirmou, no entanto, que o sumário executivo repassado ao CA não constava as cláusulas Marlim e Put Option, mas que isso não mudaria a decisão tomada, já que o CA avaliava se valia a pena fazer a compra. A cláusula Marlim garantia à empresa belga Astra Oil, sócia da Petrobras America Inc, rentabilidade mínima de 6,9% ao ano. A Put Option – ou opção de venda – obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra, em caso de conflito entre os sócios na condução do negócio.

"O que constava do sumário executivo? A lógica fundamental da estratégia de compra dos 50% da refinaria, mostrando que ela era aderente à estratégia, mostrando que ela era barata a preço de mercado e mostrando que ela tinha retorno positivo, portanto, cumprindo as três questões fundamentais que um Conselho de Administração tem que responder".

Diante disso, ele explicou que as afirmações dele ao jornal O Estado de São Paulo, em abril, explicava as competências de cada cargo e que cada pessoa tinha responsabilidades pelas quais deveria responder e que outras competências não poderiam ter sido cobradas. "Não considero a Presidente responsável pela compra de Pasadena; a responsabilidade da compra de Pasadena é da diretoria da Petrobras e do Conselho de Administração, porque passou por todos os procedimentos internos da Petrobras. Então essa é que é a questão-chave. É um processo de decisão que não é individualizado. Foi um processo de decisão coletivo. Isso é que é importante chamar a atenção", declarou.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli afirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um bom negócio. Segundo ele, apesar do período de crise, o mercado mundial se recuperou e hoje a refinaria gera lucro.

Assim como havia dito a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, em depoimento no Senado e na Câmara, Gabrielli explicou que na época da compra, em 2006, a expansão do parque de refino para o exterior fazia parte da estratégia da estatal. De acordo com o executivo, a situação mudou em 2008, com a crise econômica e mudanças no mercado, mas hoje o cenário volta a ser positivo e a refinaria volta a ser "potencialmente muito lucrativa".

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"Portanto, era um negócio que era bom, passou momentos ruins e agora, de novo, voltou a ser um bom negócio, como todos os negócios", salientou. Gabrielli também mencionou o reconhecimento da unidade no mercado norte-americano. "Pasadena foi premiada nos Estados Unidos como a melhor refinaria dos Estados Unidos em segurança do trabalho, em condições ambientais. Foi premiada pelos refinadores americanos, a associação de refinadores e de petroquímicos dos Estados Unidos", disse.

Decisões

Durante as considerações iniciais, Gabrielli explicou que as decisões numa empresa de petróleo se dão em longo prazo. "O tempo médio entre uma descoberta e o primeiro óleo é em torno de sete anos. Uma refinaria leva de seis a sete anos para ser construída". No entanto, os preços do petróleo e dos derivados variam todos os dias. "Portanto, as suas decisões em qualquer negócio da área do petróleo são decisões que se referem à sua visão do que está acontecendo naquele momento, antecipando quais são as probabilidades do que acontecerá no futuro", frisou.

O ex-presidente da Petrobras também explicou que o Conselho de Administração toma decisões estratégicas e não operacionais. Segundo ele, o CA não tem a responsabilidade de entrar nos detalhes de cada negócio, visto a quantidade de projetos que são analisados. Ele também disse que nem a Diretoria Executiva tem condições de detalhar todos os projetos e, por isso, grupos executivos consideram todas as questões operacionais. "A Petrobras, por exemplo, tem um Grupo Executivo, chamado G1, que é um grupo que trabalha e toma as decisões a nível de Gerências Executivas e Gerências Gerais da Petrobras. Esse é um grupo que tem 450 gerentes. Esses, sim, é que entram em questões operacionais e, portanto, têm uma estrutura complexa de tomada de decisões", explicou.

Gabrielli explicou ainda que as decisões não são individuais. "É o resultado de um conjunto de ações do conjunto da empresa, avaliando as incertezas de longo prazo e de curto prazo. Assim foram as decisões de Pasadena", destacou.

Crise

No encerramento das considerações, Gabrielli saiu em defesa da estatal e disse que ela não pode ser considerada uma empresa em crise ou à beira da falência. Segundo ele, a Petrobras hoje tem 21 bilhões de barris de reserva e vale, no mercado, US$90 bilhões. "Então, essa empresa, com esse potencial, não pode ser considerada uma empresa que está em crise, não pode ser considerada uma empresa que está mal gerida, nem pode ser considerada uma empresa que está à beira de falência. Isso é campanha de oposição. Isso é luta política", sustentou.

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli e o ex-diretor Internacional da empresa, Nestor Cerveró devem prestar na próxima semana depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado. A oitiva de Gabrielli está marcada para a terça-feira (20), e a de Ceveró para a quinta-feira (22). O depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster ficou agendado para a semana seguinte, no dia 27 maio (terça-feira).

Todos os depoimentos serão realizados a partir das 10h15, no plenário 2 da Ala Senador Nilo Coelho, no Senado. Esses requerimentos foram aprovados em reunião da CPI da Petrobras na semana passada, junto com dezenas de outros requerimentos de convocação.

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Quatro eixos

Na reunião do colegiado, o relator da CPI, o senador José Pimentel (PT-CE) também apresentou um plano de trabalho com quatro eixos, correspondentes aos quatro temas a serem apurados pela CPI. Pelo plano apresentado por Pimentel, os trabalhos vão se concentrar nos negócios da Petrobras entre 2005 e 2014. O primeiro eixo de investigação diz respeito à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, que teria causado à estatal perdas superiores a 1 bilhão de dólares.

