Maracatuzeiros pedem revisão da subvenção paga no Carnaval
Representantes de 15 nações participaram do ato, nesta terça-feira (5), para levar pessoalmente as demandas da categoria ao prefeito do Recife, João Campos
Na manhã desta terça-feira (5), representantes e integrantes de nações de maracatu de baque virado promoveram um ato em frente à Prefeitura do Recife, localizada na região central da capital, na tentativa de levar algumas demandas da categoria diretamente ao prefeito João Campos (PSB). Tocando seus tambores e cantando loas, os maracatuzeiros pediam por revisão na subvenção paga no Carnaval e propunham um projeto de salvaguarda da manifestação, entre outras.
Representantes de 15 nações de baque virado compareceram ao ato, chamado pela Associação de Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe), através de seus representantes e integrantes. Eles saíram em um pequeno cortejo pela Avenida Cais do Apolo, região central do Recife, e se concentraram em frente à sede da prefeitura. Tocando, os maracatuzeiros pediram por um encontro com o prefeito João Campos para que suas demandas fossem apresentadas. A via chegou a ser interditada por um momento, mas liberada logo em seguida.
Segundo o presidente da Amanpe, Fábio Sotero, desde junho a categoria tenta dialogar com a atual gestão, porém, sem resultado. Ele diz que as nações cobram por uma revisão nos valores da subvenção paga pela Prefeitura do Recife para a realização do Carnaval, "congelada há cerca de 20 anos", além de projetos de salvaguarda para a manifestação tombada como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil, desde 2014.
"Como que a gestão municipal não quer dialogar, não quer aceitar as nossas propostas? Isso é racismo institucional, porque o maracatu é de preto, de pobre, das periferias, mas é feito por trabalhadores", disse em entrevista ao LeiaJá.
Ainda de acordo com Sotero, que também preside a Nação Aurora Africana, os maracatuzeiros também foram deixados de fora da comissão montada pela gestão para elaboração de um possível Carnaval em 2022. Tal comissão foi apresentada pelo próprio prefeito João Campos, em 22 de setembro. "Os trabalhadores da cultura popular eles estão excluindo".
O mesmo disse Wanessa de Paula, presidente da nação Cambinda Estrela. Ela lamentou, ainda, a necessidade da categoria precisar se "expor na rua, durante a pandemia" para pedir por uma assistência "que já deveria estar sendo dada". "De fato, os maracatus nação não foram chamados para nenhuma escuta, nenhuma proposta que houvesse explicando um futuro Carnaval. Nós estamos realmente a ver navios. Fala-se tanto de Carnaval, mas a gente não sabe que Carnaval é esse, e quem faz Carnaval é a gente".
Cerca de uma hora após o início do ato, sete representantes da categoria foram chamados para conversar com o prefeito. Enquanto isso, os demais manifestantes aguardaram, sem tocar instrumentos, na entrada do prédio.