No Recife, Jair Bolsonaro diz que é perseguido na Câmara

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), cogitado para concorrer à presidência da República, em 2018, disse que não reclama das “perseguições” e que pode até ganhar com isso

por Taciana Carvalho qui, 10/11/2016 - 18:23
Brenda Alcântara/LeiaJáImagens Durante coletiva de imprensa, Bolsonaro voltou a polemizar falando sobre temas como violência, segmento LGBT e sua possível candidatura à presidência, em 2018 Brenda Alcântara/LeiaJáImagens

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) desembarcou, no Recife, na tarde desta quinta-feira (10), para participar de uma reunião com a Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE) e, no final de semana, em Ipojuca. Após o encontro, durante coletiva de imprensa, Bolsonaro voltou a polemizar falando sobre temas como violência, segmento LGBT e sua possível candidatura à presidência, em 2018. “Não estou preocupado com voto. O político que se preocupa com voto se nivela por baixo”, disparou.

Nessa quarta (9), Bolsonaro foi absolvido de processo que respondia por fazer “apologia ao crime de tortura”, ao ter homenageado, durante a votação de impeachment de Dilma Rousseff, o torturador Brilhante Ustra. No entanto, continua réu “por incitação ao estupro e injúria” por ter declarado, em 2014, que “não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT) porque ela não merecia”. Questionado sobre o assunto, ele se diz perseguido. 

“Essas perseguições que eu sofro com ação no Supremo e por mais de 30 processos de cassação, ao longo da minha vida, são protocolados pelas mesmas pessoas e mesmos partidos, o tempo todo. A maioria dos processos que eu respondi foi por ocupar a Tribuna da Câmara e, nós, temos imunidade parlamentar para isso, para poder trabalhar. É a mesma coisa de tirar a caneta de você, você não será uma repórter. Eu, politicamente, sou muito perseguido dentro da Câmara, mas, eu não reclamo não. A gente ganha com isso também”, se defendeu. 

Além de afirmar que não está preocupado com os votos para alcançar a presidência do Brasil, em 2018, Bolsonaro também foi convicto ao dizer que não se preocupa com as críticas pela postura polêmica sobre diversos temas. “Não é porque tem uma repercussão negativa que eu vou contemporizar para ver como fica. Para nós vivermos em sociedade, temos que ter leis, por exemplo, se você pegar a Constituição, lá diz que família é constituída por um homem e uma mulher. Se alguém quiser fazer diferente, é muito simples. Pega um deputado federal e diga que a família será representada por pares, que pode ser dois homens e duas mulheres e, se daí for mudado, nós todos respeitaremos esse advento de uma nova família”. 

“Enquanto isso não acontecer, a Constituição diz que família é formada por um homem e uma mulher e nós temos que respeitar. Há muitos artigos nela que discordo, mas que sou obrigado a respeitar pela harmonia de um povo, mas, família é família. Uma pessoa cresce, um garoto cresce, na sua integridade, vendo um homem e uma mulher ao seu lado e não dois homens ou duas melhores com todo o respeito que eu tenho aos casais homossexuais. No dia que um casal homossexual gerar filhos, eu não terei nada a falar sobre esse filho gerado por dois homens e duas mulheres”, acrescentou.

Violência

O deputado foi perguntado se conhecia o Pacto pela Vida, política de segurança de Pernambuco, que visa prevenir homicídios. Jair Bolsonaro disse desconhecer. “Cada estado, geralmente, tem o seu programa. O Pacto pela Vida para mim é de do cidadão de bem. Se for essa a política, eu estou com eles. Por exemplo, quando divulga 60 mil mortes violentas por ano. Eu pergunto: quantos bandidos e quantos inocentes? Se for 60 mil bandidos [mortos], têm que passar para 120 mil e não preservar a vida de marginal. Eles não poupam as nossas vidas, então, é por aí. Desconheço o Pacto pela Vida, então, não vou criticar ou elogiar. Eu posso falar pelas UPPs [Unidade de Polícia Pacificadora] do Rio de Janeiro, que começou muito bem, mas depois, sem investimentos de outros setores do estado na área, a bandidagem voltou.

“Você assiste uns 200 bandidos fugindo com fuzis nas costas. Se depender de mim teremos uma barreira de contenção na frente. Vagabundo entrega arma ou morre porque o mal se espalhou por todo o estado do Rio de Janeiro e, depois, muitos voltaram para as suas comunidades, que as UPPS estão amordaçadas também. O policial não pode fazer nada lá”, disse. 

Vitória de Trump

Sobre a comparação que está sendo feita entre ele e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, com a exceção de que este último é bilionário e não tinha carreira política, Bolsonaro disse que também não tem trajetória no governo. “Se você analisar a minha vida, eu não tenho carreira política. Eu, lá dentro, nunca fui presidente de comissão, nunca integrei à mesa, nunca fui líder de Partido e olha que eu fui o mais votado, no Rio de Janeiro, e fui o terceiro mais votado do Brasil e o meu Partido nunca me deu essa oportunidade de fazer política, de negociar. Eu nunca tive essa oportunidade. Fiz o meu trabalho como integrante do conhecido baixo clero”.

Sobre o evento, no Recife, ele também polemizou. “O encontro, em Porto de Galinhas, com mais de 200 coronéis, em sua maioria, do Nordeste, vai ser um momento para falar de tudo. De futebol, de política, menos de mulher”. 

 

 

 

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