Viúva de Adriano da Nóbrega negocia delação com o MPF

Tesoureira do ex-marido, Júlia Lotufo deve relatar ao Ministério como atuava ao lado de Nóbrega, que construiu uma fortuna através de atividades ilegais ligadas à milícia

por Vitória Silva qui, 08/07/2021 - 13:21
Reprodução/Facebook Julia Lotufo com Adriano da Nóbrega em praia na Bahia Reprodução/Facebook

A viúva Júlia Emílio Mello Lotufo, ex-esposa do miliciano Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), negocia há algumas semanas uma delação premiada com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado através de seu advogado, o ex-senador Demóstenes Torres. Segundo a coluna de Guilherme Amado do Metrópoles, a delação já foi aceita pelos procuradores e agora investiga uma série de homicídios cometidos no Rio de Janeiro por organizações criminosas.

Desde o assassinato de Nóbrega, em fevereiro de 2020, Júlia se tornou uma das figuras mais procuradas pelas autoridades policiais responsáveis pelo caso. Isso porque, além de estar com ele no dia do crime, durante uma viagem à Bahia, ela foi a companheira do miliciano nos últimos 10 anos e acompanhou a vida criminosa do capitão. Foragida, Lotufo teve a prisão preventiva decretada, mas, logo a seguir, sua punição foi reduzida para prisão domiciliar.

Atualmente, ela responde a um processo da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do RJ, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Com a morte do marido, segundo esse processo, coube a ela cuidar do espólio de atividades ilegais de Adriano.

A própria Júlia procurou a Polícia Civil. Após isto, foi encaminhada ao MP, na área que investiga a participação de milicianos em assassinatos de aluguel — mortes como as cometidas pela organização criminosa Escritório do Crime. Posteriormente, o Ministério Público Federal foi envolvido na negociação e tudo caminha para que na semana que vem haja a homologação.

Julia Mello Lotufo manteve um relacionamento amoroso com Adriano Magalhães da Nóbrega por uma década. No período, acompanhou a consagração dele como capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a sua expulsão da Polícia Militar e o seu ingresso no crime, no qual ele começou como segurança de figuras do crime, galgou postos e fez fortuna com atividades ilegais, como exploração de máquinas de caça-níquel e grilagem de terras.

Lotufo se tornou a responsável pela contabilidade e gestão financeira dos negócios criminosos, conforme descrição apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro ao pedir a prisão de Julia, sob a alegação de que ela e outros comparsas de Adriano cometeram delitos como associação criminosa e lavagem de dinheiro.

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