Excluídos enterram democracia e pedem fora Temer no Recife

Manifestação levou cerca de 20 mil pessoas as ruas da capital pernambucana para endossar a tese de que o impeachment foi um golpe e pedir novas eleições gerais

por Giselly Santos qua, 07/09/2016 - 15:26

O Sete de Setembro no Recife foi além das comemorações cívico-militares e levou milhares de pessoas as ruas para a 22ª edição do Grito dos Excluídos. O ato, neste ano, unificou o lema principal em crítica ao capitalismo – "Este Sistema é Insuportável: Exclui, Degrada, Mata" – ao pedido da saída do presidente Michel Temer (PMDB) do poder e a manutenção dos direitos da classe trabalhadora. De acordo com a organização, cerca de 20 mil pessoas participaram da mobilização. A Polícia Militar, que acompanhou todo o ato, não divulgou estimativa. 

O Grito, organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara com 22 entidades sociais e religiosas, iniciou a concentração na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, por volta das 9h e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista às 10h50. Com dois trios elétricos, bandas de movimentos sociais e batuques de alfaias o ato seguiu pacificamente até a Praça da Independência, na Avenida Dantas Barreto. 

Vestidos predominantemente de vermelho, os militantes erguiam cartazes que pediam, entre outras coisas, “fora Temer”, “nenhum direito a menos”, “respeito à democracia”, “fim das privatizações" e "contra o machismo”. Outros ainda classificavam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como “golpe” e expunham a imagem dos parlamentares que votaram pela destituição do mandato da petista com a taxação de “golpistas”. 

"Nós consideramos que não há impeachment, há golpe. E vamos combatê-lo nas ruas. É um governo que só espera um momento para acabar com a classe trabalhadora. Não vemos perspectiva de melhora com o governo Temer. Ao contrário, vamos perder direitos sociais", salientou a representante do Fórum, Sandra Gomes. 

Das janelas dos prédios na avenida muitas pessoas se manifestavam contra ou a favor do ato. Em algumas delas, foram expostas bandeiras vermelhas. Já em outras, cartazes improvisados acusavam os manifestantes de “vitimistas” e pedia o “fim do PT”. 

Eleições Gerais

Além do Fórum, integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento Sem Terra (MST), do Levante Popular, da Frente Povo Sem Medo, do bloco carnavalesco "Eu Acho É Pouco" e de partidos como o PT e o PSOL também endossaram a manifestação. Estes setores clamavam ainda por outra pauta comum: novas eleições gerais. De acordo com os grupos, esta é a melhor maneira de restabelecer a democracia. 

“A solução é irmos novamente as urnas eleger, de forma democrática, uma presidenta ou presidente. Não podemos é deixar o poder nas mãos deste usurpador de direitos”, defendeu o líder do MST em Pernambuco, Jayme Amorim. 

Corroborando com Amorim, o presidente da CUT-PE, Carlos Veras (PT), disse que “não há independência a partir de um golpe”. “Vamos construir a greve geral, vai ter paralisação nacional no dia 22 de setembro, pois precisamos pressionar o Congresso Nacional a aprovar novas eleições", declarou.

Enterro da democracia

Antes da dispersão, que iniciou por volta das 13h20, os manifestantes também fizeram um enterro simbólico da democracia. O caixão que abria a mobilização, sendo levado por pessoas vestidas de preto, foi queimado e as cinzas expostas à população como o fim do regime democrático de direito. “Hoje sentimos uma mistura de alegria e dor. Este é o nosso estado de espírito. Mataram a democracia com o impeachment da presidente”, observou o Frei Luiz. 

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