PF acha conversa em que Bolsonaro manda disparar fake news
No print, um número denominado ser de Jair Bolsonaro aparece mandando 'repassar ao máximo' um texto que ataca a lisura do sistema eleitoral brasileiro e dispara contra o ministro Luís Roberto Barroso
O registro de uma conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com empresários no WhatsApp mostra o momento em que ele atua no disparo de informações falsas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Luís Roberto Barroso.
O print do diálogo foi divulgado pela colunista Daniela Lima, do g1, e faz parte de uma investigação que apura articulações de golpe caso o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencesse o pleito.
Segundo registro, a troca de mensagens teria acontecido no dia 26 de junho de 2022. Um contato que aparece como "PR Bolsonaro - 8" envia um texto sobre a atuação de Barroso diante do processo eleitoral, atacando a lisura do pleito e das urnas eletrônicas, além de mencionar que o Instituto de Pesquisa Datafolha estaria inflando os números em favor do atual presidente Lula, para que o TSE não precise justificar os resultados fraudados.
No final do texto, o contato denominado como de Jair Bolsonaro pede: "REPASSE AO MÁXIMO [sic]". Quem responde imediatamente o ex-presidente é o empresário Meyer Joseph Nigri. "Já repassei para vários grupos!", escreve, para logo em seguida perguntar como o então presidente está e, ao se despedir, o empresário envia "abraços de Veneza".
Meyer Joseph Nigri é um dos empresários que seguem sendo investigados por conversas golpistas através do aplicativo de mensagens. A PF seguirá apurando o envolvimento dele nos próximos 60 dias, após decisão dessa segunda-feira (21) do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Em relatório enviado a Moraes, a PF sustentou necessidade de continuar a apuração contra Nigri destacando ter sido constatado vínculo entre o empresário e o ex-presidente Jair Bolsonaro, 'inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado Democrático de Direito'.
Em defesa de Meyer Nigri, o criminalista Alberto Zacharias Toron disse o seguinte: "a decisão do ministro Alexandre de Moraes é surpreendente porque o Ministério Público Federal já havia pedido o arquivamento dessa investigação. Soa estranho que ele tenha feito isso agora, num controle da falta de justa causa, nos exatos termos do que disse, ou de forma assemelhada, o procurador-geral da República. Em relação ao sr. Meyer Nigri, vamos aguardar o desenvolvimento das investigações. Temos absoluta certeza de que ele não praticou crime algum contra o estado democrático de direito. Ele recebeu uma ou outra mensagem do presidente República e repassou para pouquíssimos grupos. Ele não tem Facebook, não tem Instagram, não tem nenhuma plataforma de disseminação em massa de notícias ou mensagens, não é uma pessoa que tinha envolvimento com disseminação de fake news. Eu tinha a impressão de que a investigação já havia deixado isso claro, mas agora percebo que o ministro quer aprofundar essas investigações e é bem-vindo esse aprofundamento. Não temos nada a esconder, ele colaborou amplamente com as investigações, se deslocou até Brasília para ser ouvido novamente e continua à disposição das autoridades."