Campanha na internet pode destruir carreira do candidato

A linguagem adequada para cada rede social e o conhecimento sobre os costumes do eleitorado deve ser obedecido pelo candidato que almeja a vitória nas urnas

por Victor Gouveia qua, 11/11/2020 - 15:53
Agência Brasil/Arquivo Agência Brasil/Arquivo

A popularização das redes sociais já havia influenciado no resultado das eleições presidenciais de 2018 e, para as disputas municipais deste ano, os candidatos decidiram apostar em mais interação com seus seguidores. Além de expor propostas, os concorrentes surfam nas tendências da internet e tentam se aproximar do público com lives, desafios, filtros e memes. Entretanto, adotar uma linguagem mais íntima pode trazer prejuízos à campanha. 

De olho no eleitorado mais jovem e no imediatismo do consumo de informação propiciado pela internet, estar presente – e atuante- no universo digital tornou-se quase uma obrigação para os concorrentes. A própria restrição aos atos presenciais de campanha fortaleceu ainda mais a conectividade.

O especialista em marketing digital, Valter Rito, explica que o bom senso e a adequação as nuances de determinada plataforma devem ser obedecidos para garantir que a meta seja atingida. "A gente tem o Facebook, que é uma rede mais séria e familiar. Tem o Instagram que é muito forte na parte de vendas, interatividade e engajamento. E veio o TikTok, como algo mais 'clean'. Se o candidato entrar no TikTok para fazer proposta política, ele tem uma grande perspectiva de insucesso", adverte.

Para o especialista, misturar o objetivo eleitoral à vida pessoal ou forçar uma linguagem excessivamente coloquial "pode matar você como profissional", visto que a vitória nas urnas não é garantida. Ele indica que conhecer o público-alvo é fundamental para o sucesso de qualquer perfil. "Antes de ser candidato, a gente também é profissional. Então, quando ele vai pegar aquele perfil e misturar os fatores, pode gerar uma repulsa do pessoal que segue", pontua.

A apropriação de tendências das redes pode garantir a vitória?

O cientista político, Caio Souza, entende que a interatividade traz proximidade, mas acredita que não define a eleição. "O processo de construção da imagem não é um processo de 30 dias, como o de campanha. Na política municipal, as pessoas querem muito um símbolo. Aquele a quem elas podem entregar sua confiança, e não muito a leitura de muitas propostas. [Essa prática] não vai alcançar principalmente as pessoas mais velhas, que já têm um certo tipo de fidelização com alguns nomes da política ou linha partidária específica", avaliou. 

Ele entende que o ideal é um trabalho a longo prazo, para tentar driblar a liquidez das relações na internet. Apesar da valorização do trabalho dos influenciadores digitais que, em algumas oportunidades, mesmo de forma ilegal, são financiados para angariar votos aos candidatos, o cientista compreende que o grande desafio é buscar maneiras de "como usar as redes para chamar atenção e formar um ideal em volta de quem sou".

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