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Após uma semana ilhado em uma região de mangue da cidade de Iguape, no Vale do Ribeira, litoral de São Paulo, o golden retriever Max, de quatro anos, foi resgatado por seus tutores. O cachorro desapareceu após as fortes chuvas que chegaram ao estado na última semana provocarem um aumento de oito metros no nível do Rio Ribeira, que corta uma região de mata. 

O resgate foi filmado por um drone (veja abaixo) e publicado em um perfil de notícias de Ilha Comprida, cidade vizinha a Iguape. “Ele estava a aproximadamente 1 km dentro do mangue e da mata com água. O meu cunhado falou que o encontrou só com a cabecinha de fora. Graças a Deus, voltou para gente”, disse a tutora de Max, ao G1. 

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No último domingo (5), os cuidadores do cachorro foram levar comida para uns animais em uma região conhecida por Rocio, em uma área de mangue, onde já haviam ido seis vezes procurar por Max. Aline afirmou que insistiu em buscar pelo pet na localidade "por intuição" e que na última tentativa, finalmente ouviu o latido do cachorro em resposta a um chamado seu.  

Jeferson e Netho, marido e cunhado de Aline, respectivamente, entraram no mangue e resgataram Max. De acordo com a tutora, o cachorro estava em estado de choque, muito magro e com as patas machucadas, provavelmente por ter ficado muito tempo embaixo da água. O golden precisou ficar em observação em uma clínica veterinária por um dia e já está em casa se recuperando. 

 

A Polícia Civil de Pernambuco prendeu mais três suspeitos de extorquir e executar um homem em uma área de mangue, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. O crime ocorreu no dia 18 de janeiro deste ano, tendo o corpo sido achado após buscas no dia seguinte. 

Três mandados de prisão e três de busca e apreensão foram cumpridos no âmbito da Operação Maré Alta. As ordens expedidas pela Vara Criminal de Igarassu visavam elucidar a morte de Aristônio Souza de Andrade. 

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Seu corpo foi encontrado com duas marcas de bala na nuca e as mãos amarradas às costas em uma localidade conhecida como Beira-mar. Um casal foi preso na operação e outras duas pessoas - uma delas já reclusa no Cotel - são apontadas como suspeitos. 

O grupo teria abordado a vítima em seu veículo e lhe extorquiram por horas. Após os criminosos receberam as transferências bancárias exigidas, executaram a vítima. O carro em que Aristônio estava também foi subtraído, apontaram as investigações. 

A Polícia Civil, o Ministério Público do Rio (MPRJ) e própria Polícia Militar investigam uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizada no domingo (21) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, depois de um policial baleado por traficantes morrer. Na manhã desta segunda-feira (22) um dia após a incursão dos agentes, oito corpos foram retirados de um manguezal por moradores da favela. Até o início da noite, sete das oito vítimas já haviam sido identificadas pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo. Segundo a polícia, cinco tinham antecedentes ou anotações criminais. Um dos mortos sem antecedentes foi encontrado "com roupa camuflada semelhante à do restante do grupo", afirmou a corporação, por nota.

A operação do Bope aconteceu após o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva ter sido atacado no sábado durante um patrulhamento na região. Baleado, ele não resistiu. No domingo, o Bope foi informado que um dos suspeitos do ataque estava ferido no interior da favela e realizou a operação no local. A ação foi informada ao MPRJ.

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O resgate dos oito corpos do manguezal foi feita pelos próprios moradores da favela no início da manhã. Parentes das vítimas, segundo relatos da comunidade, entraram na lama para recolher os cadáveres. Bombeiros e policiais militares não foram vistos no local nas primeiras horas do dia, enquanto policiais civis chegaram apenas depois das 10h. O Salgueiro, comunidade pobre em uma cidade-dormitório da Região Metropolitana do Rio, é considerado muito perigoso, devido |à ação de traficantes. Moradores afirmaram que os corpos estavam desfigurados, o que, para eles, seria indício de tortura. A PM sustenta que houve confronto.

"Meu irmão foi barbarizado, está com o rosto irreconhecível", contou a irmã de um dos mortos, que deu entrevista no Instituto Médico Legal de São Gonçalo, que preferiu não se identificar. "A gente reconheceu pelo corpo, pela tatuagem com o nome da minha mãe. Ele teve o rosto desfigurado com golpes de faca, outros tiveram os dentes arrancados, os olhos furados e arrancados, dedo decepado. Não foi troca de tiro. Eles pegaram as pessoas de surpresa, mas não sabemos onde."

O marido dela foi responsável por identificar o corpo do cunhado, ainda antes da remoção para o IML. "Eu fui lá no mangue e vi, porque ela não tem estrutura para ver. Fui lá, puxei o pano de um por um e vi com meus próprios olhos. Vi uma coisa desumana. Teve menino sem olho, outro sem dedo. Esse pessoal foi torturado antes de morrer. Meu parente era envolvido, mas a gente não imaginava encontrar naquele estado."

A irmã de outro homem deu depoimento semelhante. "Torturaram meu irmão, furaram o olho do meu irmão, quebraram o braço dele", contou. "Meu irmão era magrinho, não dava um sopro em ninguém, ele não aguentava. Quem foi pra pegar parece que foi pra pegar rato. Meu irmão tinha problema de pulmão, tinha pino nos pés, depois de sofrer um acidente. Não iria correr. O garoto não era bandido, não se misturava. Para que torturar ele? Ele foi comprar uma cerveja, que ele gostava de beber. Eu não quis ver, não tive condições de ver meu irmão. Muita crueldade. Tem gente mutilada, tem adolescente morto". "Arrancaram os dedos do adolescente, para que mutilar? Isso é tortura, é desumano.

Segundo ela, a morte do rapaz "acabou" com sua família. "Ele não tinha envolvimento com nada, fazia bico, pegava serviço de ajudante de pedreiro", afirmou. "Favelado é gente, a gente não mora na favela porque quer, mas porque tem necessidade."

A PM afirmou que, por volta das 15h de domingo, uma equipe do Samu foi acionada para auxiliar um homem ferido na favela, e criminosos armados obrigaram que ele fosse retirado do local. A ação do Bope aconteceu próximo ao manguezal. Moradores relataram forte tiroteio.

"As equipes foram atacadas nas proximidades de uma área de mangue com mata, ocorrendo um intenso confronto", afirmou a Polícia Militar, em nota oficial. "Na ação foram apreendidos duas pistolas, 14 munições calibre 9 mm, 56 munições de fuzil calibre 762, cinco carregadores (02 para fuzil e 03 para pistola), um uniforme camuflado, 813 tabletes de maconha, 3.734 sacolés de pó branco e 3.760 sacolés de material assemelhado ao crack. A ocorrência foi registrada na 72ª DP."

A promotoria informou por nota que a 2.ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) sobre a ação policial na favela. A Polícia Civil afirmou que as "investigações estão em andamento pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG)". A PM anunciou inquérito policial-militar.

