Gabrielli defende Petrobras e compra de Pasadena
Segundo o ex-presidente da estatal, apesar da crise, a refinaria hoje gera lucros. Ele acusou também a oposição de querer manchar a imagem da empresa
Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli afirmou que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um bom negócio. Segundo ele, apesar do período de crise, o mercado mundial se recuperou e hoje a refinaria gera lucro.
Assim como havia dito a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, em depoimento no Senado e na Câmara, Gabrielli explicou que na época da compra, em 2006, a expansão do parque de refino para o exterior fazia parte da estratégia da estatal. De acordo com o executivo, a situação mudou em 2008, com a crise econômica e mudanças no mercado, mas hoje o cenário volta a ser positivo e a refinaria volta a ser "potencialmente muito lucrativa".
"Portanto, era um negócio que era bom, passou momentos ruins e agora, de novo, voltou a ser um bom negócio, como todos os negócios", salientou. Gabrielli também mencionou o reconhecimento da unidade no mercado norte-americano. "Pasadena foi premiada nos Estados Unidos como a melhor refinaria dos Estados Unidos em segurança do trabalho, em condições ambientais. Foi premiada pelos refinadores americanos, a associação de refinadores e de petroquímicos dos Estados Unidos", disse.
Decisões
Durante as considerações iniciais, Gabrielli explicou que as decisões numa empresa de petróleo se dão em longo prazo. "O tempo médio entre uma descoberta e o primeiro óleo é em torno de sete anos. Uma refinaria leva de seis a sete anos para ser construída". No entanto, os preços do petróleo e dos derivados variam todos os dias. "Portanto, as suas decisões em qualquer negócio da área do petróleo são decisões que se referem à sua visão do que está acontecendo naquele momento, antecipando quais são as probabilidades do que acontecerá no futuro", frisou.
O ex-presidente da Petrobras também explicou que o Conselho de Administração toma decisões estratégicas e não operacionais. Segundo ele, o CA não tem a responsabilidade de entrar nos detalhes de cada negócio, visto a quantidade de projetos que são analisados. Ele também disse que nem a Diretoria Executiva tem condições de detalhar todos os projetos e, por isso, grupos executivos consideram todas as questões operacionais. "A Petrobras, por exemplo, tem um Grupo Executivo, chamado G1, que é um grupo que trabalha e toma as decisões a nível de Gerências Executivas e Gerências Gerais da Petrobras. Esse é um grupo que tem 450 gerentes. Esses, sim, é que entram em questões operacionais e, portanto, têm uma estrutura complexa de tomada de decisões", explicou.
Gabrielli explicou ainda que as decisões não são individuais. "É o resultado de um conjunto de ações do conjunto da empresa, avaliando as incertezas de longo prazo e de curto prazo. Assim foram as decisões de Pasadena", destacou.
Crise
No encerramento das considerações, Gabrielli saiu em defesa da estatal e disse que ela não pode ser considerada uma empresa em crise ou à beira da falência. Segundo ele, a Petrobras hoje tem 21 bilhões de barris de reserva e vale, no mercado, US$90 bilhões. "Então, essa empresa, com esse potencial, não pode ser considerada uma empresa que está em crise, não pode ser considerada uma empresa que está mal gerida, nem pode ser considerada uma empresa que está à beira de falência. Isso é campanha de oposição. Isso é luta política", sustentou.