Animais sofrem por atendimento no Hospital da UFRPE
Espaço-escola não suporta a demanda de casos e formação dos estudantes também é prejudicada
“O ser humano fala e pode dizer o que está sentindo. O animal não. Ele não pode dizer que está com dor ou se tem fome. A situação está precária neste hospital. Falta material e a demora de atendimento é grande”. Esse depoimento é de Meces Ferreira, dona de um cachorro que foi atropelado e aguarda atendimento no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no bairro de Dois Irmãos, no Recife. Ela afirmou, por volta das 14h desta terça-feira (11), que desde às 6h aguarda atendimento e o animal, que não consegue se locomover, segue sofrendo. “A estrutura do hospital é péssima”, completou Meces.
A situação se repete com outros inúmeros bichos que aguardam, junto com seus donos, um atendimento. São cães com fraturas expostas, gatos atropelados, entre outros, que, a base de muito sofrimento, dependem do tratamento público. “Desde 5h que estou aqui. O bicho descolou a bacia, está sofrendo dor e até agora, quase 14h, não recebeu atendimento. Não sei de quem é a culpa, mas, os animais precisam de respeito”, desabafou Antônio Gustavo Bandeira, que também aguardava atendimento. “Aqui a gente só paga a medicação, porém, sofremos para tratar nossos cachorros. O meu está com fratura exposta e ninguém deu nenhum remédio até agora”, reclamou Severino Cosme de Lima (foto).
Além do sofrimento animal, existe também o problema estrutural do hospital. Os animais se misturam aos donos em salas de observação, onde tomam medicamentos ou até passam por pequenos procedimentos pré-cirúrgicos. Atuam no hospital professores universitários, médicos veterinários e estudantes de medicina, no contexto de um “hospital escola”. Entretanto, a falta de investimento no local prejudica a formação dos estudantes e faz sofrer a população que necessita de atendimento veterinário.
De acordo com o coordenador do Hospital Veterinário da UFRPE, Acácio Teófilo, a demora no atendimento acontece não só por causa da grande demanda, mas, por responsabilidade dos próprios donos. “Às vezes, os animais passam uma semana doentes e os donos demoram para trazê-los. Quando chegam, querem ser atendidos logo, porém, já há outros animais na frente. Isso é uma das causas da demora”.
Teófilo também destacou que o hospital não trabalha com emergência, uma vez que é um espaço escola. “Faltam espaço físico, mão de obra e investimento. Há anos solicitamos não apenas dos reitores da UFRPE, mas também do próprio Ministério da Educação (MEC) mais investimentos. Não dá para atender a demanda”, afirmou o coordenador.
O hospital funciona de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã e tarde. Por dia, cerca de 60 animais são atendidos. Ainda segundo o coordenador, a reitoria da UFRPE prometeu melhorias no local, porém, ele não detalhou que benefícios serão esses.