Jean Wyllys diz que guerra contra o tráfico é "racista"

"Não faz sentido para mim alocar recursos públicos em uma guerra racista que mata anualmente mais de 30 mil jovens e não detém a circulação das substâncias"

por Taciana Carvalho sex, 05/05/2017 - 15:47
Reprodução/Facebook/Jean Wyllys Reprodução/Facebook/Jean Wyllys

O deputado Jean Wyllys (Psol) utilizou sua rede social, nesta sexta-feira (5), para falar sobre as prisões brasileiras. O parlamentar afirmou que, em 20 anos, a população carcerária do país cresceu mais de 450% sendo, segundo ele, a quarta maior do mundo. Wyllys também disse que a maioria deles são "jovens, pobres e pretos".

"A maioria desses presos são jovens, pobres e pretos, quase a metade são presos provisórios e ao menos um de cada quatro está na prisão por infração à legislação sobre drogas", escreveu.

O parlamentar também contou que, pressionada pela comunidade internacional, o presidente Michel Temer (PMDB) prometeu para a ONU reduzir, até 2019, o número de encarceramentos em 10%. “Só não esclareceu como. Por enquanto, a única forma de redução da população carcerária que esse governo permitiu é através de chacinas nos presídios”, disparou.

Jean ainda declarou que Temer precisa se abrir sobre o debate da legalização das drogas. "E mudar as políticas econômicas e sociais que aumentam a desigualdade, a exclusão e a violência. Aliás, o governo golpista poderia começar colocando sua base reacionária e conservadora para votar projetos de lei excelentes nesse sentido que já tramitam no parlamento, inclusive alguns de minha autoria. Se não, a promessa na ONU não passará disso: mais uma promessa que o Brasil será incapaz de cumprir", enfatizou.

Em uma outra publicação, o deputado defendeu mais uma vez a regulamentação do comércio da maconha "para fins medicinais e recreativos". "O tráfico, que é diferente da ação de quadrilhas do crime organizado, é um crime sem vítima. Ninguém está se sentindo lesado na cadeia de compra e venda, logo não faz sentido para mim alocar recursos públicos em uma guerra racista que mata anualmente mais de 30 mil jovens e não detém a circulação das substâncias. É muito melhor que estes recursos sejam investidos na educação, no transporte ou na ciência", argumentou.

"Eu nasci em uma das incontáveis periferias pobres do Brasil onde a única face presente do estado é a polícia. Meu pai era um homem negro e alcoólatra. Mas eu tenho a certeza que não o perdi para droga – legal – que fazia uso. Eu o perdi para pobreza. E essa noção não é só minha, é coletiva. As pessoas marcharão pela legalização nesse primeiro sábado de maio", contou o psolista.

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