Apple, Samsung e Sony acusadas de apoiar trabalho escravo

Denúncia revela que crianças trabalham em minas para extrair o mineral usado nas baterias de lítio

por Nathália Guimarães qua, 20/01/2016 - 15:05
Reprodução Relatório acusa Apple, Samsung e Sony de conivência com trabalho infantil Reprodução

Grandes empresas mundiais de tecnologia como a Apple, a Samsung e a Sony não estão tomando as medidas mais básicas para garantir que o cobalto minerado na República Democrática do Congo, através de trabalho infantil e uma brutal exploração, não seja usado nos seus produtos, revela a Anistia Internacional e a Afrewatch em novo relatório publicado nesta terça-feira (19).

O estudo mapeia o comércio global de cobalto, mineral usado nas baterias de lítio - desde a sua extração nas minas, onde crianças, até com sete anos, e adultos trabalham em condições extremamente perigosas. “As vitrines vistosas nas lojas e o marketing das tecnologias de ponta são um contraste bastante gritante às imagens de crianças carregando sacos de pedras e de mineiros, enfiadas em túneis apertados, permanentemente em risco de sofrerem danos nos pulmões”, ressaltou o perito da Anistia Internacional, Mark Dummett.

Este novo relatório documenta a forma como os negociantes de minérios compram cobalto de áreas onde o trabalho infantil é frequente e o vendem à Congo Dongfang Mining (CDM), uma subsidiária da empresa chinesa Zhejiang Huayou Cobalt Ltd (Huayou Cobalt). A organização de direitos humanos diz ter contatado 16 multinacionais listadas como clientes dos fabricantes de baterias que são fornecidos com o minério que é processado pela Huayou Cobalt. Apenas uma delas admitiu esta ligação.

Quatro disseram não ter dados para atestar se estão comprando cobalto minado nas empresas denunciadas e seis afirmaram estar investigando estas alegações. Cinco outras negaram trabalhar com cobalto fornecido pela Huayou Cobalt, apesar de serem identificadas como clientes nos documentos empresariais dos fabricantes de baterias incluídos nesta cadeia de produção. Por fim, duas das multinacionais investigadas negaram comprar seja o que for que contenha cobalto proveniente da República Democrática do Congo. 

“Milhões de pessoas no mundo inteiro gozam dos benefícios das novas tecnologias mas raramente se questionam como é que são feitas. É mais do que chegado o momento das grandes marcas assumirem responsabilidades sobre a mineração das matérias-primas que fazem parte dos seus lucrativos produtos”, pontuou o perito Anistia Internacional.

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