Na CNN, Guedes diz que Mandetta devia ter comprado vacinas

Ainda durante a entrevista ao canal de televisão, Paulo Guedes disse que 'todos tem que responder sobre essa crise coletivamente'

qua, 17/03/2021 - 09:02
Marcos Corrêa/PR Paulo Guedes, durante reunião com Jair Bolsonaro Marcos Corrêa/PR

O ministro Paulo Guedes deu a impressão de que participa de outro governo, e não o de Jair Bolsonaro. Em entrevista à CNN, ele afirmou que as vacinas contra a Covid deveriam ter sido compradas quando Luiz Henrique Mandetta era ministro da saúde.

“A entrega da vacina não está atrasada só agora, não”, afirmou Guedes.

“No primeiro dia, Mandetta saiu com R$ 5 bilhões no bolso. É desde aquela época que deveríamos estar comprando vacina, não é mesmo? O dinheiro estava lá”, disse, ignorando, por exemplo, que Jair Bolsonaro investia na produção de hidroxicloroquina – medicamento sem eficácia contra Covid – e minimizava o impacto da Covid-19 no Brasil.

Ainda durante a entrevista ao canal de televisão, Paulo Guedes disse que “todos tem que responder sobre essa crise coletivamente” e quis afirmou que a imprensa e os governadores poderiam ter ajudado na contenção das mortes por Covid-19.

“Era possível ter sido mais rápido? Sim. Era possível que a mídia fosse mais construtiva? Era possível que os governadores ajudassem também? O dinheiro foi para os estados. Então, por que os leitos foram desativados? Pois todos nós achávamos que a pandemia estava indo embora”, afirmou.

Negacionismo e cloroquina

Apesar do ministro Paulo Guedes chegar a colocar a culpa pelo atraso das vacinas no ex-ministro, a verdade é que Jair Bolsonaro nunca autorizou seus comandados a tomarem decisões que o contrariassem.

Tanto Mandetta quanto seu sucessor, Nelso Teich, foram exonerados por tentar valorizar as indicações da Organização Mundial de Saúde (OMS), como defender o isolamento social, por exemplo, e não aceitar indicar a hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19.

Em entrevista, Luiz Henrique Mandetta (DEM) chegou a dizer que Bolsonaro havia tentado obrigar a Anvisa a alterar a bula do medicamento, sem eficácia comprovada para o tratamento da doença provocada pelo coronavírus.

Vacinas

Diferente do que Paulo Guedes afirmou à CNN, o governo Bolsonaro nunca teve como prioridade a compra de vacinas. Pelo contrário. O presidente sempre questionou a utilidade das mesmas.

Jair Bolsonaro espalhou entre seus apoiadores que a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com um laboratório chinês, não era confiável e que nunca compraria o imunizante.

Além disso, a Pfizer, empresa que produz outra vacina anti-Covid, afirmou ter oferecido dezenas de milhões de doses para o Brasil, que teria recusado três ofertas.

"Vale reforçar que a Pfizer encaminhou três propostas para o governo brasileiro, para uma possível aquisição de 70 milhões de doses de sua vacina, sendo que a primeira proposta foi encaminhada pela companhia em 15 de agosto de 2020 e considerava um quantitativo para entrega a partir de dezembro de 2020", disse a empresa em nota enviada à imprensa.

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