Impeachment é um crime contra a democracia, avalia Dilma

Presidente reforçou que não pretende renunciar ao cargo e disse que jamais imaginou ter que lutar novamente pela democracia como fez na época da Ditadura Militar

por Giselly Santos ter, 22/03/2016 - 15:42

Reunida com juristas de todo o país em Brasília, a presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta terça-feira (22), que "não haverá golpe no Brasil". Durante um discurso incisivo, a petista reafirmou que não pretende renunciar ao cargo e afirmou que não cometeu nenhum crime previsto na Constituição que possa dar base legal ao processo de impeachment em curso na Câmara dos Deputados. 

Segundo Dilma, o crime de responsabilidade deve estar claramente demonstrado e sem ser nessas condições, “o afastamento torna-se, ele próprio, um crime contra a democracia”. Para Dilma há uma “ruptura institucional sendo forjada nos porões da baixa política e que precisa ser combatida” e lembrando ter sido vítima da Ditadura Militar, a presidente declarou que vai lutar "para, em plena democracia, não ser vítima de novo".

"Jamais imaginei que voltaríamos a viver um momento em que se fizesse necessário mobilizar a sociedade em torno de uma nova campanha da legalidade como estamos fazendo hoje nesse encontro. (...) Mas que fique claro: me sobra energia, disposição e respeito à democracia para fazer o enfrentamento necessário”, observou.

"O que está em curso é um golpe contra democracia. Eu jamais renunciarei. Aqueles que pedem minha renúncia mostram fragilidade na sua convicção sobre o processo de impeachment, porque, sobretudo, tentam ocultar justamente esse golpe contra a democracia, e eu não compactuarei com isso. Por isso, não renuncio em hipótese alguma", acrescentou.

Durante o encontro, além das críticas ao impeachment e dos argumentos pela falta de legalidade, a postura do juiz Sérgio Moro diante da condução da Operação Lava Jato na 1ª instância também foi citada inúmeras vezes pelos juristas. A presidente, por sua vez, não mencionou o nome do magistrado, mas disse que a democracia é afrontada e ameaçada quando o encarregado de executar a justiça opta por descumprir as leis e a Constituição.

“O executor da justiça não pode assumir como meta condenar adversários, ao invés de fazer justiça. Não pode também abdicar da imparcialidade. É ela que garante que todos somos iguais perante a lei. Não pode se transformar em militante partidário. Pode ter suas convicções, mas essas convicções partidárias não podem iluminar suas decisões”, criticou.

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