Gleise: “Querem mandar a mulher de volta para a cozinha”

“É assombrosa essa tendência de recuar, de voltar no tempo, de não aceitar qualquer avanço”, disse a senadora Gleise Hoffmann

por Taciana Carvalho ter, 30/08/2016 - 18:43
Moreira Mariz/Agência Senado Moreira Mariz/Agência Senado

Em defesa de Dilma Rousseff (PT), no final da tarde desta terça (30), no Senado Federal, a senadora Gleise Hoffmann (PT) utilizou um discurso de que os sentimentos machistas afloram e endossam o coro contra a presidente afastada. “Dilma, uma mulher, sem marido, e a primeira presidente mulher eleita. Mesmo que não confessem, isso incomoda muita gente. Querem mandar a mulher de volta para casa, de preferência, para a cozinha com a pauta midiática da mulher bela, recatada e do lar”, disparou.

A senadora continuou. “Ao longo das sessões, todas as teses de que há crimes foram pulverizadas, as mesmas argumentações foram repetidas mil vezes. Falas, às vezes, agressivas e irônicas. Não teria sido diferente, ao invés, de julgar uma mulher fosse aqui julgado um presidente? Sou tentada a dizer que sim. Será o maior desastre se o interino se transformar em efetivo. É assombrosa essa tendência de recuar, de voltar no tempo, de não aceitar qualquer avanço”, acrescentou.

Ela também usou seu tempo no plenário para exalar as trajetórias de Dilma e do ex-presidente Lula. “Minha indignação com este momento pífio do parlamento brasileiro. Quis o destino que a primeira presidente fosse uma mulher com a história de vida de Dilma, que chegou ao poder após um retirante que, com todas as probabilidades, ascendeu até a presidência”, declarou Gleise, em referência a Lula.

“Dilma também não veio da política tradicional, do berço dos trinta e quatro presidentes que antecederam Lula. O nordestino marcado para morrer substituído pela mulher marcada para morrer. Ambos, ainda que torturados, venceram a morte. Dilma, presa em 1970, nada garantia a sua vida. Eles tiraram da miséria milhares de pessoas. Inacreditável um país tão rico como o nosso, até outro dia, terem brasileiro que morriam de fome. Eu desafio os senhores a dizer, em qual outro momento, a miséria foi enfrentadas como nos governos de Dilma e de Lula? Aqui estão as raízes da poderosa campanha desencadeada contra eles”, declarou 

Homffmann ainda declarou que o processo de impeachment terá um preço. “Os golpistas tentam burlar da opinião pública. Nada se compara com a mídia brasileira produz, nos dias de hoje, em termo de distorções de opiniões. Isso terá um preço porque essa ditadura dos meios de comunicação não dura para sempre. Podem até passar momentaneamente, mas estão com os dias contados. O povo não vai voltar ao chicote”, advertiu a senadora.

 

 

 

 

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