Inep publica perfil dos professores brasileiros

Levantamento é composto de números coletados de 2019 a 2020.

por Samuel D’Paulla sex, 15/10/2021 - 11:12
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O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou um um mapa do perfil profissional dos professores do Brasil. Os dados fazem parte do Censo Escolar 2020 e do Censo da Educação Superior 2019.

Segundo o levantamento, o ensino básico concentra a maior parcela dos profissionais, cerca de 63%, o que significa 1.378.812 docentes. Desse total, 85% possuem o ensino superior completo. No comparativo entre 2016 e 2020, o número de pós-graduados foi de 34,6% para 43,4%. O percentual também aumentou no que diz respeito à formação continuada, partindo de 33,3%, em 2016, para 39,9%, em 2020.

O número de graduados também subiu em todas as etapas da educação básica (infantil, fundamental e médio). O ensino médio se destaca por ter o maior percentual de docentes com nível superior completo, dos números apresentados o total de profissionais nessa etapa é de 505.782 que atuaram nessa etapa, em 2020, o que representa um quantitativo de 97,1% docente com graduação. Nessa etapa, 89,6% possuem licenciatura e 7,4%, bacharelado. Apenas 2,9% têm formação de nível médio ou inferior.

Vínculo

O Censo Escolar 2020 também revela que os professores seguem trabalhando em uma mesma escola por mais tempo. O Indicador de Regularidade do Docente (IRD), que avalia a permanência destes profissionais no mesmo ambiente de trabalho, apresentou um avanço em relação a 2019. O percentual de escolas na faixa média-alta do indicador passou de 42,6%, em 2019, para 45,8%, em 2020.

Também foi observado um aumento na faixa alta: de 10,1%, em 2019, para 13,1%, em 2020. As escolas privadas representam o maior percentual nessa faixa em comparação com as outras redes de ensino. O percentual de escolas da rede privada na faixa alta do IRD foi de 16%, em 2019, para 20,4%, em 2020. Já na rede pública, o percentual nessa mesma faixa passou de 8,6% para 11,3%.

Mudança de ambiente

Na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2018, os professores dos anos finais do ensino fundamental foram perguntados se gostariam de mudar para uma nova escola, caso fosse possível. Destes, 13% afirmaram que sim. O percentual é considerado positivo e está abaixo da média dos países participantes da Talis (21%), além de figurar como um dos mais baixos entre os países latino-americanos. Somente na Cidade Autônoma de Buenos Aires, foi constatado um percentual ainda menor (12%). Em países como Colômbia e Chile, o percentual é de 25%. Já no México, o índice foi de 27%.

Entre os professores brasileiros do ensino médio, a manifestação por uma possível mudança de local de trabalho também é considerada baixa. O percentual do Brasil (14%) se iguala ao da Dinamarca. Ambos estão bem distantes de Taiwan, que apresentou o maior percentual de professores que mudariam de escola, caso fosse viável (42%).

O Relatório Nacional da Talis 2018 ainda traz informações sobre os tipos de contrato de trabalho dos professores — o que retrata as condições de estabilidade na profissão. Disponível no portal do Inep, o documento mostra que o percentual de docentes brasileiros nos anos finais do ensino fundamental com contrato por tempo indeterminado chega a 79%. O percentual está próximo da Média Talis (80%) e supera os percentuais de todos os outros países/economias latino-americanos participantes da pesquisa: Chile (62%), México (72%), Cidade Autônoma de Buenos Aires (72%) e Colômbia (76%).

O Brasil é um dos 48 países/economias que participaram da mais recente edição da Talis, realizada entre 2017 e 2018. No País, responderam à pesquisa 2.447 professores e 185 diretores de escolas dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), além de 2.828 docentes e 186 diretores de escolas do ensino médio, das redes pública e privada.

A Talis tem sido aplicada a cada cinco anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dados revelados pelo estudo são comparáveis internacionalmente e refletem questões relacionadas à aprendizagem e às condições de trabalho de professores e diretores em diversos países. As informações são apuradas por meio de questionários que, no Brasil, são aplicados pelo Inep, em parceria com as secretarias estaduais de Educação.

Na educação superior, 54,3% dos professores que atuam no setor são vinculados a instituições privadas e 45,7%, ao sistema público de ensino. Quanto à qualificação, o Censo da Educação Superior 2019 mostra que 37,5% (144.874) dos docentes possuem mestrado e 45,9% (177.017), doutorado. Nesse sentido, os dados da pesquisa refletem a superação da meta 13 do PNE, já que a diretriz estabeleceu o objetivo de ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em exercício para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores.

Nos cursos de licenciatura, 59,9% dos professores têm doutorado. Já nos bacharelados e superiores em tecnologia, 55,1% e 31,9% dos docentes são doutores, respectivamente. O censo também mostra que a maioria dos professores de cursos presenciais é composta por profissionais com doutorado. Já na modalidade a distância (EaD), a maior parte é de mestres. Nos presenciais, 88,2% dos docentes possuem mestrado ou doutorado. Em contraponto, nos cursos à distância, esse percentual é de 89,1%. 

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