IPMN: políticos não têm a cara do povo brasileiro
64,4% dos recifenses entrevistados pontuaram que a classe não os representa
O descrédito da classe política diante da população tem vindo à tona com os escândalos de corrupção que envolvem nomes de relevância nacional e local. No Recife, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) aferiu “o voto e a corrupção à luz do eleitor” e constatou que o recifense não considera os membros do Legislativo e do Executivo com a “cara do povo brasileiro”. De acordo com o levantamento, divulgado neste sábado (7), 64,4% dos entrevistados afirmam que os políticos não se assemelham a população; 29,5% disseram que sim e 6,1% não souberam responder.
Dados da pesquisa, encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, revelam também que 94,5% dos que residem na capital pernambucana não votam em candidatos acusados de corrupção, enquanto 2,9% reconheceram que sim e 2,6% não souberam responder. Indagados se o voto melhora a classe política, 57,3% pontuaram acreditar que sim; 32,1% não; e 10,6% não responderam. Já se escolheriam um candidato atendendo ao pedido de terceiros, 75,9% disseram não; 17,7% sim; e 6,4% não sabiam como procederiam neste caso.
A postura dos entrevistados, de acordo com o coordenador da amostra e cientista político Adriano Oliveira, é reflexo de uma construção crítica da postura do cidadão. “Os números são resultado de um processo histórico de formação de opinião. Tem a ver com a crise, mas não apenas isso. O eleitor tem uma opinião própria em relação ao seu voto, reconhece que tem o poder de melhorar a classe política, mas não acredita, em sua maioria, de que os eleitos são a cara do povo”, ponderou.
Em contrapartida, segundo Oliveira, há uma contradição na postura dos entrevistados ao apontarem que não votam em candidatos acusados de corrupção. “Apesar da consciência construída, vale destacar esta contradição. O eleitor diz que não vota em corruptos, mas você tem cerca de 300 parlamentares no Congresso Nacional acusados de atos ilícitos”, frisou o estudioso.
Dados do levantamento - A pesquisa do IPMN ouviu 623 pessoas no Recife, nos dias 3 e 4 de maio. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos.