Salve o futebol objetivo e a imortalidade do Peito de Aço
A seção "Personagem da Semana" é dedicada aos destaques em Esportes - esta edição é sobre os 80 anos do único pernambucano bicampeão mundial (1958 e 1962), Vavá
Mais de oito minutos do primeiro tempo, no Estádio Rasunda, em Estocolmo. O Brasil perdia a final da Copa do Mundo de 1958 por 1 a 0. Zito encontrou Garrincha na habitual ponta direita. O Anjo das Pernas Tortas foi para cima de Simonsson, conseguiu o cruzamento e colocou a pelota na pequena área. O camisa 20 só completou com um toque e marcou o gol de empate. “Gooool, é do Brasil! Vavá!”, foi a narração do Jorge Cury.
O primeiro chute do pernambucano Edvaldo Izídio Neto havia sido dado em 1942, ainda aos 8 anos, no bairro do Pina, no Recife. “Meu pai sempre foi um fã do futebol”, contara. Vavá já se destacava, mas a timidez o impedia de chegar aos grandes clubes. E foi levado por um amigo para fazer testes no Sport, clube que era torcedor. Não ficou. Foi para o América. Passou também pelo “pior time do mundo”, o Íbis.
Vavá voltou ao Sport só depois. Se consagrou bicampeão juvenil, foi convocado para a seleção brasileira de base, mas sequer chegou atuar no profissional rubro-negro. Saiu em 1951. O ídolo leonino Ademir Menezes, que já havia se transferido para o Vasco da Gama, levou o pupilo para São Januário. “O clube do meu coração no Rio de Janeiro”, como gostava de declarar Vavá.
“Peito de Aço”. O apelido foi dado a Vavá pela garra e vontade que levava para dentro de campo. Não à toa ganhou a vaga em um dos melhores ataques já compostos pela seleção brasileira, ao lado de Didi, Pelé e Garrincha. O camisa 20 é o terceiro maior artilheiro brasileiro em Copas do Mundo.
O gol da virada em 1958 foi quase um replay do primeiro. Zito encontrou Garrincha na habitual ponta direita. O Anjo das Pernas Tortas foi para cima de Simonss
on, conseguiu o cruzamento e colocou a pelota quase na pequena área. O camisa 20 só completou com um toque e marcou o segundo dele no jogo, o quinto no Mundial (no final do texto, assista o vídeo da final na íntegra).
A Bola de Ouro da Copa do Mundo foi de Didi. A de Prata de Pelé, artilheiro com seis tentos. Vavá ganhou prestígio. Foi vendido para o Atlético de Madrid, da Espanha. Nunca mais voltou para o Vasco – por mais que tenha quisto.
Em uma entrevista à revista do Esporte (n. 148), Vavá revelou 38 gostos e desgostos. Dentre eles, “não gosto de driblar ou ser driblado”. Por outro lado, “gosto de marcar bastante gols”. Foi o autor do tento que sacramentou o bicampeonato mundial de 1962.
O pernambucano Edvaldo Izídio Neto morreu de parada cardíaca, aos 67 anos, em 19 de janeiro de 2002. Deixou saudades para o futebol e um legado inestimável que iniciou nos campos de várzea recifenses.