Humberto nega envolvimento com desvios na Petrobras

Senador petista disse estar vítima de uma “profunda injustiça em processo no qual não tem a ver”. Para ele, peça jurídica da PGR é "frágil e cheia de incoerências"

por Dulce Mesquita seg, 09/03/2015 - 16:39
Marcos Oliveira/Agência Senado Humberto defende-se em pronunciamento no Senado Marcos Oliveira/Agência Senado

Incluso na lista de parlamentares que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento com desvio de dinheiro da Petrobras, o senador Humberto Costa (PT-PT) negou as acusações e disse estar vítima de uma “profunda injustiça em processo no qual não tem a ver”. “Jamais os mandatos que exerci e os cargos que ocupei foram desonrados por comportamentos incompatíveis com a retidão pela qual sempre pautei o exercício da minha atividade política”, frisou ele, durante pronunciamento no Senado.

Costa acusou a imprensa de divulgar a abertura de inquérito como se fosse uma condenação. “Estou sendo exposto ao espancamento público e ao tribunal da culpa prévia”.

O petista disse também que a peça jurídica entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF é baseada em elementos frágeis e não sustenta as acusações por conterem, inclusive, contradições entre os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. “Paulo Roberto diz que determinou a Alberto Yousseff que ele disponibilizasse recursos para a minha campanha, mas não sabe se Youssef fez. Já Youssef diz que isso nunca lhe chegou, que nada dessa natureza passou por ele, que foi um engano de Paulo Roberto”, frisou.

Humberto também citou referências, no processo, de que ele teria usado o cargo no Senado, em 2010, para pressionar Paulo Roberto a fazer a transferência de recursos para a campanha. “Na época eu era apenas um candidato para tentar uma vaga para este Senado. Como é que a PGR diz, no pedido que fundamenta a abertura de inquérito, que essa suposta doação tinha estreita relação com o cargo ocupado por mim de senador da República e líder do PT no Senado? Em 2010, eu nem mandato eletivo tinha”, disse.

Para o parlamentar, o pedido de abertura de inquérito foi fruto da pressão imposta pela mídia sobre a PGR para que os nomes dos envolvidos com o suposto desvio de dinheiro fossem apresentados. “No meio desse espetáculo de incoerências e contradições, de conflitos gritantes entre os depoimentos dos dois réus que fulminam completamente essa informação de doação de recursos, parece inconcebível que alguém tenha encontrado elementos para a abertura de inquérito”, salientou.

Ele admitiu já ter tido encontros com o então diretor de Abastecimento da Petrobras, junto a outras autoridades de Pernambuco, mas apenas para tratar de questões de interesse do Estados. “Todos estávamos envolvidos nos esforços para a instalação da Refinaria Abreu e Lima, do polo petroquímico, da fábrica de PET, obras de imensa envergadura para o Estado”, justificou. “Jamais houve qualquer relação minha com o senhor Paulo Roberto que não fosse pública e institucional”, pontuou. Ele também disse não conhecer Alberto Youssef.

O senador disse ainda que respeita o trabalho de Rodrigo Janot, mas pediu que ele apressasse esse inquérito. “Faça com que ele ande nesses 30 dias que Vossa Excelência deu, para que em 30 dias eu possa dizer ao povo brasileiro e ao povo do meu estado que fui inocentado”. Humberto frisou que irá acompanhar o processo e que será inocentado novamente como ocorreu na Operação Vampiro. “Pela segunda vez na minha história, sou submetido à tortura pública de responder por algo alheio aos meus atos. De 2006 a 2010, fui submetido a todo tipo de linchamento moral e acusações torpes, minha honra foi atacada, macularam minha vida pública para, ao final, o mesmo MP que havia me denunciado pedir a Justiça Federal a minha absolvição”, finalizou.

Ao final do discurso, o também senador Pernambuco Fernando Bezerra Coelho (PSB) manifestou apoio e confiança na inocência de Humberto Costa. “Vossa Excelência tem a trajetória reta, limpa. Tenho certeza de que, ao final dessas investigações, Vossa Excelência vai provar a sua seriedade, seu correção, sua probidade, com a qual Vossa Excelência abraça as causas justas pelo povo de Pernambuco e do Brasil”.

 

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