PMDB de PE ratifica postura opositora ao governo Dilma
Dirigentes da legenda no estado, Raul Henry e Jarbas Vasconcelos acreditam que agora é o momento do vice-presidente Michel Temer iniciar a preparação para assumir o governo em caso de impeachment
O PMDB sacramenta, na tarde nesta terça-feira (29), o desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Conhecido por ser o partido mais heterogêneo, desta vez a maioria dos diretórios estaduais devem referendar o desembarque. Opositor ferrenho ao PT, o diretório peemedebista de Pernambuco vai ratificar a postura já adotada que é a defesa do impeachment e a entrega dos mais de 600 cargos ocupados pelo partido na gestão federal.
Avaliando o cenário nacional, o presidente da sigla no estado e vice-governador, Raul Henry, prevê que hoje 80% do PMDB deseja o rompimento com o governo. “Como o partido é muito heterogêneo, já que em cada estado do Brasil há um perfil diferente, é possível que a minoria, sobretudo aqueles que estão ocupando os sete ministérios, queira continuar apoiando a presidente. Mas, a maioria absoluta do partido, incluindo o PMDB de Pernambuco, entende, sim, que o governo acabou, uma vez que Dilma Rousseff não lidera mais o Congresso Nacional e não tem a confiança da sociedade brasileira”, observou.
Dona da maior bancada no Congresso Nacional, a legenda era considerada a principal aliada da petista até o início do segundo mandato, em 2015, quando a crise política nacional começou a gerar imbróglios mais intensos entre os dois partidos.
O cenário agravou-se ainda mais com o silêncio do presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, diante do pedido de impeachment da presidente, endossado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Outro agravante é o discurso de que a legenda deverá ter candidato à presidência em 2018.
Membro da ala dos peemedebistas opositores ao PT, o deputado federal Jarbas Vasconcelos pontuou recentemente que Michel Temer deve iniciar agora um processo de preparação para 2018 e para assumir o governo, caso o processo de impeachment da petista tenha sucesso.
“O impeachment vai dar Temer. Quando vai ser isso? Daqui a 30 e 40 dias. Ele tem que se recolher agora e conversar dentro do PMDB”, cravou. “Ele [Temer] tem uma travessia longa. Maior do que a de Itamar Franco. Ele tem que fazer parcerias com pessoas boas [como Henrique Meireles]. A gente tem que conversar. Não podemos ser pegos de calças curtas. Vamos trabalhar para entregar os cargos [no governo]”, acrescentou.
Tanto Jarbas quanto Henry participam da votação que definirá a postura da legenda.
Crítica petista
Avaliando a debandada do PMDB, que já iniciou antes da reunião com a entrega do cargo do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, o líder do governo no Senado, Humberto Costa, avaliou como "oportunista" o desembarque da legenda de uma gestão que integra desde 2010. Para Humberto, seria um ato de ignorância sem tamanho, um suicídio político que pode jogar o país no caos da instabilidade jurídica e institucional.
“Essa convenção é algo impensável em qualquer sistema presidencialista sério do mundo. Não quero aqui imaginar que – em desapreço ao papel constitucional que exerce e ao papel institucional que tem como presidente do PMDB – o vice-presidente da República Michel Temer conspurque a própria biografia em uma conspiração para destruir a chapa pela qual se elegeu, ao trabalhar para derrubar a sua titular”, alfinetou.