Segundo a Polícia Civil, agentes da Delegacia de Homicídios fizeram nesta segunda perícia e realizaram as primeiras diligências na região. Buscaram testemunhas e outras pistas para esclarecer a dinâmica das mortes.

Rio acumula chacinas

No fim da tarde de da segunda, 22, a Human Rights Watch divulgou nota questionando a ação dos policiais militares. "Uma vez mais, trata-se de uma operação mal explicada e cheia de pontos de interrogação", diz o texto, citando declarações do porta-voz da PM sobre a existência de "vários confrontos" com "inúmeros feridos". "A Polícia Militar deveria, portanto, esclarecer se acionou o serviço de socorro para atender a todos os feridos e porque não preservou a evidência nos lugares dos tiroteios, especialmente onde houve mortes", defende a organização.

Os corpos encontrados nesta segunda aumentam ainda mais o número de mortes em série no Rio este ano. Dados da Rede de Observatórios da Segurança apontam que, até o mês de outubro, o Estado registrou 38 chacinas, quatro a mais do que 2020. A Rede informou ainda que 27 delas foram cometidas por policiais, com 128 mortes registradas.

Em maio, 28 pessoas foram mortas - sendo uma delas um policial civil - após ação da polícia na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. A ação ainda é investigada e teve fortes indícios de execução. Até o momento, dois agentes que participaram da ação se tornaram reús.

Um soldado da Polícia Militar (PM) de Pernambuco foi punido por agredir um menor durante 3h, em uma área de mangue, no Centro do Recife. Sem experiência que garantisse sua estabilidade, o ‘praça’ foi condenado com licenciamento a bem da disciplina, ou seja, foi excluído da corporação.

O documento assinado pelo secretário de Defesa Social (SDS), Antônio de Pádua, na sexta-feira (11), indica que na noite do dia 3 de fevereiro de 2015, o militar apreendeu o jovem na quadra de Santo Amaro, próxima ao posto policial da Avenida João de Barros, no Centro da capital pernambucana.

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Detido desde as 22h, o menor foi levado ao manguezal, onde foi torturado para que informasse a localização de dinheiro e drogas. Já na madrugada, por volta de 1h, o menor foi retirado do mangue e teve a casa invadida.

Após a busca sem autorização judicial, nenhum tipo de ilícito ou condição que configurasse flagrante delito foi identificada e o policial deixou a residência.

O laudo traumatológico confirmou o espancamento e atestou que houve "lesão a integridade corporal ou à saúde do examinado, por meio de instrumento contundente". Diante das provas, a corregedoria da PM entendeu que ele desrespeitou o Código Disciplinar da Corporação e a dignidade da pessoa humana.

Grupos de ambientalistas em todo o Brasil criaram a campanha #RestingaeMangueFicam, na última sexta-feira (9), pedindo que a decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que derrubou resoluções sobre proteção permanente em 1,6 milhão de hectares de áreas de restinga e manguezal, seja definitivamente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na última semana, a ministra Rosa Weber, que é relatora do caso no STF, pediu explicações sobre as decisões do Conama ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Com o objetivo de pressionar pela suspensão das decisões do conselho, diversos grupos que lutam pela conservação do meio ambiente iniciaram a campanha, que em 30 horas conseguiu cerca de 100 mil assinaturas. 

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Entre os grupos envolvidos na articulação, estão o Nossas, Salve Barra da Jangada, Engajamundo, O Cicli - Pedalando pelo Clima, Jovens pelo Clima, O Futuro que Queremos, Salve Maracaípe, Bate Papo com Netuno, Meu Recife, Amazônia na Rua (Recife), Xô Plástico, Instituto Verde Luz, Recife sem Lixo, 342 Amazônia, Gaitero Tour, Pescando Ciência e GreenGirl. 

"Esse governo negacionista e liberalista nos coloca na contramão do mundo quando se trata de discussões ambientais, a crise climática é real, os impactos causados pelos incêndios ininterruptos, a série de desmontes nas legislações ambientais e o desmantelamento das políticas públicas de proteção e preservação são incomensuráveis, a degradação ambiental é tamanha que inviabiliza sua capacidade de regeneração natural e pode não ter volta", afirma Eddie Rodrigues, membro do Fórum Ambientalista de Pernambuco. 

Por sua vez, Karina Penha, mobilizadora do Nossas, declarou que ações como a que o Conama propõe, em tempos de emergência climática, são inaceitáveis. “Permitir que decisões como essa sejam tomadas no momento em que se vive uma emergência climática por governos que nos seus discursos mundiais dizem se comprometer com o meio ambiente é inaceitável”, disse ela.

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Dois jogos criados pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura do Recife foram selecionados para participar do 11º Festival do Videogame-PE. Mangue e Tal PlayBook fazem parte de um acervo de jogos focados em educação ambiental, e estão entre os 30 finalistas do evento.

Ambos os games oferecem diversas atividades lúdicas que tratam temas como sustentabilidade, reciclagem e biodiversidade, para conscientizar crianças sobre a importância da preservação ambiental. Os vencedores serão divulgados durante o evento, que será realizado de forma virtual e gratuita no próximo sábado (15).

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Quem estiver assistindo a transmissão, das 14h às 23h, poderá conferir atrações tecnológicas, convidados especiais do mundo dos games, apresentações de cosplay, shows de K-pop, além de amostras de jogos gratuitos de diversos países. O evento  será transmitido pelo canal do Power-Kon TV, na Twitch.

Na manhã desta quinta-feira (30), a Polícia Civil cumpriu nove mandados de prisão para elucidar o assassinato brutal de uma jovem, de 26 anos, grávida de cinco meses. Ela namorava um detento que lidera o tráfico da região de Rio Doce, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR0, e responde por 19 crimes. Ele teria ordenado a execução por não aceitar a gravidez.

No dia 11 de abril de 2018, a gestante desapareceu após ser atraída por mulheres que entregariam um dinheiro enviado do presídio para a financiar o enxoval do bebê. Às margens do mangue entre Olinda e Paulista, ela foi espancada, executada a tiros e teve o corpo enterrado.

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Segundo a investigação, o detento ordenou o assassinato pois estava descontente por ela ter abandonado o tráfico e queria que o filho fosse abortado. "O namorado dela não aceitava que ela tivesse esse filho e por esse motivo mandou assassiná-la", pontuou o delegado Guilherme Caracciolo.

"Esse mandante é o chefe da associação criminosa e comanda esse grupo de dentro do presídio. A atividade principal deles era o tráfico de drogas, como ele tinha subordinados, ordenou que fizessem a execução", complementou o delegado.

Doze mandados de prisão foram expedidos, mas apenas nove foram cumpridos. Desses, cinco suspeitos já estavam reclusos nos presídios de Igarassu, Limoeiro e Petrolina. Outros quatro foram capturados e três seguem foragidos. Eles vão responder por feminicídio qualificado, ocultação de cadáver, aborto, ameaça, corrupção de menores e associação para o tráfico de drogas.

