Marina diz que omissão de Dilma ampliou efeitos da crise
Cumprindo agenda no Recife, a ex-senadora cravou a baixa credibilidade do governo e observou que, por isso, as medidas do ajuste fiscal se tornaram um “remédio amargoso”
De passagem pelo Recife, nesta terça-feira (26), a ex-senadora Marina Silva (PSB) avaliou os ajustes ficais como necessários, mas pontuou que a forma como o Governo Federal está aplicando a reorganização dos assuntos econômicos leva a sociedade a “pagar um preço muito alto”. Na avaliação de Marina, o primeiro pecado da presidente Dilma Rousseff (PT) com relação às medidas foi a omissão sobre a crise em 2014.
“Quando era para reconhecer a crise não se reconheceu, ganhou uma eleição dizendo que estava tudo uma maravilha e quem fazia qualquer alerta era chamado de pessimista”, cravou a ambientalista. “Da forma como estão sendo feitos, eles (os ajustes) estão sendo bem mais fortes do que seriam se tivéssemos uma mudança de governo e alguém com mais credibilidade”, disparou acrescentando.
Sob a ótica de Marina, a baixa credibilidade de Dilma transformou os ajustes em um “remédio amargoso”. “O preço mais alto está sendo pago por aqueles que menos deveriam estar sendo prejudicados, que são os trabalhadores. No momento em que a gente tem inflação e juros altos é a sociedade que paga o maior preço. E o governo não está se dispondo a fazer o mesmo. Mantêm ministérios, mantêm mais de 20 mil cargos comissionados, aumenta o recurso do fundo partidário e corta R$7 bilhões da educação”, frisou a ex-senadora.
As medidas que versam sobre o ajuste fiscal estão gerando discussões fortes no Congresso Nacional. Essa quebra de braço entre o Legislativo e o Executivo foi observada por Marina como “fruto de uma governabilidade esgotada”. “Essa queda de braço é fruto de um esgotamento do presidencialismo de coalizão que hoje é de confusão mesmo. Nós temos uma situação em que a sociedade paga um preço alto em função mesmo que muita gente está instrumentalizando a crise”, analisou.
De acordo com a ambientalista, o momento atual não é para pensar eleição e muito menos recuperar credibilidades, mas para se preocupar com a população. “Neste momento ninguém deve estar preocupado com a eleição, mas com a população. Não é fazer as coisas pensando em recuperar a popularidade. É fazer o que é necessário para evitar prejuízo de desemprego, da inflação, do baixo crescimento e fechamento de postos de trabalho que prejudica a sociedade”, argumentou.
Marina está no Recife desde essa segunda-feira (25). Na manhã desta terça, ela participou da cerimônia de assinatura de um projeto de Lei que institui o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais. A matéria, que segue para a Assembleia Legislativa, consiste em disponibilizar um incentivo financeiro às empresas que mantiverem áreas de preservação ambiental. Antes disso, a ex-senadora se reuniu a portas fechadas com o governador Paulo Câmara (PSB). Na ocasião, eles conversaram sobre a conjuntura nacional e das ações do governo na área de sustentabilidade.
“Falamos principalmente das ações que o governo está tentando dar continuidade mesmo no momento de crise que está atravessando. O governador tem consciência que há uma crise grave prejudicando todas as unidades da federação, mas ele diz que tem compromisso de honrar o plano de governo e fazer de Pernambuco um estado que vai priorizar a questão da sustentabilidade", revelou Marina. “Fomos companheiros de jornada em 2014 e foi uma satisfação recebê-la hoje aqui. Discutimos um pouco do Brasil e de Pernambuco", acrescentou Câmara.