Médico responderá na Justiça por tortura na ditadura
Acusado terá de responder por lesão corporal grave, por ofender a integridade corporal e a saúde da vítima; crime ocorreu há 47 anos
O médico general reformado do Exército Ricardo Agnese Fayad, 77 anos, responderá na Justiça pelos crimes de tortura cometidos no período da ditadura militar no Brasil. A 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro aceitou a denúncia em que o ex-oficial é acusado de participar de sessões de tortura contra o militante político Espedito de Freitas, entre os dias 10 e 22 de novembro de 1970.
De acordo com o Ministério Público Federal, o médico terá de responder por lesão corporal grave, por ofender a integridade corporal e a saúde da vítima, dentro do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do Exército. O general também teve o registro de exercício profissional cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.
O MPF informou que o militante político sobreviveu as sessões de tortura, mesmo com lesões causadas pela introdução de objetos em órgãos genitais e após desenvolver sequelas como sangramento intestinal, inchaço na região escrotal e problemas de coluna.
Segundo as denúncias que estão na Comissão Nacional da Verdade, os crimes contra Espedito de Freitas não foram os únicos que Fayad teria participado. Para os procuradores do MPF, como se trata de crime contra a humanidade, apesar de ter sido cometido há 47 anos, não é passível de anistia.