Dilma: 'não autorizei pagamento de caixa 2 para ninguém'
Presidente afastada afirmou, nesta sexta-feira (22), que as declarações de João Santana confirmando o 'caixa 2' na campanha não a preocupam
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) negou, nesta sexta-feira (22), ter autorizado o pagamento de “caixa 2” para o marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura, responsáveis pela campanha presidencial de 2010 e 2014. Em depoimento a Lava Jato, Santana disse que o pagamento de US$ 4,5 milhões feito pelo engenheiro Zwi Skornick em contas dele na Suíça foram provenientes de “caixa 2”.
“Não autorizei pagamento de ‘caixa 2’ para ninguém. Sempre paguei a ele o correto pelos seus serviços. Se houve pagamento de ‘caixa 2’ não foi com o meu conhecimento”, salientou a petista, em entrevista a uma emissora de rádio pernambucana.
Santana disse, em depoimento, que não teria confirmado até agora a irregularidade para não prejudicar a petista, que responde a um processo de impeachment em análise no Senado Federal. “Isso não me preocupa”, complementou Dilma.
Impeachment
Indagada sobre qual reação teria caso o julgamento dos senadores for desfavorável a ela, Dilma pontuou que sairá da Presidência, mas vai continuar lutando pela democracia. “Eu sairei da Presidência, agora continuarei lutando pela democracia e por todos os direitos que eu acho que todo brasileiro tenha que ter. Normalmente, me recuso a dizer o 'e se' e hoje respondi. Mas continuo lutando contra o golpe”, disse, acrescentando que a realidade “dá forças”.
Sob a ótica da petista, o processo que responde é um “não-crime”. “O processo só se completa de dois terços dos senadores votarem a favor do impeachment. É uma questão política importante para nós. Esse impeachment já mostrou que era um não-crime, pois não há base para este processo. E não há base porque não há dolo e nem autoria. Sem isso não há crime”, argumentou. “O MPF pediu o arquivamento do processo por falta de base para ele. A constituição é clara. Não havendo crime de responsabilidade trata-se de uma ruptura constitucional”, acrescentou.
Apesar dos rumores, Dilma Rousseff garantiu que não está fazendo a mudança para Porta Alegre, onde reside a família dela. “Não estou de mudança. O que eu tenho está aqui no Palácio da Alvorada. Tenho muita pouca coisa lá em Porto Alegre. Tenho bastante contêineres para carregar em janeiro de 2019”, disse.
A presidente afastada se negou a dizer como pretende direcionar a vida pública caso o impeachment seja confirmado. “Fui eleita por 54 milhões de votos. Não é um capricho. É base da democracia que se respeite os votos. Tem haver com o meu mandato e a defesa da democracia no Brasil. O ‘e se não existe’”, cravou.
Já sobre como pretende reverter os votos dos seis ou sete senadores necessários para não sofrer a destituição do mandato, a petista destacou que o fará “na base do diálogo”. “Tenho conversado bastante com senadores... O único instrumento básico é o diálogo, o debate, a discussão, a crítica. São coisas que nós vamos desenvolvendo e colocando na rota da defesa da democracia e isso serve para os senadores e a população”, salientou. “Acredito que este processo que estamos vivendo... Muitos dizem que não há golpe de estado porque não há golpe militar. Esses que falam isso tentam criar uma confusão. O golpe pode ser militar e parlamentar. No golpe parlamentar você tira o governo, mas não derruba a democracia, mas contamina com parasitas e fungos. O oxigênio da democracia para matar os parasitas é o diálogo”, completou.