Mesmo ciente das mazelas, pernambucano se sente feliz

Pesquisa mostrou que 91% da população tem orgulho de ser pernambucana

por Jorge Cosme ter, 04/04/2017 - 00:00

Um levantamento do Instituto de Pesquisas UNINASSAU aponta que a população de Pernambuco é, em sua maioria, feliz e considera aqui um bom local para se viver. A mesma pesquisa, entretanto, mostra cidadãos cobrando com urgência mais segurança, saúde e emprego. Estudos da Geografia Humanista, como o da topofilia, talvez lancem luz sobre esses sentimentos conflitantes dos pernambucanos.

O geógrafo sino-americano Yi-Fu Tuan é o responsável por desenvolver o conceito de topofilia (topo: lugar; filia: atração). O conceito se refere à capacidade do ser humano de se apegar não somente a outras pessoas mas também ao espaço geográfico. Tal sentimento de afeição emerge mesmo em situações de natureza drástica, como em locais de seca. Mesmo ciente que podem existir regiões melhores, moradores dessas localidades permanecem lá por amarem o local e assumirem o desafio de melhorar o ambiente. A terra onde se vive vira ambiente de intimidade, depósito de lembranças e onde se mantém a esperança.

Dos pernambucanos entrevistados, 91% se disseram orgulhosos de serem do estado. À pergunta “Neste momento, como você se sente morando em Pernambuco?”, 10% se disseram muito felizes e a maioria, 62%, se disse feliz. 

Apesar disso, uma quantia expressiva, 24,7%, não souberam ou não quiseram responder por que se sentiam felizes. Um total de 62% explicou que sua alegria se devia porque “gosta daqui/Pernambuco é o melhor lugar”. 

Em seus estudos, Yi-Fu Tuan prevê que as pessoas estão geralmente satisfeitas com a área onde residem. Para o pesquisador, um dos motivos é o tempo vivido, porque a familiaridade gera aceitação e também afeição.

Os 10% da pesquisa que se disseram infelizes ou muito infelizes responsabilizaram a violência (33,5%), falta de emprego (18,7%), “não tem futuro/é ruim” (14,3%), dificuldades (8,8%) e governo ruim/corrupto (6%). Como a resposta era espontânea, houve outras respostas, mas com menos menções.

Feliz, mas... – Há uma divisão mais igual quando os entrevistados são questionados sobre os últimos anos no Estado. Ao todo, 22% dizem que a vida melhorou, mas 32% alegam que continua a mesma coisa e 32% também afirmam que piorou. A diferença entre tais opiniões permanece basicamente a mesma mesmo quando é levado em conta a renda familiar, o grau de instrução e a região do Estado.

Brasil – A pesquisa aqui no Estado também perguntou sobre o orgulho de ser brasileiro. O resultado foi basicamente o mesmo: 90% dos pesquisados disseram serem orgulhosos, contra 9% que responderam “não” e 1% que não soube responder.

Oportunidades – Por fim, quando perguntados se Pernambuco oferecia, no momento, oportunidades para melhorar de vida, a resposta também não dá motivos para a população estar feliz. Um total de 70% respondeu que não há tais oportunidades, enquanto 20% disse que sim. 

COMENTÁRIOS dos leitores