Em entrevista, Rivaldo fala de Messi, Copa e religião

Pernambucano concedeu uma entrevista ao jornal argentino Clarín

por João Victor sex, 23/11/2018 - 15:55
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Considerado por muitos como um dos maiores jogadores da história recente do futebol mundial, Rivaldo concedeu uma entrevista ao jornal argentino Clarín, onde, além de relembrar sua infância, falou um pouco sobre a pressão que sofreu durante sua carreira até conquistar uma Copa do Mundo.

Ídolo no Barcelona, Rivaldo conta que sentiu que algo estava faltando e de que era bastante questionado pelo fato de que quando jogava pela seleção brasileira ‘não era o mesmo que no Barça’.

“Estava faltando alguma coisa. Para ser o melhor, você tem que ganhar a Copa do Mundo. Eu sabia que precisava disso para que ninguém duvidasse de mim no meu país. E quando você faz isso é incrível. É uma tranquilidade, um alívio. É como se você estivesse completo”, disse.

Quando questionado se entendia o motivo pelo qual alguns argentinos duvidavam de Messi por não ser um campeão mundial, Rivaldo respondeu:

 “É a mesma coisa que aconteceu comigo. Tudo mudou em 2002. Ainda assim, Messi não teve essa sorte. Ele quer, ele sabe o que isso significa, mas ele não pode. Depende da equipe, da sorte... E é lógico que  os argentinos querem o que os torcedores do Barça tem. Mas isso não é fácil. Uma Copa do Mundo é de 30 dias e a cada quatro anos. Messi jogou três Copas do Mundo. São apenas 90 dias em sua carreira. Não é nada. Muitos grandes jogadores como Zico ou Platini nunca poderiam vencê-lo, mas Messi tem uma última chance.”

Eleito como o melhor jogador do mundo em 1999, Rivaldo também conquistou a Copa América pela seleção brasileira no mesmo ano. Em 2002, conquistou a Copa do Mundo. O craque também conquistou a Liga dos Campeões com o Milan em 2003 e venceu dez ligas em cinco países diferentes: Brasil, Espanha, Itália, Grécia e Uzbequistão.

A religiosidade de Rivaldo não é segredo e a história do início de sua fé é impressionante. O craque brasileiro se emocionou ao contá-la nesta sexta-feira ao jornal Clarín, no centro de Buenos Aires, em evento pré-final da Libertadores da América.

“Eu não era crente. Mas, em 2004, aconteceu algo impressionante”, disse o pentacampeão mundial, apontando para o braço arrepiado.

“Eu tinha saído do Cruzeiro e estava sem jogar. Nessa época, comecei a escutar uma voz que me dizia que eu ia morrer num acidente de trânsito. Escutava a todo momento e muito clara. Depois, outra voz me dizia que se eu tivesse fé, não iria morrer”, explicou.

“O mais estranho é que me dava muita vontade de dirigir. Então dava qualquer desculpa para pegar o carro. Dizia para a minha mulher que iríamos para Curitiba, passear, e ela não sabia bem o porquê”, continuou.

“Um dia, não aguentei mais. Fui sozinho para Mogi Mirim, a 160km de São Paulo. Toda a viagem eu escutava essa voz, cada vez mais forte. Tinha a sensação de que nesse dia ia acontecer algo. Me lembrava de alguns conhecidos que morreram em acidentes de trânsito. Meu próprio pai morreu num acidente. Voltei com muito medo, passava longe dos caminhões. Quando cheguei na minha casa, saí do elevador e comecei a chorar como uma criança”, contou o ex-atleta. “Nesse dia, decidi entregar minha vida a Deus. E nunca mais escutei essas vozes”, finalizou.

 

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