O motivo foi financeiro, diz família de Artur sobre crime

Família convocou a imprensa para cobrar justiça. Julgamento de dois acusados acontece dia 14 de setembro

por Jorge Cosme qui, 01/09/2016 - 13:10
Reprodução Artur foi assassinado no dia 12 de maio de 2014 com quatro tiros Reprodução

A família do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, assassinado no dia 12 de maio de 2014, convocou a imprensa para uma coletiva na manhã desta quinta-feira (1º). Em pauta, o julgamento de dois dos acusados pelo crime, previsto para começar dia 14 de setembro deste ano. 

Esta foi a primeira vez que a mãe de Artur, Maria Evane de Azevedo Pereira, de 65 anos, se pronunciou desde o assassinato. Ela não havia comparecido em audiências sobre o caso, ao contrário do pai. Veio de Campina Grande-PB para a coletiva. “Vocês não imaginam o quanto é difícil falar sobre esse caso. Era um bom filho, um bom profissional, uma pessoa muito humana, e de repente a gente acorda sabendo que ele estava morto numa beira de BR”, disse emocionada.

O advogado criminal Daniel Lima, assistente da promotoria, aponta com firmeza que a motivação do crime foi financeira. Preso por ser o suposto mandante do crime, o médico Cláudio Amaro Gomes estaria perdendo espaço por conta de medidas tomadas por Artur. “Não foi vaidade, foi o financeiro. Após Artur terminar uma sociedade com Cláudio, a renda de Cláudio diminuiu em torno de 75%. Além disso, foi criada uma câmara técnica de cirurgia toráxica. Ideia de Artur. Cláudio era cirurgião cardíaco. Essa câmara iria acompanhar as cirurgias e poderia encontrar possíveis irregularidades nos procedimentos de Cláudio”, conta o advogado. Além disso, a equipe cirúrgica de Cláudio estaria sendo preterida pela de Artur. 

Foi entre 2008 e 2009 que Cláudio conheceu Artur, após indicação de colega de turma de Artur, que trabalhava com Cláudio. O acusado chegou a viajar a São Paulo, onde Artur morava, para convencê-lo a trabalharem juntos no Hospital Português, localizado na área central do Recife. Inicialmente, Artur recusou, mas depois concordou em passar 15 dias no Recife e 15 dias em São Paulo porque a esposa, Carla Azevedo, não estava em condições de viajar.

Carla conta que desde aquela época Artur percebia alguns desvios de ética no comportamento de Cláudio. Em 2011, eles se separaram. “Até comentávamos que o que ele estava fazendo era coisa de polícia”, ela lembra. Carla cita, como exemplo dos tais atos questionáveis do cirurgião, que ele protelava cirurgias de pacientes com suspeita de câncer para que ele conseguisse arrumar um cirurgião torácico e fazer o procedimento, ao invés de fazer a transferência.  

Ao todo, cinco pessoas foram indiciadas pelo crime: Cláudio Amaro Gomes; Cláudio Amaro Gomes Júnior, filho do médico; Jailson Duarte César, que teria sido o responsável por aliciar os executores; Lyferson Barboza da Silva e Flávio Braz de Souza, que seriam os responsáveis pelos disparos. Flávio Braz foi morto em 2015 durante troca de tiros com a polícia. Os outros quatro suspeitos seguem preso.

O julgamento do dia 14 será apenas de Cláudio Júnior e Lyferson. O médico apontado como mandante e Jailson entraram com recursos e só devem ser enviados para julgamento após análise do pedido. 

“Nós acreditamos que todos os cinco são culpados, em especial o que arquitetou todo o plano. Ele estava possuído pelo demônio chamado dinheiro”, opina o pai de Artur, o religioso Alvino Luiz Pereira, 65. 

Confira o depoimento da mãe de Artur, pedindo que o corpo de jurados se sensibilize com o crime.

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Resumo – Artur Eugênio de Azevedo foi assassinado com quatro tiros, um na cabeça e três nas costas. O corpo foi jogado às margens da BR-101 e seu carro foi encontrado carbonizado. 

Ele foi sequestrado na entrada da própria residência, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Imagens de câmeras de segurança flagram Cláudio Júnior monitorando o médico junto com outras duas pessoas. 

As impressões digitais do filho do cirurgião também foram encontradas em um recipiente com combustível encontrado no carro de Artur e utilizado para incendiar o veículo.  Outro elemento que a acusação irá utilizar são as ligações feitas entre o médico e seu filho.

“Pai e filho nunca trocaram telefonema durante a noite. Justamente no dia do fato há duas ligações. Uma às 20h17, Júnior ligou para o pai. A torre de comunicação que eles estavam indica que ele estava no Hospital Português [de onde Artur saiu para ir para casa]. Às 21h59, o pai liga para Júnior, que está no Brejo da Guabiraba, área onde o carro foi encontrado”, destaca o advogado. 

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