Brasileiro Jarbas Barbosa toma rédeas da Opas

Ele se propõe a converter a organização em líder regional e prometeu desempenhar sua função sem se deixar influenciar por nenhum governo ou autoridade de fora da Opas ou da OMS

ter, 31/01/2023 - 19:55
SAUL LOEB (Arquivo) O brasileiro Jarbas Barbosa SAUL LOEB

O brasileiro Jarbas Barbosa tomou posse nesta terça-feira (31) como diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com o objetivo de ajudar os países a "superar as desigualdades", "recuperar-se da pandemia" e "alcançar a atenção universal".

Esse escritório para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), símbolo da luta regional contra a covid-19, enfrenta "um panorama epidemiológico complexo" devido à persistência das doenças transmissíveis, ao risco de surtos e epidemias e aos efeitos das mudanças climáticas, detalhou o novo diretor em seu discurso de posse. Também enfrenta "desigualdades significativas entre e dentro dos países", que exigem "sistemas de saúde fortes e resilientes", acrescentou na sede da Opas, em Washington.

Barbosa se propõe a converter a organização em líder regional e prometeu desempenhar sua função sem se deixar influenciar por nenhum governo ou autoridade de fora da Opas ou da OMS.

O brasileiro, que conhece bem a organização, da qual era vice-diretor, contou com o apoio do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para a sua candidatura. Sua eleição, em setembro passado, parece agradar também a Luiz Inácio Lula da Silva, que elogiou seu compromisso com a ciência em palavras lidas pela ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Em 120 anos de existência, esta é a segunda vez que a Opas estará sob o comando de um brasileiro, a partir de amanhã, quando Barbosa irá substituir Carissa F. Etienne, da Dominica. "É um momento único para a região", afirmou Nísia, que defendeu um desenvolvimento sanitário sustentável e equitativo e a autonomia mediante "o fortalecimento da produção local".

Barbosa concorda com a importância de "expandir o desenvolvimento e a produção de medicamentos, vacinas e produtos médicos" na América Latina e no Caribe, fortalecer a detecção e resposta às emergências de saúde pública e reforçar a coordenação regional.

- Os relegados -

Acima de tudo, deve-se identificar os grupos "que estão ficando para trás e as barreiras de acesso" ao atendimento de saúde, insistiu Barbosa. Entre os rebaixados, ele citou povos originários, afrodescendentes, famílias pobres que vivem nas periferias das grandes cidades e em zonas rurais, mulheres e pessoas LGBTQ+, que "precisam de sistemas de saúde que os vejam e escutem".

Melhorar o sistema também passa, segundo Barbosa, por "ampliar o uso da teleconsulta e telemedicina".

Na América Latina e no Caribe, sobram desafios, entre os quais o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citou, em mensagem em vídeo, as doenças não transmissíveis, a saúde mental, o envelhecimento da população e o impacto das mudanças climáticas.

Os países das Américas "depositaram confiança em você e por um bom motivo", disse o chefe da OMS, que elogiou a carreira de Barbosa na saúde pública do Brasil, onde ele trabalhou no Ministério da Saúde e presidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

COMENTÁRIOS dos leitores