Para investigar a denúncia de que a companhia holandesa SMB Offshore pagou propina a funcionários da Petrobras para fechar contratos com a estatal brasileira, o relator da CPI propõe a análise de documentos já produzidos pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Ele quer saber ainda se há investigações em curso na Holanda sobre os indícios do crime.

Quanto à denúncia de falta de segurança no lançamento de plataformas ao mar, a CPI quer saber se a Petrobras assegura aos trabalhadores mecanismos de segurança devidamente certificados. Além disso, vai questionar quem são os responsáveis pelos acidentes em plataformas, como o da P-36, e se na plataforma P-62 faltam equipamentos primordiais à segurança dos trabalhadores.

O quarto e último eixo de investigação da CPI da Petrobras está relacionado a indícios de superfaturamento na construção de refinarias. Pimentel lembrou que as denúncias de sobrepreço nas obras da Refinaria Abreu e Lima e da Refinaria do Nordeste já estão sendo apuradas por outros órgãos de controle.

*Com informações da Agência Senado

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli defendeu nesta terça-feira a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), ao afirmar que foi uma operação "absolutamente normal". Durante quase três horas em audiência no Senado, Gabrielli, no entanto, citou números que não correspondem ao valor pelo qual o negócio foi fechado.

A investigação sobre Pasadena começou no Congresso após reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, revelar, em julho de 2012, que a estatal gastou na compra da refinaria dez vezes mais que o valor de mercado da unidade. O negócio é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio (MPF-RJ) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A refinaria custou US$ 1,18 bilhão à Petrobras.

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Durante a audiência, ele afirmou que a compra da refinaria, em 2005, foi feita conforme o plano de negócios da companhia, que era de expandir a capacidade de refino no exterior e melhorar a qualidade dos derivados de petróleo brasileiros. O negócio, de acordo com Gabrielli, foi feito segundo a realidade do mercado da época. "Não há nenhum equívoco, nenhum problema", afirmou.

Conforme o presidente da Petrobras, a empresa pagou US$ 360 milhões por 50% de Pasadena em 2006 - US$ 190 milhões pela refinaria e US$ 170 milhões pelos estoques de petróleo e derivados da comercializadora. O custo da refinaria, afirmou, teria sido de US$ 3,8 mil por barril de capacidade de processamento, enquanto a média no mercado era de US$ 9,7 mil. Mas um ano antes, a Transcor/Astra, sócia da Petrobras no negócio, havia comprado todo o negócio de Pasadena por apenas US$ 42,5 milhões.

Em 2008, a Petrobras entrou em litígio com a sócia. Segundo Gabrielli, um tribunal de arbitragem nos EUA definiu em 2010 que a Petrobras teria de pagar US$ 296 milhões pelo restante da refinaria, US$ 170 milhões por estoques e US$ 173 milhões por garantias comerciais dadas pelos bancos para as operações. Ao todo, US$ 639 milhões.

Nas contas do presidente da estatal, o negócio todo custaria US$ 999 milhões à Petrobras - US$ 486 milhões apenas pela refinaria. Mas, em 2012, para encerrar o litígio judicial, a empresa desembolsou US$ 820,5 milhões pela segunda fatia da refinaria. Ao todo, o negócio saiu por 1,18 bilhão. O ex-presidente da estatal não soube explicar a diferença de valores entre o que foi acertado no tribunal de arbitragem - US$ 639 milhões - e o valor que encerrou o litígio - US$ 820,5 milhões. Gabrielli disse que não era mais presidente da empresa quando o acordo foi fechado.

"Estou falando de uma decisão judicial de 2010. Os termos do acordo são de junho de 2012. Eu saí da Petrobras em fevereiro de 2012", disse. "Pode ter sido juros, honorários advocatícios, acordos em razão de outras cláusulas que apareceram. Eu não sei." Na análise do ex-presidente da Petrobras, o valor pago pela refinaria se justificava na época em que foi feita. "O mundo mudou em 2008. Isso estreitou as margens das refinarias", disse. Gabrielli declarou ainda que a descoberta do pré-sal no Brasil, em 2007, também fez com que os planos da companhia mudassem. "Na realidade do mundo pré-2008, foi um negócio adequado. Hoje, a situação é completamente diferente", garantiu, citando que o crescimento do mercado interno fez com que houvesse necessidade de mais refinarias no País.

Gabrielli prosseguiu afirmando concordar com a opinião da presidente da Petrobras, Graça Foster. Em maio, Graça esteve no Legislativo e reconheceu que, caso a Petrobras tivesse todas as informações que possui atualmente, a aquisição de Pasadena não teria sido feita. "Eu concordo com a avaliação da presidente Graça porque ela diz que, se as informações fossem as de hoje, eu estaria fazendo comentários de um jogo de domingo na segunda-feira. Mas fui um técnico que teve de tomar decisões no sábado."

Em maio deste ano, o Broadcast revelou que uma auditoria interna da Petrobras contestou contrato da petroleira com o Grupo Odebrecht de cerca de US$ 840 milhões para serviços em dez países, incluindo trabalhos de manutenção na refinaria de Pasadena. Após análise do órgão interno, o contrato foi reduzido para US$ 480 milhões.

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