Celulares também foram apreendidos na ação, pois as autoridades ainda tentam localizar o corpo da jovem, como explica o delegado Caracciolo. "É um local bastante grande, uma área de mangue e de difícil acesso. Estamos em diligências tentando localizar o ponto exato e, a partir daí, solicitaremos o apoio do Corpo de Bombeiros para localizar o corpo", finalizou.

No momento crítico que os manguezais estão passando, em meio ao derramamento de óleo no Nordeste, o governo federal fez uma alteração em um plano de proteção que pode vir a fragilizá-los ainda mais. À revelia de pareceres contrários de seu corpo técnico, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou no dia 30 uma alteração no Plano de Ação Nacional (PAN), revogando um item que previa ações para a erradicação de carcinicultura (criação de camarão em cativeiro) e a recuperação dos sistemas já afetados.

A mudança foi feita após pedido do secretário da Pesca, Jorge Seif Júnior - o mesmo que afirmou na quinta-feira (31) que os peixes são inteligentes e fogem quando veem óleo e, por isso, não haveria problema em comer pescado no Nordeste. A secretaria é ligada ao Ministério da Agricultura.

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De acordo com o ICMBio, os PANs são instrumentos de políticas públicas que identificam e orientam ações prioritárias para combater as ameaças que põem em risco populações de espécies e os ambientes naturais. Existem PANs para mais de 60% das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. O dos manguezais foi o primeiro a contemplar todo um ecossistema. Cada PAN conta com um grupo de assessoramento técnico (GAT), mas todos foram extintos no começo deste ano quando o presidente Jair Bolsonaro decretou um "revogaço". Por isso, precisaram ser reeditados.

Criado em janeiro de 2015, o PAN Manguezal tinha vigência até janeiro do ano que vem. Ele foi republicado por meio de portaria do ICMBio no dia 10 de setembro, nos mesmos termos da versão original. Logo na sequência, conforme apurou o Estado, Seif Júnior entrou em contato com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pedindo a revogação do objetivo 9 do PAN - justamente o que estabelecia ações contra a carcinicultura. No dia 16, ele enviou um ofício formal ao presidente do ICMBio, Homero de Giorge Cerqueira, alegando que o item contraria o Código Florestal.

A lei, reformulada em 2012, considera manguezais como áreas de preservação permanente, mas permite cultivos no chamado apicum, um trecho mais seco e sem árvores. O Estado teve acesso a toda a documentação do processo interno dentro do ICMBio. Houve várias manifestações técnicas das coordenações responsáveis a favor do objetivo 9 e até mesmo um parecer jurídico da Procuradoria Federal especializada.

Explicação

A carcinicultura, explica a oceanógrafa Yara Schaeffer-Novelli, professora sênior da USP, é considerada danosa para o sensível ambiente dos manguezais, que servem de berçário para diversas espécies, além de serem fonte econômica para diversas comunidades de pescadores e marisqueiras. Yara fez parte do GAT até o começo deste ano, quando foi extinto. Ela estava fazendo justamente um estudo sobre impacto da carcinicultura nos manguezais. "A exclusão desse item acaba fazendo com que esses resultados acabem sendo jogados para debaixo do tapete."

Segundo ela, um dos problemas é que os manguezais são ecossistemas de usos múltiplos. "A carcinicultura acaba tirando isso. Além disso, é introduzida uma espécie exótica naquele ambiente e os despejos da água dos tanques, com alimentação dos camarões, com antibióticos, vão parar no estuário", explica Yara. A pesquisadora lembra ainda que a maior parte dessas fazendas de camarão está justamente no Rio Grande do Norte e no Ceará, alguns dos Estados mais afetados pelas manchas de óleo. Ela pondera também que, apesar da permissão do Código Florestal, boa parte do cultivo é ilegal e escapa dos apicuns, atingindo outras áreas dos manguezais. O ICMBio, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura foram procurados, mas não se manifestaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Museu de Arte Contemporânea Aloisio Magalhães (Mamam) promove a oficina “Arte Urbana no Mangue”, com o grafiteiro e educador popular José Clayton, mais conhecido como Carbonel. A atividade tem como proposta apresentar a ligação do Rio Capibaribe com as pontes do Recife. Serão quatro encontros com aula prática e visitação, por meio de embarcações, ao Centro Cultural das Artes e Atelier MangueCrew, localizado debaixo de pontes da cidade e às margens do Capibaribe - local onde Carbonel vem produzindo suas obras. Os encontros ocorrem nos dias 20 e 27 de outubro, 03 e 10 de novembro.

"No primeiro encontro, vou falar um pouco da minha história e da técnica do grafite; no segundo, vamos dar um passeio pela rua da Aurora e captar algumas imagens. O terceiro e quarto momentos vão ser dedicados à produção de um painel. No último dia, também teremos um mutirão de grafite, com a presença de outros artistas urbanos"

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Carbonel é artista de rua, grafiteiro, com 18 anos de carreira. Ele colore muros, casas inteiras e objetos variados com a mistura de cores quentes e imagens alegres. Seus grafites freestyle já foram exibidos em cidades do Brasil e de países como Alemanha, Itália, Holanda e Bélgica.

O curso “Arte Urbana no Mangue” oferece dois tipos de bolsas via formulário, abertos até dia 11 de outubro de 2019. Após o período de análise, os(as) candidatos(as) selecionados(as) receberão a confirmação de participação por e-mail. O curso custa R$ 132 e as inscrições podem ser feitas, clicando aqui.

Para quem deseja se increver e solicitar bolsa social, é necessário preencher o formulário até esta sexta-feira (11), assim como a autodeclaração para canditdatos indigenas e negros.

Serviço

Artes urbanas no mangue, com Carbonel

20, 27 de outubro; 03, 10 de novembro | 9h às 12h

1º Encontro no Museu

2º Encontro - Rio Capibaribe

3º Encontro - pontes do Recife

4º Encontro - Centro Cultural das Artes e Atelier Manguecrew

Classificação 14 anos

R$ 132

*Com informações da assessoria

Diante de todo o cenário caótico que o meio ambiente (de forma geral) está vivendo - principalmente por conta dos distratos causados por quem tanto depende dele -, encontrar algum ser humano que esteja disposto a abdicar da própria vida urbana e se entregar de corpo e alma para a proteção da fauna e flora atualmente é algo que também está ficando escasso. 

No entanto, como ‘no fim do túnel sempre há uma luz’, no meio do manguezal nossa equipe de reportagem encontrou o proclamado ‘Tarzan Pernambucano’. Ao longo de seus 68 anos, 33 deles seu Amaro Tibúrcio entregou para a proteção do mangue e dos animais que dependem desse habitat. Morando numa ilha no meio do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, Tarzan recebe pela sua dedicação a beleza de um manguezal preservado. 

