Encontro de Renan com ministro reforça suspeita de crime

O filho do presidente da República é investigado pela Polícia Federal por tráfico de influência

qua, 07/07/2021 - 10:16
Reprodução/Instagram Dos homens, Renan é o filho mais novo do presidente Bolsonaro Reprodução/Instagram

Envolvido na investigação de tráfico de influência em benefício de Renan Bolsonaro, de 23 anos, nessa terça-feira (6), o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, confirmou à Câmara dos Deputados que se reuniu com o filho do presidente no ano passado, mas só soube de quem se tratava quando apresentado.

Convocado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle para explicar o porquê da sua agenda apresentar apenas o nome de um assessor da Presidência no dia do encontro e não mencionar Renan, nem outros empresários, o ministro disse que a presença do filho do presidente não causou nenhum constrangimento, "até porque ele entrou calado e saiu calado", descreveu.

"Só soube que ele era filho do presidente porque alguém me apresentou a ele", afirmou o gestor, que minimizou as suspeitas de crime, "não tem nenhuma relação de causa e efeito a presença do filho do presidente".

Marinho informou aos deputados que a reunião foi solicitada pelo próprio gabinete do presidente e, na ocasião, foi apresentado um projeto de ‘inovação tecnológica’ no setor habitacional, que seguiu para a Secretaria Nacional de Habitação (SNH).

Sem revelar os demais empresários que estavam no encontro, ele foi questionado sobre a negociação direta com o órgão federal, sem licitação prévia, e apontou que a SNH "recebe cotidianamente centenas de contribuições, que são levadas em consideração ou não".

O ministro ainda reiterou que “quem o faz são empresas que atendem aos editais através do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) ou do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS)".

Devido aos indícios de prática ilegal, o Ministério Público denunciou a empresa de Renan Bolsonaro e a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar a prática tráfico de influência. A ‘Bolsonaro Jr Eventos e Mídia’ nasceu em outubro do ano passado com capital social de R$ 105 mil e sede no camarote 311 do estádio Mané Garrincha, em Brasília.

O crime de tráfico de influência consta no Art. 332 do Código Penal, com penas de reclusão de 2 a 5 anos e pagamento de multa. Ele é considerado crime contra administração pública e, geralmente, é cometido por meio de lobbys empresariais com servidores do Estado, muitas vezes políticos empossados.

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