Bebianno tem 'bombas' que ameaçam Bolsonaro, diz revista

Reportagem da revista IstoÉ listou quatro possíveis assuntos que podem causar mais desgastes ao presidente Jair Bolsonaro que demitiu Gustavo Bebianno na última segunda, após chamá-lo de 'mentiroso'

sex, 22/02/2019 - 12:12
José Cruz/Agência Brasil O afastamento de Bebianno aconteceu apenas 45 dias depois de Bolsonaro tomar posse José Cruz/Agência Brasil

Ex-secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno é um dos nomes que mais deu o que falar até o momento durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O afastamento de Bebianno aconteceu apenas 45 dias depois da cerimônia de posse de Bolsonaro, causando um grande burburinho no meio político nacional e deixando a população com muitas questões.

O ex-secretário não saiu do cargo, na última segunda-feira (18), com uma boa imagem perante o público e nem de forma amistosa com seus, até então, aliados. "Mentiroso" e "traidor" foram alguns dos adjetivos utilizados para caracterizar Bebianno pelo vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSL).

Já fora da “tropa” de Jair Bolsonaro, Bebianno compareceu a uma reunião com o presidente que rendeu ainda mais trocas de farpas entre os dois. No encontro, que também contava com Onyx Lorenzoni e Hamilton Mourão, Bebianno e afirmou que Bolsonaro estava usando o filho para desgastá-lo.

A revista IstoÉ, desta sexta-feira (22), traz uma reportagem onde diz ter tido acesso a dois interlocutores a quem Gustavo Bebianno fez confidências sobre o atual governo. A essas duas pessoas, segundo a revista, o ex-secretário garantiu que armazenou quatro “bombas” que são capazes de gerar sérios problemas a Bolsonaro e ao PSL.

O primeiro ponto mencionado pela IstoÉ foi que a esposa de Bebianno, a advogada Renata Bebianno, foi responsável pela prestação das contas, enviadas à Justiça Eleitoral, da campanha de Bolsonaro. "Ela e Bebianno guardam em sua casa, no Rio de Janeiro, dentro de enormes caixas, todos os documentos. Têm em seu poder, cópias de todos os recibos, cheques, transferências bancárias", diz a publicação. Ainda é acrescentado que eles guardaram cada recibo, que podem ser usados a qualquer tempo caso achem conveniente.

Em seguida, a outra 'bomba' é que o ex-secretário manteria em sua residência uma lista com os nomes de todos os candidatos do PSL para os quais destinou os R$ 9,2 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. "Além do presidente Jair Bolsonaro, o partido lançou 1.543 candidaturas a deputados estaduais, federais, senadores e governadores em todo o País", foi dito. Um dos amigos próximos de Bebianno afirmou que ele foi o responsável por costurar os acordos regionais que deram sustentação à candidatura de Bolsonaro e de expoentes da legenda. Foi assegurado que Bebianno conhece todos os segredos da campanha.

Os interlocutores elencaram como terceiro ponto o fato de que o ex-ministro conhece os bastidores do processo que garantiu a candidatura de Bolsonaro à Presidência. Bebianno foi quem contratou o advogado Antônio Pitombo para defender o presidente no episódio envolvendo a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em que ele foi denunciado por “incitação ao estupro”. O caso em questão foi parar no Supremo Tribunal Federal, "porque os dois eram deputados e possuíam foro privilegiado, onde Bolsonaro respondeu a uma ação penal. Se fosse condenado, Bolsonaro teria se tornado inelegível, assim como aconteceu com Lula". Os dois advogados conseguiram que a Justiça Eleitoral não considerasse Bolsonaro ficha suja, como queriam os adversários. Gustavo Bebianno ainda é advogado de Bolsonaro em todos os cinco processos (inclusive os criminais) que o presidente responde na Justiça.

Por fim, a última 'bomba' divulgada pela IstoÉ afirma que o processo não contou só com a eficiência de Bebianno e Antônio Pitombo para evitar que o candidato do PSL ficasse fora da disputa. "O papel da advogada Renata Bebianno, que já havia atuado no escritório de advocacia do jurista Sérgio Bermudes, no Rio, um dos maiores do País, foi fundamental. Aqui surge outro personagem. É que nesse escritório também trabalha como sócia a advogada Guiomar Feitosa de Albuquerque Lima Mendes, mulher do ministro do STF, Gilmar Mendes", finalizou a publicação. 

Agora, os bastidores da política vivem à mercê de “bomba chiando”, como Bebianno gostou de se referir. Incentivadores a polêmica apoiam que o ex-secretário conte o que sabe e leve problemas a Bolsonaro. Já o presidente acredita que Bebianno é um “X9” e que serviu como um “infiltrado” no governo para levar informações para  a imprensa.

Os próximos acontecimentos envolvendo o relacionamento desgastado entre Jair Bolsonaro e Gustavo Bebianno serão diferenciais importantes para os rumos que o atual governo deve tomar.

COMENTÁRIOS dos leitores