Oposição e Simepe denunciam "colapso" na saúde em PE

De acordo com um levantamento feito pela entidade, pelo menos cinco UTIs foram fechadas nos hospitais pernambucanos

por Giselly Santos qua, 16/09/2015 - 12:47

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa (Alepe) denunciou que a saúde pública estadual está vivendo um “colapso” após os cortes do Governo de Pernambuco. Baseado em um levantamento realizado pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), o líder do colegiado, deputado Silvio Costa Filho (PTB), afirmou que “60% das cirurgias eletivas estão sendo suspensas por falta de fios, materiais cirúrgicos e antibióticos”. 

“Isso reforça a necessidade urgente de se encontrar saída para a área de saúde. Diante desse quadro, não dá para apenas repassar as responsabilidades para o Governo Federal. Devemos evitar esse debate inócuo e procurar alternativas. Se é pra se corta verba, que se corte de uma obra, que pode esperar mais um ano, e não de uma cirurgia ou do atendimento à população”, criticou.

Embora o Governo do Estado atribua a crise na saúde do Estado ao corte nos repasses da União, o presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, afirmou que não está claro se essa situação se deve, de fato, aos cortes do Governo Federal ou ao Governo do Estado. Lobo cita como exemplo o Hospital Regional de Palmares, que atrasou o pagamento aos profissionais de saúde embora os repasses da União estejam sendo feitos. “Nesse caso, o problema é a falta de repasse do Estado ao gestor do hospital, o Hospital Maria Lucinda. Quando foi para inaugurar, não faltou quem quisesse assumir a paternidade das obras. Agora, que faltam recursos, a culpa é sempre do outro”, comparou.

Para o deputado Edilson Silva (PSOL), o que o relatório do Simepe deixa claro é que “falta gestão política” ao Governo do Estado. Área em que, segundo ele, o governador Paulo Câmara “já demonstrou ser completamente inábil”. “Temos exemplos de problemas em várias áreas, mas quando falamos na saúde a situação é sempre mais preocupante”, reforçou.

Os dados apresentados pelo Simepe revelam ainda demissões de médicos nas UPAs da Imbiribeira e do Cabo, além de expectativa de futuras demissões nas unidades do Torrões e Sotave, em Jaboatão. As restrições financeiras também resultaram no fechamento das pediatrias das UPAs do Cabo, Imbiribeira, Jaboatão, Olinda e Torrões.

O estudo também revela o fechamento de diversas UTIs nos hospitais pernambucanos, a exemplo da UTI 2 do Hospital Getúlio Vargas; UTI Coronariana do Hospital Agamenon Magalhães; UTI 3 do Hospital Metropolitano Miguel Arraes; além de dez leitos de UTI adulta no Hospital Barão de Lucena. Vale lembrar que estes hospitais atendem à população não só do Recife e Região Metropolitana, mas também de todo o interior do Estado.

Outro lado

O líder do governo na Alepe, deputado Waldemar Borges (PSB), saiu em defesa da gestão socialista e disse desconhecer o relatório da saúde estadual. No entanto, para ele, se vem de entidade médica, o documento “não pode mostrar apenas a doença e não dar seu diagnóstico e apontar caminhos para a sua superação”. 

“Não conheço esse relatório, conheço, no entanto, alguns dos que fazem parte desta entidade e não tenho nenhuma razão para por em dúvida  as informações levantadas. Sei que são pessoas sérias. Sabemos, por outro lado, que é um quadro complexo e difícil. Agora, se a entidade limitou-se apenas a analisar a ‘ponta do iceberg’, o problema na sua consequência, na sua  forma final, dramática, eles vão me permitir dizer que estão cometendo  um erro, uma injustiça, inclusive uma contradição à própria profissão do médico, que não pode se limitar a atestar a doença sem  procurar diagnosticá-lá, até para saber corretamente onde está a solução verdadeira para o problema”, cravou.

Borges apresentou dados sobre a saúde estadual e reafirmou que muitas ações deixaram de ser concretizadas após o corte adicinal de R$ 3,8 bilhões na saúde feito pela União. “Quero crer que essas entidades devem também  ter  feito um diagnóstico  das razões porque estamos nessa situação. Isso, no dia em que o Governo Federal impõe mais limitações ao gasto com saúde num país onde a Federação fica com o grosso do dinheiro do contribuinte, é fácil de identificar: o ataque maior vem de Brasília", concluiu.

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