Lula na COP 27: confira o que ele deve abordar
O presidente eleito deve tentar reposicionar o Brasil na diplomacia climática. É esperado que ele faça anúncios importantes no encontro, como, por exemplo, que o Brasil sediará a COP30, em 2025
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), nesta semana, em Sharm el-Sheikh, no Egito. Este é o primeiro evento internacional que Lula vai estar presente desde quando venceu a eleição, no dia 30 de outubro, e é esperado que ele faça anúncios importantes no encontro, como, por exemplo, que o Brasil sediará a COP30, em 2025.
As ex-ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e Izabella Teixeira, já estão no Egito participando da COP27 ao lado do senador Randolfe Rodrigues. O trio recebeu uma série de recomendações de representantes da sociedade civil sobre qual direção a política ambiental deve tomar a partir do próximo ano. Medidas para os 100 primeiros dias de governo, abordagem transversal da questão climática e enfoque para os direitos dos povos indígenas e originários estão entre as orientações recebidas.
Ao destacar a importância de manter o “espírito de frente ampla” para reconciliar o Brasil, Marina Silva afirmou que o País tem quatro anos para continuar o movimento de defesa dos povos indígenas da Amazônia. “De um modelo de desenvolvimento que seja próspero, justo, diverso, democrático e sustentável. Essa é a nossa estrela de Davi”, enfatizou.
Já para a deputada federal eleita, Izabella Teixeira (Rede-SP), a partir de 2023, o Brasil “volta com um lugar só”, ao se referir a divisão de espaços do Brasil na COP: o pavilhão oficial do governo Bolsonaro, o pavilhão dos governadores amazônicos e, por último, o pavilhão da sociedade civil.
“Temos que falar de direitos humanos, de direitos civis. Vários brasileiros não têm acesso a nada. Temos que mudar a lei para que o Brasil seja mais inclusivo. É nessa trajetória que o mundo espera: um Brasil como uma voz de liderança pela paz”, afirmou. Ela também defendeu que as políticas climáticas devem dialogar diretamente com o combate ao racismo.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) enfatizou o trabalho feito pela oposição e pela sociedade civil durante o atual governo, “contra o fascismo é assim, tem de se lutar em cada campo, em cada praça, em cada estado institucional”. Para ele, a vitória de Lula é uma “obra de reconstrução nacional”. “Nós vivemos nestes últimos quatro anos o pior do que o nosso país poderia ter produzido. Mas ter vivido estes quatro anos é fundamental para termos dimensão do que representa a obra da reconstrução. Acho que Lula será o primeiro presidente da história a ter dois meses a mais de mandato sem saber”, brincou.
Um dos pontos defendidos pela sociedade civil é que o novo governo cumpra a promessa de criar uma Autoridade Nacional do Clima, ou seja, um órgão para coordenar a ação climática de forma transversal em todos os setores do governo.
Reposicionamento do Brasil
Lula desembarca no Egito para tentar reposicionar o Brasil na diplomacia climática, como já havia explicado o doutor em ciência política e professor Antônio Lucena ao LeiaJá, de que havia um interesse do mundo em tratar sobre determinados temas com o Brasil, que estavam sendo empatados por Bolsonaro. “É importante para a reinserção do Brasil nos grandes fóruns internacionais, e também ampliar a sua capacidade de diálogo com outros países. Com essa nova possibilidade de relacionamento, o Brasil pode, inclusive, trazer recursos para nós”, explicou.
Além da expectativa de que seja anunciado por Lula que o Brasil deverá sediar a COP30, em 2025, também se espera o anúncio de quem ocupará a chefia do Ministério do Meio Ambiente. Vale lembrar que Marina Silva já ocupou o cargo entre 2003 e 2008, Izabella Teixeira também ocupou entre 2010 e 2016 e Randolfe Rodrigues desistiu de ser candidato para o governo do Amapá nestas eleições para integrar a campanha de Lula.