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Engana-se quem pensa que esse senhor de 68 anos está cansado de lutar. Todos os dias ao acordar, Amaro tem como visão os rios Pirapama e Jaboatão, cursos de água que cortam a sua humilde cabana. “A minha vida aqui é não deixar que as pessoas cortem as madeiras e façam o que não podem fazer. Se o pau estiver podre e você quer fazer um fogo, tudo bem, mas se estiver verde, não leva”, explica Amaro

Mesmo tendo morado em Ponte dos Carvalhos, bairro do Cabo, maior parte de sua vida, Tarzan diz que não se adaptou com “as pessoas do centro”. Sem essa adaptação e passando por uma situação difícil depois do fim de um relacionamento, juntou o útil ao agradável e resolveu viver com as muriçocas, peixes, siris, mariscos e sem energia elétrica na pequena ilha que só é encontrada por quem estiver em algum transporte marítimo. 

“Eu aqui sobrevivo com a ajuda das pessoas, com o que pesco e não quero riqueza. Mas, não era nada de mais que uma secretaria me posicionasse aqui dentro com algo que me rendesse dinheiro pelo que estou fazendo aqui. Porque não vá pensando que chega qualquer um aqui pra sair cortando, não (sic)”, desabafa Amaro.

Tarzan não tem renda fixa e alguns ‘trocados’ que consegue vem de suas confecções de placas, faixas, adesivos e camisas. Por isso, em cima de seu pequeno barco precisa ir algumas vezes da semana até as áreas mais movimentadas da cidade para conseguir alguns trabalhos. Além disso, algumas das poucas idas de Tarzan à cidade se dava quando ele trabalhava como locutor em algumas rádios locais, mas há 1 ano e 8 meses muita coisa na vida desse protetor do mangue mudou: “eu aceitei Jesus”, revela. Por isso, quando indagado por que estava usando ‘tanta roupa’, rapidamente Amaro Tiburcio justifica que agora sua vida tem um novo plano espiritual.

A fama do Tarzan ao longo desses 33 anos vem crescendo exponencialmente nas cidades do Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes. Um homem que está doando maior parte de sua vida para a proteção, pelo menos, do mangue que está ao seu redor. Tibúrcio diz ter consciência da importância da preservação do mangue, de suas limitações, mas acredita piamente que exerce um trabalho importante e não pretende ‘arredar’ o pé do local onde mora: “só saio daqui quando eu morrer”, pontua. 

Confira a entrevista exclusiva

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Depois que o vazamento de 5 m³ de resíduo oleoso (óleo e água) de despejos industriais da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizado no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, atingiu o mangue a Polícia Federal enviou para o local peritos criminais que vão realizar laudo pericial que deverá apontar qual a extensão do possível dano ambiental e o que causou, de fato, o episódio.

A PF aponta que, após a conclusão do laudo, serão analisados a existência da prática, ou não, de crime ambiental. Se constatado tal infração, será aberto um inquérito policial que deve atribuir responsabilidades à todos os possíveis envolvidos.

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Sobre esse vazamento que aconteceu na última segunda-feira (26), a  Prefeitura de Ipojuca informou que, desde terça-feira (27), está no local com uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, coordenada pelo secretário Erivelto Lacerda. Biólogos, geólogos, engenheiros florestais e de pesca avaliam os danos ambientais - tentando, em conjunto, tomar as medidas necessárias.  

"Como o óleo vazado da Refinaria atingiu o mangue, os técnicos da Prefeitura estão apurando, junto com a Petrobrás, em parceria com a CPRH e com o IBAMA, o quantitativo real do vazamento e se a área próxima ao estuário do Rio Ipojuca foi atingida", assegura o órgão municipal. 

A prefeitura de Ipojuca salientou ainda que "a Refinaria afirma que o vazamento foi de 5m³ de óleo e que há quatro barreiras de contenção preventiva para que o rio não seja atingido, apesar disto, já foi acordado com a Prefeitura do Ipojuca que novas contenções serão feitas pela Refinaria."

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-> Refinaria Abreu e Lima segue operando mesmo após vazamento

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Seis anos se passaram desde que Gilmar Bolla 8, membro fundador da banda Nação Zumbi, lançou o primeiro disco do seu novo grupo, o Combo X. Com 'A ponte' (2013), o músico recebeu quatro indicações ao Grammy Latino e apresentou seu novo trabalho em festivais como o Rec-Beat, no Recife.

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Agora, a banda lança 'Meu Brinquedo', fruto de um longo processo de gravação que durou anos. O disco de 10 faixas pode ser ouvido nas principais plataformas de transmissão de música, mas ainda não foi lançado em versão física. Já está disponível também o clipe da música 'Mais que perfeito', assista clicando aqui.

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A nova fase de Bolla 8 conta com a parceria de outro ex-integrante de uma banda fundamental para o Manguebit: Jadson Vale, conhecido como Bactéria, que foi por muito tempo integrante da Mundo Livre S/A e hoje acompanha o cantor Otto. A dupla, cujos caminhos se cruzam há cerca de 30 anos, é a principal responsável pela sonoridade da Combo X, que tem também o dedo do produtor Bid, que produziu 'Meu Brinquedo'.

Ao lado do percussionista Rinaldo Carimbó e do trombonista Izídio Lê, Gilmar e Bactéria conversaram com o LeiaJá no Rio Capibaribe, com o Recife e seus manguezais ao fundo, sobre o novo disco da Combo X (confira no vídeo acima). 

As provas de vestibular, e principalmente, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), costumam cobrar temas associados ao cotidiano das pessoas. Expressões artísticas, movimentos e manifestações populares são assuntos recorrentes e um tema atual, que tem tudo a ver com esta época carnavalesca, é o Manguebeat.

O assunto tem muito de literatura, história, geografia e sociologia. Pode ser cobrado em qualquer uma dessas provas e é preciso ter cuidado para entender o que acontecia no Brasil no período e saber fazer associações com outros assuntos. 

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Quando surgiu em Pernambuco, a partir do início dos anos 90, o Manguebeat tinha intenção de ter algo novo, diferente das produções realizadas em outras cidade como São Paulo e Brasília, que explodiam em bandas de rock e influências americanas. O novo estilo musical, comportamental e social, misturava elementos da cultura regional pernambucana, com o maracatu rural, antes marginalizado, unindo tudo ao rock e ao hip hop.

Voltando um pouco no tempo, o modernismo no Brasil traz, junto com a semana de arte moderna de 1922, toda uma ideia de brasilidade, de resgate da arte e da cultura nacional, fortalecida pelo manifesto antropofágico, que nada mais era do que a sugestão de se devorar a cultura, principalmente a européia, que influenciava as artes da época e depois “regurgitar” um novo produto, com características voltadas à realidade brasileira, mas sem perder as influências originais.

O Manguebeat se lança também com a publicação de um manifesto, assim como o período modernista, escrito pelo cantor Fred Zero Quatro, em 1992. Intitulado “Caranguejos com cérebro”, o texto explica o que seria o movimento, destrinchando sua nomenclatura e significações. Confira um trecho:

Mangue, a cena

Emergência! Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O modo mais rápido, também, de infartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Como devolver o ânimo, deslobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife.

Em meados de 91, começou a ser gerado e articulado em vários pontos da cidade um núcleo de pesquisa e produção de idéias pop. O objetivo era engendrar um *circuito energético*, capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop. Imagem símbolo: uma antena parabólica enfiada na lama.

