PF prende Duciomar Costa por desvio de dinheiro público

Ex-prefeito de Belém e ex-senador da República é acusado de fraudar licitações e contratos com apoio de quadrilha. Rombo nos cofres da prefeitura chega a R$ 400 milhões.

sex, 01/12/2017 - 09:28
Divulgação/Internet Duciomar Costa responde chefiar esquema de corrupção Divulgação/Internet

O ex-prefeito de Belém Duciomar Costa está preso na sede da Polícia Federal (PF), na capital paraense. A prisão se deu no curso da operação Forte do Castelo, iniciada nesta sexta-feira (1°), para desarticular quadrilha acusada de fraudar licitações e desviar recursos públicos. O grupo, segundo a PF, tem ligações diretas com Duciomar Costa. A PF apreendeu dinheiro e joias com o acusado.

Estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão temporária, 14 de busca e apreensão e quadro de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor, em Belém, Brasília e São Paulo. As investigações têm a participação do Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal. A equipe reúne 60 policiais federais, três Procuradores Federais, 15 servidores da CGU e 16 da Receita Federal.

De acordo com as investigações, na gestão municipal de Duciomar Costa, de 2005 a 2012, pessoas ligadas ao ex-prefeito que nunca demonstraram capacidade financeira se tornaram titulares de empresas e passaram a receber volume significativo de recursos públicos, em contratos diretos com a Prefeitura de Belém ou em subcontratações. O prejuízo já identificado pelas autoridades é de pelo menos R$ 400 milhões. Indícios também apontam para fraude ao caráter competitivo e o direcionamento de diversos certames que culminaram com a contratação das empresas do grupo ligado ao ex-prefeito.

Natural em Tracuateua, na região nordeste do Pará, Duciomar Costa tem 62 anos. Iniciou sua carreira política em 1988, quando se elegeu à Câmara dos Vereadores em Belém, sendo reeleito em 1992. Deixou a Câmara em 1994, quando se elegeu deputado estadual pelo Pará, na legenda do Partido Progressista (PP). No pleito de 1998, reelegeu-se para o mesmo cargo.

Em 2000, concorreu à prefeitura de Belém, na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Chegou ao segundo turno, mas durante a reta final da eleição foi acusado de ter exercido ilegalmente a medicina com um diploma falso de oftalmologista e de possuir três Cadastros de Pessoa Física (CPF). Respondeu às acusações, alegando que foi absolvido pela Justiça no caso do diploma e, no caso dos CPFs, admitiu possuir dois registros diferentes porque perdera o seu original. Foi derrotado na disputa para o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Edmilson Rodrigues, por uma diferença de 1,5% dos votos válidos.

Em 2002, foi eleito para o Senado pelo Pará, agora na legenda do Partido Trabalhista Brasileira (PTB), e tornou-se líder da bancada do PTB na Casa. Nas eleições de 2004, concorreu à prefeitura de Belém pelo PT e se elegeu com 58,28% dos votos válidos.

Na prefeitura de Belém, o carro-chefe de seu governo foram os programas de saneamento e asfaltamento de ruas e a construção de conjuntos habitacionais. Por outro lado, sua gestão ficou marcada por problemas na área da saúde. Em 2008, reelegeu-se prefeito, desta vez com 58,28% dos votos válidos. As obras do Portal da Amazônia e do BRT Belém estão sendo investigadas. Há suspeitas de que milhões de reais tenham sido desviados em contratos com prestadores de serviços. Antes de entrar na carreira política, Duciomar trabalhou como camelô e taxista.

Da redação do LeiaJá Pará.

 

 

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