''O que queremos é a renovação dos políticos''
Manifestantes do Vem Pra Rua pedem renúncia imediata de Renan Calheiros e dizem que ''não é momento de pedir Fora Temer''
Ao som da música "Que País É Esse?", mais de oito mil pessoas - segundo balanço do Movimento Vem pra Rua - tomaram a Avenida Boa Viagem neste domingo (4). A manifestação tem como foco principal as alterações que foram feitas pela Câmara dos Deputados no pacote das dez medidas anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal (MPF). Procuradores da Lava Jato reagiram à aprovação feita na Câmara e recebem o apoio da população em forma de protesto.
Coordenadora do Movimento Vem pra Rua, Maria Dulce Sampaio declarou que é necessário fazer pressão "para que estes absurdos não aconteçam". Para ela, "os políticos, com o avançar das investigações, estão temerosos com as consequências da Lava Jato e querem barrar a operação. Eles são grandes articuladores das manobras".
Dulce Sampaio explicou que a manifestação visa protestar, principalmente, contra o presidente do Senado, Renan Calheiros. "Não é pedindo Fora Temer porque não é o momento. Ele [Renan] possui 12 processos em tramitação contra ele. O que queremos é a renovação dos políticos, que usam das manobras da velha política em prol dos interesses pessoais. Eles têm que entender que precisam servir ao povo. Não ao abuso de autoridade".
O fim do foro privilegiado também foi mencionado pela coordenadora do movimento. "Muitas vezes as denúncias adormecem nas gavetas no Supremo Tribunal Federal. Muitos chegaram a prescrever sem julgamento. Isso deve ser mudado".
No ato, um boneco de Olinda simboliza a "Justiça Amordaçada" e chama a atenção dos que acompanham o protesto e moradores da orla. "Querem inserir a lei da amordaça. Que país é esse? Os poderosos conseguem tudo se a população não tomar conhecimento. Isso aqui faz parte de uma mudança para que o povo saiba o que está acontecendo. Esses políticos não nos representam. É uma total inversão de valores o que está acontecendo. Temos que ir às ruas", disparou Dulce Sampaio.
Após a votação desta semana, membros e órgãos do Judiciário também se manifestaram contra o texto aprovado na Câmara, que será enviada ao Senado. Uma das principais mudanças ocorreu por meio de emenda do deputado Weverton Rocha (PDT), que prevê casos de responsabilização de juízes e de membros do Ministério Público por crimes de autoridade.