Confira no vídeo abaixo a explicação do Professor de Literatura Tales:

Os principais idealizadores da cena mangue do Recife foram Chico Science, Fred Zero Quatro, Renato L, Mabuse e Héder Aragão, entre outros como Otto e os integrantes da Nação Zumbi, banda que junto com Chico colocou o Manguebeat na história da música brasileira. Etimologicamente falando, a palavra vem de ‘mangue’, ecossistema presente em boa parte do litoral nordestino e ‘beat’, de batidas, em inglês. As músicas criticam a destruição desse ambiente, que é fundamental para sobrevivência de muitas espécies, sobretudo o caranguejo, que nas letras de Science ganharam personificação.

Com música rica em crítica, o movimento apresenta o crescimento urbano como causador das mazelas econômicas e sociais, apresentando a degradação dos mangues e os aterramentos desenfreados como causadores das desigualdades. Leia neste trecho do manifesto: “Nos últimos trinta anos, a síndrome da estagnação, aliada a permanência do mito da *metrópole* só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano”.

Confira agora uma explicação voltada à matéria de geografia, com o Professor Benedito Serafim:

O bairro do Recife Antigo, no Centro do Recife, é palco de debates sobre inovação e tecnologia ao longo de toda esta quinta-feira (13).  A Mangue.Bit - Terceira Conferência de Startups do Nordeste, idealizada pelo MANGUEZAL, comunidade de startups da capital pernambucana, reúne importantes nomes do empreendedorismo no país para trazer à pauta debates importantes. Inovação, estratégias de venda e o ambiente do empreendedorismo no Brasil hoje são discutidos com empresas novas e de nome consolidado no mercado. 

Um dos patrocinadores do evento, o Overdrives, espaço colaborativo de startups criado pelo grupo SER educacional, marcou presença ao lado do Cesar Labs, Unilever e CMTech para falar sobre a geração de startups atual e o relacionamento dela com nomes mais tradicionais no mercado. “O Overdrives entra como um canal, uma das plataformas para melhorar, desenvolver a comunidade local de startups, então estar no MangueBit é quase uma coisa obrigatória. Esse é o momento onde Recife se mostra para o país todinho no que diz respeito ao que temos de startup”, lembra Luiz Gomes, head da marca. 

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O diálogo entre marcas recentes e com anos de mercado é capaz de oferecer trocas de ideias positivas pela diferença de realidade de cada uma no ambiente corporativo. Isso não muda, porém, as ideias em comum entre os empreendedores. “Hoje a gente sabe que há uma demanda muito forte de startups por aceleradoras, por investidores anjo, pelo contato com empresas de grande porte. E a oferta, que apesar de crescente, ainda não é suficiente”, explica Filipe Pessoa, executivo chefe de empreendedorismo do C.E.S.A.R, empresa com mais de duas décadas de formação.

Pela segunda vez no Mangue.bit, a head da Softex, Luciana Tsukada, conversou com o público sobre open innovation e lembrou da importância de um espaço voltado para o diálogo entre pessoas com boas ideias. “No ano passado via que espaços de conversa entre empresas estavam tão empolgantes que até ‘disputavam’ com o palco. É importante que haja uma iniciativa como essa, principalmente no Nordeste”, explica.

O público universitário também fez parte do evento, em sua maioria, de alunos do Centro de Informática da UFPE. “A gente convidou o pessoal do movimento de empresas juniores para conhecer e interagir com a comunidade de startups, fazer networking, trazer projetos para empresas e conhecimento para todos. Hoje, há uma grande lacuna de conexão entre o mercado e a universidade”, afirma Pedro Affonso, membro da Federação Pernambucana de Empresas Juniores (Fejepe). 

O Mangue.bit marca o início de um fim de semana repleto de eventos de tecnologias voltado para o público de startups. A partir da sexta-feira (14), os jovens universitários com interesse na prática de ideias inovadoras poderão compartilhar e executar projetos ao longo de 54 horas no Startup Weekend Uni, realizado na UNINASSAU Boa Viagem.

Na ponta de uma 'estrela' formada pelas comunidades de Cajueiro, Campo Grande, Campina do Barreto, Arruda e Peixinhos está situada a sede do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo. Prestes a completar 30 anos de atividades, o centro cultural que teve atuação determinante na formação do Movimento Mangue, de Chico Science, e de centenas de jovens daquelas vizinhanças, vem sofrendo com a violência que assola o lugar. Só nos últimos dois meses, a ONG foi invadida e roubada três vezes, tendo sido lesada, inclusive, em sua dispensa. No último roubo, todos os alimentos do projeto foram levados. 

A dispensa ficou vaziaO criador do Daruê Malungo - dançarino, músico, ator, capoeirista e professor -, Gilson José de Santana, mais conhecido como Mestre Meia-Noite, falou com exclusividade ao LeiaJá sobre os roubos. Ele enumerou alguns itens que foram levados como bujão de gás, utensílios, panelas e ferramentas como serras e furadeiras. Ele contou que os ladrões entraram pelos fundos da sede da ONG, destelhando a cobertura e invadindo a cozinha e a oficina de instrumentos. A biblioteca do espaço foi poupada. "A gente fez boletim de ocorrência e agora estamos esperando as diligências e o trabalho da polícia. Mas isso leva um bando de tempo, né?", ponderou o mestre. 

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Em 30 anos de atuação na comunidade de Chão de Estrelas, Meia-Noite já havia passado por algumas situações de furto mas nunca nesta proporção. O educador aponta o problema de drogas e guerra do tráfico que permeia a comunidade como sintoma da violência. Situados no centro de uma localidade cercada por 'grupos rivais', os alunos e profissionais do centro cultural acabam "bem no meio" das desavenças, cada vez mais violentas.  

O susto e os prejuízos sofridos foram denunciadas também pelas redes sociais, napágina oficial do Daruê, no Facebook. Mas a solidariedade das pessoas que admiram o trabalho da ONG não se restringiu ao meio virtual e a própria comunidade auxiliou o centro com doações: "Alguns mercadinhos da comunidade doaram alimentos para a gente continuar funcionando". As atividades educativas precisaram ser suspensas pelo período de uma semana, mas já estão sendo retomadas aos poucos. 

O Mestre Meia-Noite, que toca o centro com doações e patrocínio de projetos do governo, busca agora uma maneira de aumentar a segurança do local. Preocupado com os alunos, ele pretende instalar um circuito de câmeras no local, mas, para tanto, é preciso ajuda: "A gente não tem recursos suficientes para colocar câmeras de segurança. Precisamos para que os meninos venham para cá com mais segurança". 

Identidade e Orgulho

Completando 30 anos de ações de arte-educação em outubro de 2018, o Daruê Malungo foi o responsável pela formação de inúmeros jovens. Atualmente, o centro assiste 68 crianças e adolescentes que recebem aulas de artes plásticas, dança e expressão cultural, confecção de instrumentos e oficina de leitura. Mas aulas não se limitam a ensinar passos e movimentos, o ensino da cultura afro-indígena prima por um encontro dos alunos com sua identidade: "As raízes culturais que são a formação do povo brasileiro e é importante que as crianças tenham essa referência", diz Meia-Noite.

