20 anos sem Chico Science, ícone maior do Manguebeat

Passagem 'atômica' do cantor, que deixou forte marca marca na música brasileira, foi bruscamente interrompida por acidente automobilístico em 2 de fevereiro de 1997

por Roberta Patu qui, 02/02/2017 - 09:46
Divulgação Chico Science é o maior ícone do último grande movimento musical brasileiro, o Manguebeat Divulgação

Uma passagem 'atômica'. Foi assim que o cantor e compositor Chico Science marcou presença no cenário artístico durante a década de 1990 com sua energia e despedida prematura. Aos 30 anos, o artista sofreu um acidente, na divisa entre as cidades do Recife e de Olinda, e faleceu no dia 2 de fevereiro de 1997.

Conhecido como ícone maior do Movimento Mangue, Francisco de Assis França Caldas Brandão, que adotou o nome artístico Chico Science, trilhou um caminho de sucesso e conquistou o mundo, com turnês internacionais, e colocou em evidência Pernambuco, através da mescla de sonoridades modernas e urbanas com a cultura popular. Sua ascensão musical foi tão alta quanto os seus sonhos, cessados de maneira brusca com sua morte. Segundo Gilmar Bola Oito, cuja amizade com Chico foi crucial para a criação da banda Nação Zumbi, o amigo era uma pessoa à frente do seu tempo: "Chico sempre foi muito rápido e à frente do seu tempo e gostava de partilhar tudo! Quando estava vivo, ele pensava em abrir o espaço 'Antro Mangue' para os filhos dos comerciantes estudarem arte, de forma integral; criar sorteio de dinheiro com os cachês e já tirava até selfie", lembra, de forma saudosa, Gilmar.

Bola Oito sente mais falta não do artista Chico Science, mas da sua companhia. "Chegamos a morar juntos no Rio de Janeiro, em Santa Tereza, e lá ele dividia tudo. Chico era um caro que compartilhava suas ideias, ele era o 'Jesus Cristo', com os seus discípulos. Porém, infelizmente, as suas ideias não foram continuadas", lamenta.

A memória de Chico Science parece estar presente mais forte no legado musical deixado e na memória de quem conviveu com ele. De acordo com Gilmar, com a ida prematura do amigo não foi possível guardar vários registros dele, o que de certa forma, inviabiliza a criação de um espaço com suas memórias e objetos.

Atualmente, na capital pernambucana, existe apenas um memorial dedicado a Chico Science. Situado no pátio de São Pedro, o local reúne em totens algumas imagens e parte da história do artista. O carro de Chico, que ficava exposto no Espaço Ciência, não está mais no local. A última exposição sobre o cantor foi realizada pelo Shopping Tacaruna, através de doações de amigos e familiares.

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