Presidente maquiou as contas públicas, reforça acusação

A advogada Janaína Paschoal rechaçou que haja uma conspiração para tirar Dilma do poder. Para ela, presidente não poder protegida por ser mulher

por Dulce Mesquita ter, 30/08/2016 - 11:45 Atualizado em: ter, 30/08/2016 - 12:01
Geraldo Magela/Agência Senado Advogada Janaína Paschoal integra a acusação que elaborou a denúncia que deu início ao processo de impeachment Geraldo Magela/Agência Senado

 

Ao iniciar a fala da acusação na fase final do julgamento do processo de impeachment, a advogada Janaína Paschoal acusou, novamente, a presidente afastada Dilma Rousseff de “maquiar as contas públicas”. Ela dividiu o tempo da acusação com o jusrista Miguel Reale Junior, que ainda vai se pronunciar.

“Quero dizer aqui que esse processo é do povo. Reitero que, ao trazer esse pleito de afastamento para o Congresso Nacional, estou reforçando a confiança nesta Casa”, disse ela, diante do plenário cheio de senadores. “O processo é triste, no entanto tem um lado muito positivo. É um remédio constitucional que precisamos recorrer quando a situação se revela grave. Espero que não precisemos voltar a lançar mão dele no futuro”.

“Foi Deus que fez com que várias pessoas, ao mesmo tempo, cada uma com sua competência, percebessem o que estava acontecendo ao nosso país e conferissem a coragem para se levantarem e fazerem alguma coisa a respeito”, declarou.

Ela negou que a acusação esteja agindo com misoginia, como chegou a dizer a defesa. “Ninguém pode ser perseguido por ser mulher. Mas também ninguém pode ser protegido por ser mulher. Fosse o presidente da República um homem, eu pediria o impedimento do mesmo jeito. Não seria justo que eu assim não procedesse pelo fato de ser mulher”, declarou.

A advogada também rechaçou que haja uma conspiração para tirar Dilma do poder. "Ontem eu fiquei surpresa com a acusação de que teria um complô. Chegou-se ao absurdo de dizer que o [ex-]presidente da Câmara [Eduardo Cunha] teria redigido a denúncia", disse. “Nada do que é ilegal e que é ilegítimo está sendo feito neste processo”, disse ela.

Ela lembrou, inclusive, que a denúncia foi reduzida por Cunha. “A denúncia foi alterada. A que oferecemos tinha três pilares: a omissão da presidente diante do escândalo do petrolão, as pedaladas fiscais e os decretos editados em desconformidade com a meta de superávit primário vigente. Nossa denuncia tinha três pilares e alcançava fatos entre 2013 e 2015”, afirmou.

“Não estamos tratando aqui apenas de questões contábeis. O povo brasileiro foi vítima de uma fraude. Nós fomos enganados. Foi uma grande fraude o que a presidente fez ao assinar decretos de crédito suplementar sem autorização das Vossas Excelências e ao atrasar os pagamentos ao Banco do Brasil, algo que ela não faria com um banco privado, porque não se submeteria a isso”.

A advogada também não poupou críticas ao partido da presidente afastada. “Tudo isso aconteceu para ver o modo PT de ser: da enganação, que nega os fatos, que nega a realidade”, disparou.

No final das considerações, Janaína Paschoal conclamou os senadores a votarem com consciência. “O que nos carecemos é de transparência. Queremos líderes que olhem nos nossos olhos. Conto com Vossas Excelências para garantirmos um Brasil mais translúcido para as nossas crianças”, frisou. “Emocionada ela pediu desculpas a Dilma. “Espero que um dia ela entenda que estou fazendo isso pelo meu país. Espero que um dia ela entenda que estou fazendo isso pelos próprios netos dela”, declarou.

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