Deputado pedirá CPI contra Moro por atuação em consultoria
Ex-juiz foi consultor em escritório contratado para realizar recuperação judicial de empresas-alvo da Lava Jato
O deputado federal e secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Paulo Teixeira, anunciou que irá dialogar na Câmara dos Deputados para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a atuação do ex-juiz Sergio Moro na empresa Alvarez & Marsal, onde prestou consultoria.
Recentemente, o parlamentar e Moro trocaram farpas nas redes sociais, onde o petista mencionou a abertura de CPI, no último sábado (22). Agora, Teixeira precisa de 171 assinaturas para a abertura da comissão.
No último dia 19, durante a repercussão da live do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo mencionou o interesse em usar o relatório de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre possíveis irregularidades de Moro.
“Você destruiu muitas empresas brasileiras e depois foi trabalhar na recuperação judicial. Um exemplo típico da raposa que foi tomar conta do galinheiro. O Tribunal de Contas da União está investigando possível cometimento de crime”, escreveu.
Em dezembro, o ministro do TCU, Bruno Dantas, determinou que a Alvarez & Marsal apresentasse em detalhes os valores repassados ao ex-juiz na rescisão de contrato com a companhia. O escritório da empresa atuou na recuperação judicial da Odebrecht, um dos alvos da Lava Jato, na qual Moro foi juiz.
Dados informados pela Alvarez & Marsal ao TCU mostram que o escritório recebeu cerca de R$ 65 milhões de honorários de empresas envolvidas na operação; o equivalente a 77,6% dos seus recebimentos. Esses pagamentos foram feitos pelas empresas Odebrecht, OAS, banco BVA, Galvão Engenharia e grupo Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) ao contratarem o escritório para atuação em processos de recuperação judicial ou falência.
Desde que o caso ganhou o conhecimento da mídia e a investigação foi iniciada, Moro nega afiliação contratual com a empresa responsável por recuperações judiciais e afirma, ainda, que nos dados do seu contrato constam outro CNPJ e fontes de receita. O ex-juiz encerrou seu contrato com a Alvarez & Marsal no último dia 31 de outubro. Ao TCU, a Alvarez & Marsal garantiu que não houve conflito de interesse e negou irregularidades na atuação de Moro.