Lira e Renan abrem guerra judicial em disputa por governo
Adversários no Estado de Alagoas, os congressistas trocaram acusações nas redes sociais após o TJAL suspender uma decisão que impedia eleição indireta para o cargo de governador, que ficou vago com saída de Renan Filho
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) abriram uma guerra judicial na disputa pelo governo de Alagoas. Adversários no Estado, os congressistas trocaram acusações nas redes sociais após o Tribunal de Justiça estadual (TJAL) suspender uma decisão que impedia eleição indireta para o cargo de governador, que ficou vago com a renúncia de Renan Filho (MDB) para concorrer a uma vaga no Senado.
O senador Rodrigo Cunha (União Brasil), candidato de Lira ao governo de Alagoas, vai disputar contra o deputado estadual Paulo Dantas (MDB), apoiado por Renan Filho. A chapa emedebista deve caminhar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para o Palácio do Planalto, enquanto Lira endossa a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
O clã dos Calheiros tenta emplacar Dantas na eleição indireta, que será feita pela Assembleia Legislativa local. O objetivo é que o parlamentar dispute o pleito de outubro sentado na cadeira de governador e no controle da máquina estadual. A ação que tentou suspender a eleição indireta foi protocolada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), controlado em Alagoas pelo prefeito de Maceió, JHC (PSB), aliado de Cunha. O pedido foi aceito em primeira instância, mas derrubado em segundo grau após recurso da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
"Ele (Lira) estava querendo barrar a eleição constitucional para governador e vice de Alagoas. E conseguiu uma decisão estapafúrdia de primeiro grau que acabou de ser barrada pelo TJ. Essa aliança Centrão/Bolsonaro tem causado muitos problemas", disse Renan sobre Lira ao Estadão/Broadcast Político.
Ao comentar a decisão de hoje do tribunal no Twitter, Renan disse que a independência dos Poderes é "sagrada" e falou em "golpe" de Lira. "Quarteladas, afrontas aos poderes e desacato às decisões judiciais são condutas de tiranos em qualquer lugar. O TJ/AL acaba de incinerar o golpe de Arthur Lira para impedir a eleição para o governo de Alagoas na forma da Constituição", escreveu.
O presidente da Câmara respondeu a Renan na mesma rede social. "Sobre dar golpes, o senador Renan Calheiros entende bem. Foi assim que ele tentou conduzir o Congresso Nacional e, várias vezes, desrespeitou decisões judiciais. Em Alagoas, achaca e interfere nos poderes, desrespeita a vontade popular e quer fazer do Estado a extensão do seu latifúndio. Não conseguirá!", criticou.
Lira, que pouco se manifesta no Twitter, já havia levado a disputa para as redes sociais em 14 de abril, quando disse que Alagoas tem mais beneficiários do Auxílio Brasil que carteiras de emprego assinadas, numa crítica ao governo de Renan Filho.
"Alagoas precisa de renovação!", escreveu o presidente da Câmara, na ocasião. Na publicação no Twitter, Lira disse que a projeção para o desempenho econômico depois Estado neste ano é de -1,4%, o que ele considerou uma "vergonha". "MB Associados, com base dados IBGE, aponta que nosso estado terá um ano de marcha ré. Alagoas precisa pensar os seus rumos, abandonando fórmulas e nomes do passado e buscando a renovação", defendeu.
"Me orgulho de ter liderado na Câmara a luta pelo Auxílio Brasil. Mas me entristece quando vejo que AL tem mais beneficiários do auxílio que carteiras assinadas. Isso mostra a incompetência do governo estadual, incapaz de criar oportunidades de emprego", emendou Lira.