Demorou, mas o Náutico voltou para casa. Após cinco anos mandando seus jogos na Arena de Pernambuco, o Timbu retorna ao campo aonde sua torcida se sente a vontade. Os torcedores vieram de longe, de vários lugares do Brasil, e também de perto, dos arredores do Eládio de Barros Carvalho, de onde queriam que seu time nunca tivesse saído.

Há 33 anos morando no Maranhão, Alexandre Lopes se sente em casa nos Aflitos. No comando de seu restaurante, o Mandacaru, em São Luis, já recebeu a visita de jogadores do clube em 2017. Alvirrubro de carteirinha - é sócio em dia e já pagou todas as mensalidade de 2019 - ele entrou em um avião no sábado (15) e "pousou" nos Aflitos para o jogo da volta. "Desde ontem estou aqui dentro. Minha mulher quase me larga. Eu amo esse clube, acompanho o Náutico diariamente e não podia deixar de estar aqui nesse dia", disse.

Se Alexandre veio de longe, Fábio Barreto não via a hora de estar perto do Náutico. "Vim pela última vez aqui há seis anos. Eu moro aqui perto. Para mim é como se fosse o quintal da minha casa. Esse calor humano é diferente. Não tinha isso na Arena", opinou.

Já Lucas Saldanha não viu tantos jogos assim nos Aflitos. Ele conta que viveu intesamente os últimos momentos do time antes da ida para a Arena. O estudante de economia conta que sonhou muito com o retorno. "O pulsar é diferente, é caldeirão. A torcida chegar junto e se sentir em casa. Na Arena a dificuldade de chegar era muito grande. Todo alvirrubro desejou essa volta. Era uma coisa que a gente queria demais", afirmou.

No dia 2 de junho de 2013, pouco mais de 15 mil alvirrubros estiveram no empate entre Náutico e Portuguesa em duelo válido pela série A. Quase cinco anos depois daquela despedida, o estádio está reaberto oficialmente, com capacidade para pouco mais de 18 mil pessoas e tem tudo para se tornar uma "arma" do timbu para alcanças os degraus mais altos no futebol brasileiro. É o que esperam seus torcedores.

"Aqui vai ser de 15 mil para cima em todos os jogos", cravou Lucas Saldanha. "Acho que entre 12 mil e 14 mil todos jogo. Vai ser essa média", previu Fábio Barreto.

Um pouco menos eufórico e com os pés no chão, Alexandre Lopes acha que o torcedor vai chegar junto, mas, para ele, mais importante que o estádio será uma boa gestão do clube. "A Arena é estádio de primeiro mundo. Ganhamos títulos na Arena e não gahamos aqui durante muitos anos. Estou confiante na administração atual. Tem que ter uma administração séria para que o Náutico volte a ser grande e dispute de igual para igual com times do eixo Sul-Sudeste", aconselhou.

Varandas - No entorno dos Aflitos, cena de sempre para quem já frequentou o estádio, mas incomum nos tempos de arenas multiuso. Nas varandas e janelas dos prédios, vários torcedores reunidos assistindo a festa. O retorno ao Eládio de Barros Carvalho também reativou "camarotes" até mesmo para quem está fora dele.

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens