As medidas têm um peso negativo, admite líder do PT
Para o senador Humberto Costa será necessário que o governo amplie o diálogo com o Congresso Nacional para que as matérias sejam aprovadas
O líder do PT no Senado, Humberto Costa, admitiu, nesta terça-feira (15), que as medidas anunciadas pelo Governo Federal para tentar reequilibrar as contas públicas “têm um peso negativo”. Para o senador, a presidente Dilma Rousseff (PT) deverá, a partir de agora, ampliar ainda mais o diálogo com a base e reforçar a necessidade dos cortes e da retomada da CPMF para garantir o fechamento das contas, já que a maioria das medidas adotadas deve passar pelo crivo do Legislativo.
“Claro que essas medidas têm um peso negativo. Ninguém gostaria que tivesse corte de investimentos ou aumento de impostos. Porém, a iniciativa é necessária. Em suma, o Governo vai ter de fazer grande movimento de diálogo com o Congresso e as entidades da sociedade se quiser aprovar essas medidas”, observou.
Nessa segunda-feira, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram um pacote de medidas com o objetivo de reverter o quadro econômico do país que inclui cortes de R$ 26 bilhões nas despesas previstas do Orçamento de 2016 e aumento de receitas que totalizam R$ 40,2 bilhões. A recriação da CPMF e o possível aumento dos impostos fazem parte das ideias.
Na visão do petista, que vai se reunir nesta tarde com a presidente no Palácio do Planalto, os senadores e deputados precisam reconhecer, agora, que é preciso gerar novas fontes de recursos. “Se o Congresso entender que essas medidas não são adequadas, ele tem de produzir outras que levem ao mesmo efeito. Se não é uma nova CPMF, o que é que será no seu lugar para buscar o equilíbrio fiscal?”, questiona o senador. “Os parlamentares foram chamados à responsabilidade. É preciso, antes de tudo, reconhecer que o Governo está fazendo o esforço nas suas próprias contas como muitos pediam”, acrescentou.
Reajuste salarial
Humberto também acredita que muitos temas terão grandes embates no Congresso, como a ideia de postergar o reajuste dos servidores públicos para agosto de 2016. De acordo com o senador, esse é um assunto delicado para o PT tratar, principalmente porque várias categorias do funcionalismo estavam em negociação salarial com o Governo.
“Precisamos ter uma discussão e um entendimento para se chegar a um acordo com os servidores. O problema não é apenas a pressão que o Governo vai sofrer. Na verdade, esses segmentos estão negociando e tinham a expectativa de ter ao menos uma reposição da inflação futura”, ressalta.
Para ele a suspensão temporária dos reajustes pode até ser feita no atual momento, desde que seja objeto de entendimento com os setores envolvidos.