Além disso, no centro, uma "escola integrativa", como define o mestre, as artes são usadas na formação de cidadãos e na prevenção de sua saúde: "Hoje a gente tá levando a capoeira, o frevo, o maracatu, o samba lelê como uma metodologia de saúde. Não só a saúde física mas a saúde mental e emocional. E um resgate à família, mas a família não é só homem e mulher, é todo um conjunto." 

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Baseados nesses valores, o Mestre Meia-Noite, e as outras 10 pessoas que trabalham no Daruê Malungo - direta e indiretamente -, dão continuidade ao trabalho iniciado em 1988, a despeito das dificuldades como as enfrentadas nos últimos dois meses. A motivação para tanto vem das próprias palavras que nomeiam o projeto:  "Daruê é energia, força, luta; e malungo é companheiro; então juntando, aí tem companheiro de resistência, companheiro de batalha, companheiro de luta e de camaradagem.  Nem tudo é uma perfeição, mas é possível fazer da impossibilidade a possibilidade de se estar presente", assegura o Mestre.  

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Depois que se apresentou no 42º Festival do Folclore de Curuçá, no Pará, na noite de domingo (15), a cantora Joelma curtiu um pouco sua terra. Em registros publicados na sua conta oficial do Instagram, nesta segunda-feira (16), a loira deixou o glamour dos shows de lado e encarou um tratamento popular da cidade ao surgir toda tomada, da cabeça aos pés, por lama de um mangue.

Na rede social, Joelma brincou com a situação. "Me achei aqui. Meu tratamento natural. Meu Pará". Os fãs da artista paraense não perderam a oportunidade e entraram na onda de divertimento na publicação. “Na lama, porém feliz”, comentou um dos seguidores. Tatá Werneck, a Lucrécia da novela "Deus salve o rei", também deixou seu comentário. "Linda", disse a atriz. Confira:

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A Polícia Civil de Pernambuco atuou em flagrante por alcoolemia o motorista do carro que atropelou o triatleta Alan Castro Soares, de 39 anos, que pedalava na Via Mangue, Zona Sul do Recife. O condutor foi identificado pela Polícia como Ricardo Sergio Monteiro, um contador de 37 anos, que se recusou a fazer o teste do bafômetro após a ocorrência. 

De acordo com nota, a Civil afirma que os passageiros do carro, Laís Espirito Santo Cezar e João Paulo Nogueira (proprietário do veículo) também foram autuados por desacato e pelo Art. 310 do CTB. "Uma viatura da Polícia Militar passava no momento do atropelamento, e após recusa do motorista em fazer o teste do bafômetro, conduziu as três pessoas que estavam no veículo para a DP de Boa Viagem. O contador continuou se recusando a fazer o teste que aponta se o mesmo fez uso de bebida alcoólica ou não. E seguirá para audiência de custódia", informa a Polícia.

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A vítima foi socorrida para o Hospital Memorial São José, para realizar exames na coluna e no quadril e, segundo a Polícia, não corre risco de morte.​ O hospital ainda não divulgou o estado de saúde do paciente. 

Na manhã deste sábado (19), o triatleta Alan Castro Soares, de 39 anos, foi atropelado por um carro enquanto pedalava na Via Mangue, na Zona Sul do Recife. O condutor do veículo arrastou a bicicleta por mais de 60 metros e deixou, além da vítima, dois passageiros feridos. De acordo com testemunhas, o motorista apresentava sinais de embriaguez.

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O triatleta recebeu socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado para o Hospital Memorial São José, no Centro do Recife, para a realização de exames em sua coluna e seu quadril. Já o motorista e ambos os passageiros que o acompanhavam foram levados à Delegacia de Boa Viagem.  

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Em Curuçá, no nordeste paraense, do mangue saem o caranguejo, sustento de muitas famílias, e a lama (conhecida por tijuco), matéria-prima da fantasia usada no tradicional bloco carnavalesco "Pretinhos do Mangue". No domingo (11), segundo a organização do evento, mais de 17 mil brincantes e espectadores acompanharam o cortejo, que começou no Porto dos Pretinhos e seguiu pelas principais ruas da sede municipal até a praça da folia, na orla. Veja, acima, galeria de fotos de Bruno Carachesti.

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O bloco foi criado em 1989 a partir da frustração de dois amigos que foram ao mangue atrás de alimento, mas não conseguiram nenhum caranguejo. Então decidiram passar lama pelo corpo e saíram pela cidade em forma de protesto. "O mangue oferece o nosso caranguejo, mexilhão e camarão. É daqui que as famílias tiram seu sustento. Nossa intenção é aproveitar esse momento de alegria e passar essa mensagem de preservação", informou o presidente do bloco Edmilson Campos, mais conhecido como "Cafá", que está à frente da agremiação há 18 anos. "Nosso bloco é o mais democrático que existe, pois quando você passa o tijuco todo mundo fica igual. É uma brincadeira saudável, onde crianças e adultos participam com tranquilidade, e que atrai todos os anos milhares de turistas do Estado, do Brasil e até internacionais", completou Edmilson Campos.

Em 2010, em função de sua importância no calendário local, o bloco foi declarado "Patrimônio Cultural do Município de Curuçá", pela Lei nº 1.981, de 12 de fevereiro de 2010, e "Patrimônio Cultural do Estado do Pará", por meio da Lei nº 7.383, de 16 de março do mesmo ano. Além de conscientizar sobre a importância da preservação ambiental, o "Pretinhos do Mangue" traz, em sua 29ª participação no carnaval, o tema "Mexeu com uma, mexeu com todas. #Chegadeassedio", uma reflexão sobre o respeito à mulher. "Essa é uma  discussão que está em destaque em todo o Brasil e que resolvemos trazer para o carnaval, que é um momento de festa, mas também de respeito. E esse é um conceito que não se estende só à mulher, mas à religião, sexualidade e ao próximo de maneira geral", explicou o presidente do bloco.

Deixa o rio levar - Em destaque no corredor da folia, cinco alegorias, entre elas o tradicional caranguejo  gigante, mascote do bloco; a ostra; ala dos guarás, ave vermelha típica dos manguezais; a canoa dos piratas e a barraca do pescador, onde turistas e foliões degustaram crustáceos e peixes da região. A animação ficou por conta de show de carimbó, na concentração do bloco, e de um trio elétrico comandado por uma banda local, que animou o público com ritmos de fanfarra e o samba-enredo deste ano, "Deixa esse rio te levar".

De acordo com o autor do samba, o curuçaense Adalberto Favacho ("Adal"), a intenção foi mostrar as peculiaridades do município. "Procurei falar sobre pertencimento, sobre quem vive e gosta de Curuçá, mostrando as nossas praias, nossas belezas naturais, e que o maior mangue do mundo passa aqui no nosso quintal. Isso reafirma o valor da cidade para a população local, e é uma forma de mostrar ao turista o que temos de bom", destacou.

