90% dos brasileiros avaliam sistema de saúde como péssimo

Dificuldade no acesso à serviços como consultas com médicos especialistas, exames de imagem e atendimento com psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas estão entre os principais gargalos da rede pública e privada

por Nataly Simões ter, 26/06/2018 - 15:30

Cerca de 90% dos brasileiros consideram o sistema de saúde – público ou privado – péssimo, ruim ou regular. A avaliação foi apresentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e os dados são da pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha, entre os dias 9 a 16 de maio, com abrangência nacional e participação de 2.087 entrevistados (59% residentes no interior do país).

A valorização ao Sistema Único de Saúde (SUS) aparece com ênfase no estudo. Os números indicam que, para 88% dos entrevistados, o sistema deve ser modelo de assistência de acesso universal, integral e gratuito, conforme previsto em suas diretrizes legais.

Segundo a pesquisa, 83% das pessoas ouvidas acreditam que os recursos públicos não são administrados da maneira adequada; 73% que o atendimento não é igual para todos; e 62% que o sistema não possui gestores eficientes. Entre os 14 serviços disponíveis em postos e hospitais analisados pelo estudo, 11 foram criticados pelos entrevistados.

Os dados apontam que os itens com maior dificuldade de acesso na rede pública são: consultas com médicos especialistas (74%); cirurgias (68%); internação em leitos de UTI (64%); exames de imagem (63%); atendimento com psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas (59%); e procedimentos como diálises, quimioterapia e radioterapia (58%). Além disso, o tempo de espera é o fator com a pior avaliação do SUS, visto como o maior problema para 82% dos entrevistados que buscam consulta, 80% dos que precisam de um exame de imagem e para 79% dos que aguardam cirurgia.

Para as pessoas ouvidas na pesquisa, os políticos que vencerem o pleito deste ano deverão adotar medidas que combatam a corrupção na área da saúde (26%); reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias (18%); aprimorar a fiscalização dos serviços (13%); construir mais postos e hospitais (11%); e garantir melhores condições de trabalho e de remuneração para médicos e outros profissionais da área (9%).

O presidente do CFM, Carlos Vital, afirma que os resultados do estudo demonstram uma posição de insatisfação por parte da sociedade brasileira e não devem ser ignorados pelos candidatos às eleições de outubro. “Esses números falam por si só. Precisamos ter mais sensibilidade política, financiamento mais adequado e gestão mais eficiente”, conclui.

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