Metade do PSOL quer uma candidatura de esquerda na Câmara
O partido, que conta com dez deputados federais, está rachado: metade quer o protagonismo da esquerda, outra metade quer indicado de Rodrigo Maia
A eleição para a escolha do presidente da Câmara dos Deputados vai ocorrer no dia 2 de fevereiro. Diante disso, uma ala do PSOL divulgou uma carta aberta nesta quarta-feira (13), defendendo que a esquerda "precisa ter voa na eleição para a presidência da Câmara".
A carta é assinada por Áurea Carolina, Glauber Braga, Ivan Valente, Luiza Erundina e Talíria Petrone. Os deputados confirmam que maioria dos partidos de oposição ao governo Bolsonaro optou por integrar o bloco encabeçado por Baleia Rossi (MDB), indicado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).
No entanto, os pessolistas apontam que identificaram nessa escolha um risco para o avanço das propostas da esquerda no debate sobre o papel da Câmara dos Deputados na defesa da democracia e no enfrentamento à crise brasileira".
Os deputados que assinam a carta defendem ser fundamental uma candidatura de esquerda, no primeiro, para a presidência da Câmara dos Deputados. Eles asseveram que propostas como a prorrogação do Auxílio Emergencial, ampliação dos direitos das minorias políticas e a abertura do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não serão empunhadas pelos postulantes Baleia Rossi e Arthur Lira (Progressistas).
"Embora se portem de maneira distinta em relação ao governo Bolsonaro, todos são artífices do “Centrão” e defensores da agenda ultraliberal de desmonte do Estado e degradação sistêmica das políticas de proteção social", diz a carta.
Os pessolistas que assinam o documento asseguram que derrotar Lira, que é considerado o 'candidato de Bolsonaro', é "uma das tarefas indispensáveis desta eleição". No entanto, eles alegam que isso pode ser feito no segundo turno, o que pode trazer melhores condições para negociar elementos defendidos pela esquerda brasileira.
"Defendemos a construção de uma candidatura independente, com compromissos nítidos em favor do impeachment e do enfrentamento à crise, combatendo o bolsonarismo e o ultraliberalismo. Certamente, saberemos encontrar aliados nesta tarefa tão importante dentro da Câmara dos Deputados", finaliza a carta.
Racha no partido
No início da construção dos blocos que lançariam candidatura, o PSOL já havia afirmado que lançaria uma candidatura própria para marcar oposição. No entanto, a carta lançada nesta quarta-feira (13), demonstra o racha interno do partido.
A líder do PSOL na Câmara, deputada Sâmia Bomfim, já declarou que prefere que o partido siga a maioria das siglas de esquerda e se junte à Baleia Rossi.
A bancada do PSOL na Câmara conta com 10 deputados, cinco deles assinaram a carta - que deve ser submetida à Direção Nacional do partido.
Mas, além de Sâmia, deputados como David Miranda, Marcelo Freixo, Vivi Reis e Fernanda Melchionna não assinaram a carta e fazem parte da ala que integra o bloco liderado por Rodrigo Maia.