Adal nasceu em Curuçá, mas em função de estudos e trabalho, residiu em outros Estados. Depois de 15 anos fora, retornou ao Pará em 2003, quando reacendeu sua paixão pelo bloco e criou a "Rede Mangue de Turuvisão". Ele e o irmão, Augusto Favacho, se transformam em cinegrafista e repórter e satirizam as coberturas jornalísticas no carnaval da cidade. "De lá pra cá viramos um ícone no ‘Pretinhos do Mangue’, divertindo a todos", contou.

Tradição e preservação - Quem decidiu aproveitar o carnaval no município não se arrependeu. Entre os brincantes estava o servidor público Paulo Neves, 60 anos. Nascido em Curuçá, ele mora atualmente em Belém, mas todo ano faz questão de compartilhar essa vivência. "Acho importante manter a tradição e a consciência de preservar o meio ambiente. Mostro isso para meus amigos e parentes que moram em outros Estados, e muitos deles estão hoje aqui. Tem gente de Brasília, Macapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, que veio especialmente para curtir esse momento", disse Paulo Neves.

O curuçaense contou ainda que integra um grupo de quase 30 amigos, que há mais de 20 anos se reúne para limpar as áreas de mangue da cidade. "Essa é uma mobilização muito importante. Temos que preservar, pois a cada ano que passa tudo fica mais difícil. Doenças, enchentes, secas, tudo é consequência da ação do homem, do desmatamento, queimadas, entre outros fatores", avaliou Paulo Neves. Ainda segundo ele, outros grupos do município reforçam o trabalho de conscientização ambiental.

No corredor da folia, a família da estudante Lívia Rodrigues, 14 anos, recebe os amigos de Belém. "Nesse período de carnaval a casa costuma ficar sempre cheia. Há cinco anos montamos, inclusive, um camarote para que todos pudessem curtir com mais conforto. Temos o melhor carnaval do Estado, e aqui a diversão é garantida e sempre com muita tranquilidade", ressaltou.

Para que tradição e preservação andem juntas, a organização do evento disponibilizou camburões com barro para que os brincantes pudessem confeccionar o "abadá natural". "Isso contribui para a diminuição da entrada no mangue. Procuramos manter a tradição, respeitando e levando adiante a importância do ecossistema para nossa sobrevivência", frisou Adalberto Favacho.

O município também conta com a Associação Socioambiental e Cultural Pretinhos do Mangue, criada com o objetivo de profissionalizar cada vez mais o carnaval e desenvolver projetos voltados à questão ambiental.

Natureza e cultura - A relação entre cultura e preservação também é tema da pesquisa de mestrado de Marcos Ferreira, 27 anos, aluno da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus de Castanhal. O historiador quer apurar a continuidade entre natureza e cultura, e para isso acompanhou de perto a festa em Curuçá. "A ideia é verificar como ocorre a construção desse sentido ecológico durante o carnaval. Minha pesquisa tem caráter antropológico, e para isso acompanho os integrantes para saber como funciona toda essa dinâmica. Através da minha vivência neste período, vou avaliar os resultados e construir minha tese", informou Marcos Ferreira.

A tradição do "Pretinhos do Mangue" também ganhou visibilidade na capital paraense. Na última sexta-feira (09), um grupo de foliões do município se apresentou durante a programação carnavalesca da Fundação Cultural do Pará (FCP), que ofereceu ao público atrações de várias regiões do Estado. "Foi uma oportunidade importante para a divulgação da dessa manifestação cultural, que é marca do nosso município e já é conhecida nacional e internacionalmente", destacou Edmilson Campos.

Segurança - Curuçá é um dos 137 municípios que receberam reforço na segurança em função do carnaval. A operação começou na última sexta-feira (09) e prossegue até a próxima quinta-feira (15), com ações de prevenção à criminalidade e mortes no trânsito. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), cerca de seis mil agentes atuam na Operação Carnaval 2018, dos quais 3.500 militares são policiais militares trabalhando na capital e cidades e balneários com maior concentração de foliões.

A Polícia Civil reforça a operação com 127 servidores, em 23 delegacias do interior e Região Metropolitana de Belém. Já o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) realiza ações direcionadas para cumprimento da Lei Seca com agentes de fiscalização e de educação de trânsito, que fazem o trabalho preventivo envolvendo condutores e seus familiares, por meio de palestras, vídeos e atividades lúdicas para crianças em parques, praças e locais de grande acesso. Também integram a Operação Carnaval 2018 militares do Corpo de Bombeiros e de outros órgãos do Sistema de Segurança Pública.

Por Lidiane Sousa, da Agência Pará.

Sexta-feira, às vésperas do fim de semana e as baiteras, pequenas canoas feitas de madeira, antes ancoradas com cordas na beira da maré, são lançadas no Canal de Santa Cruz, em Itapissuma, Litoral Norte de Pernambuco. Com a proximidade do sábado e domingo, dias em que a venda de ostras aumenta consideravelmente nas praias pernambucanas, os ostreiros adentram na maré baixa ainda de madrugada.

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Pergunto aos pescadores como eles sabem se o canal vai estar cheio ou vazando para programarem os horários do dia de trabalho. As respostas divergem e nenhum deles diz utilizar artifícios tecnológicos ou sabedorias milenares para descobrir a hora de pico. São olhos acostumados, desde a infância, com o balanço da maré, de onde retiram o sustento familiar. Eles simplesmente sabem.

A bordo da canoa ‘Lisca’, alugada pelos ostreiros juntamente com um motor de bote, a reportagem do LeiaJa.com segue de carona maré adentro para descobrir como é feito o processo de retirada das ostras. A atividade exige uma atenção especial e redobrada; por serem trabalhadores autônomos, não podem se machucar ou se afastar do trabalho, caso se acidentem durante a primeira parte do trabalho.

Não há mapas virtuais ou físicos dos rios. Todo conhecimento sobre os caminhos da maré são passados de uma família para outra. Nas camboas, canais naturais no manguezal com dimensões que permitem a navegação de menores embarcações, os ostreiros parecem se sentir à vontade. O percurso do Canal de Santa Cruz até uma pequena região de mangues do Rio Igarassu leva cerca de uma hora. Eles dizem que para retirar a iguaria tem que se afastar muito do pier de Itapissuma, porque a disputa é grande e as ostras estão se acabando.

“O mangue começa a ficar escasso porque a gente vive disso aqui. A crise deixou todo mundo sem emprego e a natureza oferece o pescado que é de graça, mas o esforço físico é muito e só faço porque não tenho outra opção. É degradante demais”, conta Josemir Nascimento, 31, conhecido entre os ostreiros como Careca. Ele herdou do pai a técnica de retirar ostras do mangue e há 15 anos trabalha na área para sobreviver.

Terra das ostras

Itapissuma é considerado o maior produtor de pescado de Pernambuco e uma estimativa da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) aponta que 70% da população depende direta ou indiretamente da atividade pesqueira. O complexo estuarino do Canal de Santa Cruz recebe a descarga dos estuários dos Rios Igarassu, Botafogo, Arataca, Carrapicho e Catuama. Nos braços costeiros do canal estão os manguezais, ecossistemas de transição entre a terra e o mar, sujeito ao regime das marés.

