Delegada Patrícia diz não precisar de Moro ou Bolsonaro
Pré-candidata à Prefeitura do Recife, Domingos revela que não tem 'político de estimação' e está confiante com a sua futura campanha longe de rótulos
Se colocando como um paralelo ao tradicional universo político, ou uma outsider, a delegada Patrícia Domingos (Podemos) revela que fará uma campanha sem “apadrinhamentos”. Além disso, Domingos assevera que não tem “político de estimação” e, mesmo gostando de alguns pontos do Governo Bolsonaro, quer colocar a sua futura campanha à Prefeitura do Recife caminhando longe de discussões 'Bolsonaristas', 'Lulistas' e 'Moristas'.
Em entrevista ao LeiaJá, a delegada revela: “eu não me enquadro em nenhuma definição rotulista. A nossa campanha é municipal e eu sempre tento trazer o foco das pessoas para as questões municipais e não para as questões federais. Existem pontos que eu admiro na história do presidente Bolsonaro e na trajetória do Moro, tenho críticas também, mas nossa campanha não será pautada em nenhum personagem nacional”.
Esse distanciamento da imagem do ex-juiz federal na campanha de Patrícia é algo que, tempos passados, não se imaginaria. Em fevereiro, mês que confirmou a sua filiação ao Podemos, a pré-candidata afirmava que seria um prazer ter o apoio de Sérgio Moro nas eleições municipais de 2020 no Recife.
Na época, Patrícia chegou a dizer que "Moro tem uma questão técnica, não interfere em política, mas tem nossa admiração, ele e o Bretas e todos que enfrentam o sistema pesado da corrupção. Tenho admirado o trabalho e para mim seria um prazer (ter o apoio do ex-juiz)".
Domingos ficou conhecida no Brasil pelo seu combate à corrupção em Pernambuco, quando comandava a Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), extinta pelo Governo de Pernambuco por meio de projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), em 2018.
Não mais atuante na extinta Decasp, a delegada afirma que agora quer combater a corrupção de dentro para fora. “Eu entendi na prática, e da pior forma possível, que em nosso país ainda não é possível combater 100% a corrupção de fora para dentro - melhor meio para se combater a corrupção é de dentro para fora. Estou entrando no campo da política para conseguir provar ao Recife que é possível ter uma gestão honesta, transparente e competente”, assegura.
A pré-candidata faz questão em afirmar que é uma outsider e que anda fora do descrédito que o universo político vem caminhando, mas entende a necessidade da política partidária para mudar aquilo que acredita que está errado. “Nossa história vai na contramão do descrédito da política porque esse descrédito está diretamente relacionado aos escândalos de corrupção e números que a população assiste diariamente, inclusive, atualmente na Prefeitura do Recife, que foi alvo de cinco operações policiais”, diz.
A pandemia da Covid-19 tem obrigado que os pré-candidatos procurem formas diferentes para se mostrar ao público, afinal, é necessário que os votantes conheçam as pessoas que estão no fronte da disputa e quais os seus projetos de governo. Por enquanto, as redes sociais serão os locais que devem ser mais explorados. “Nós intensificamos os nossos trabalhos nas redes sociais que é onde eu acredito que vai ser o grande ponto dessas eleições de 2020. Nas redes sociais nós temos um canal direto com a população, onde recebemos quais são as necessidades dos bairros”, avalia a delegada.
Unidade na oposição
Patrícia Domingos garante que desde a sua filiação ao Podemos, em fevereiro deste ano, que está em um diálogo aberto com os partidos de oposição (mais à direita) do Recife. Segundo ela, existe a possibilidade de uma candidatura única ou até duas candidaturas. “Ainda não foi definido como vai ser esse formato de oferta desses candidatos, mas a gente mantém um diálogo bem amistoso com os partidos de oposição", contou.
Essa conversação pode não ser tão favorável para Patrícia, no que se refere a unidade em prol de sua candidatura, já que figuras já tradicionais da política pernambucana, como Mendonça Filho (DEM) e Daniel Coelho (Cidadania), por exemplo, estão melhor posicionados nas pesquisas de intenção de voto, pelo menos segundo dados do Atlas Político divulgado no dia 23 de julho deste ano.
Segundo o levantamento, Marília Arraes (PT) lidera com 21% das intenções de voto, seguida por Mendonça Filho com 12% e Daniel Coelho com 11%. João Campos (PSB) e Patrícia Domingos (Podemos) registraram 8%. Mas, exatamente por não ser uma figura tradicional e conhecida no campo político, Patrícia acredita que os números já são expressivos para um começo.
“Para uma pessoa que nunca foi da política, isso significa que a população está despertando para a necessidade de mudança e ter um candidato que não tenha um passado político que lhe comprometa. De fato, é a adesão popular a nossa maior coligação ou parceria. A gente tem história própria”, pontua.
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