Nas águas do Canal de Santa Cruz, as ostras são retiradas das raízes aéreas do próprio mangue e o objetivo dos ostreiros é retirar a maior quantidade dos moluscos para encher os baldes e garantir o sustento familiar com a comercialização do produto. A iguaria é utilizada há séculos como alimento e apreciado pelos mais refinados paladares em restaurantes frequentados no mundo inteiro.

Em Itapissuma, os ostreiros realizam todo o processo produtivo, desde a extração, o cozimento ou a conserva ‘in natura’, até as venda nas praias de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Nas proximidades das margens do estuário do Canal de Santa Cruz, uma série de casinhas feitas de tábua serve de depósito para os profissionais deixarem o material de trabalho, como o balde, os equipamentos e as roupas de ir ao mangue.

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Apesar de visivelmente serem presentes no município, pouco se sabe quem são e de que forma trabalham os ostreiros. A Prefeitura de Itapissuma informou que não há uma contabilidade exata de quantos profissionais atuam no ramo, porque eles são ‘desorganizados’ e trabalham por temporada. A gestão estimou em 800, o número de ostreiros. Não existem associações ou cooperativas e garantia de direitos ou políticas públicas não fazem parte da realidade prática de quem retira ostras todos os dias.

De acordo com um Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal do Litoral Norte, realizado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), do ano de 2008, uma necessidade urgente nas comunidades do município é o ordenamento da coleta de ostra. “Esforços no sentido de desenvolver o cultivo comunitário de ostras merecem um destaque nessas comunidades. No caso dos ostreiros da região do Canal de Santa Cruz para implantação deste empreendimento, requer capacitação, consultoria, informações sobre tecnologia, meio ambiente, associativismo e comercialização. Estudos sobre as ostras e o meio ambiente local, são muito importantes, visto a necessidade de se acompanhar os estoques nativos e possíveis cultivos que venham a surgir”, diz o documento.

Ronaldo Roberto dos Santos, 28, natural de Itapissuma, nasceu e se criou na maré. De segunda-feira a quinta-feira entra no mangue para coletar ostras. No fim de semana, ele vende o produto na Praia de Boa Viagem. Ele precisa alugar a canoa e o motor para não ter que remar por horas até os manguezais do Rio Igarassu. Com um balde cheio, que leva cerca de três horas para enchê-lo, ele lucra R$ 200, se o dia for bom nas vendas. É ostreiro e pescador desde a adolescência e conta que já chegou a chorar por causa dos mosquitos e bichos que vivem no mangue.

“Não é uma tarefa fácil. Tenho esposa e filhos e se eu pudesse estaria em outro emprego. Eu gosto de saber da maré, mas quero um futuro melhor para os meus filhos, ainda mais com o canal ficando escasso e as ostras e o pescado se acabando”, diz Ronaldo.

O Canal de Santa Cruz sofre um forte impacto ambiental que afeta diretamente a fauna e flora marinha, diminuindo os recursos pesqueiros e em conseqüência afetando toda população local. Com pouca fiscalização, atividades como a carcinicultura, pesca predatória e a falta de saneamento básico, que despeja todo o dejeto diretamente no canal, prejudicam cada vez mais a vida de quem vive da maré.

“Muitas pessoas em Itapissuma dependem da ostra para sua sobrevivência e medidas urgentes precisam ser tomadas, onde o principal problema a ser solucionado é a necessidade de diminuir o esforço de pesca sobre o estoque de ostras. Alternativas de renda precisam surgir para que esta população tenha uma melhora na sua qualidade de vida, além de soluções de médio e longo prazo que recuperem o estoque, diminuam a poluição e proporcionem um ambiente sadio para que o Canal de Santa Cruz recupere seu tamanho de comercialização”, diz outro trecho do documento da UFRPE.

Confira o documentário produzido pelo LeiaJá.com sobre os caminhos dos ostreiros:

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Nas praias de Pernambuco, os ostreiros de Itapissuma disputam espaço para vender o produto

Quem frequenta o litoral pernambucano conhece bem a iguaria. “Olha a ostra”, eles dizem. Com água na boca, o cliente gosta de saboreá-las com pimenta, sal, cominho e azeite. Uns ou outros sempre tentam diminuir o valor cobrado pelo vendedores, em média dez ostras por R$ 12. Pedem para colocar quinze e procurar pelas maiores. Poucos sabem, na verdade, o caminho da iguaria até chegar nos paladares.

Severino Faustino é ostreiro há 28 anos e diz que enfrenta a pior fase, tanto em vendas, como na retirada do produto por causa da escassez do mangue. “É um trabalho desumano. A gente não tem proteção nenhuma, não pode se aposentar nem tão cedo porque é um trabalho informal. A disputa é muito grande porque todo mundo quer vender. Quem não consegue entrar no mangue, paga pelo balde em Itapissuma. Custa R$ 40”, conta o vendedor.

Severino gostaria de uma condução ou um transporte para aliviar na rotina de trabalho. São três ônibus para ir e três para voltar, várias integrações. Muitas vezes vai em pé nos coletivos com um balde que pesa em média 20 kg. “Já prometeram um ônibus pra gente, mas até agora só ficou na conversa”, pontua.

A Secretária de Meio Ambiente, Indústria e Comércio de Itapissuma, Luciana Bernardo, informou que uma série de políticas públicas ainda não foram instituídas porque há uma dificuldade em saber quem é o real ‘ostreiro’. “É algo muito rotativo. Eles arrumam um emprego fixo e saem do ramo. Essa rotatividade dificulta a articulação de uma associação ou organização que contemple todos as demandas”, explica.

A gestora ressaltou que a Prefeitura distribuiu ‘kits ostreiros’, em setembro deste ano, com blusas, bonés e caixas térmicas, além de realizar uma série de palestras e atividades para incentivá-los a tornar o negócio mais organizado. No banco de dados da gestão municipal só constam 400 ostreiros cadastrados. Sobre o transporte até Boa Viagem, ela informou que em outras gestões já foi disponibilizado um ônibus, mas que os próprios ostreiros fizeram baderna e perderam o direito.

Sobre a fiscalização da pesca predatória, Luciana admitiu que a gestão não tem esse controle. “É muita gente no mangue por causa do desemprego. Existe a possibilidade da gente incluir os ostreiros em programas federais que já contemplam pescadores, como o Chapéu de Palha, para que eles recebem um dinheiro no período de reprodução das ostras, mas enquanto não existir uma associação ou cooperativa é muito difícil”, complementa.

Enquanto as promessas não saem do papel, Zuleide Maria, 51, leva três horas para chegar à Praia de Boa Viagem e às vezes não consegue nem o dinheiro da passagem. Com o balde de ostras equilibrado na cabeça, ela representa a atividade de centenas de mulheres e homens que vivem da comercialização da iguaria e esperam por mais garantias de direitos. 

*Fotografia: Paulo Uchôa/LeiaJáImagens

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