Sem ninguém, Holiday se torna ponto para o crime

No próximo sábado (23) completa 8 meses que o edifício, localizado na Zona Sul do Recife, foi totalmente desocupado por conta dos problemas estruturais

por Jameson Ramos ter, 19/11/2019 - 19:27
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens Construção foi erguida em 1957, possui 17 andares e 476 apartamentos Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

No próximo sábado (23) completa 8 meses que o Edifício Holiday, localizado no Bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, foi totalmente desocupado. A determinação para a saída dos moradores do prédio tornou o espaço propício para o consumo e repasse de drogas. Além disso, os criminosos estão levando fios de cobre e tudo o que encontram que pode ser revendido com facilidade. A sensação de quem vive ao redor é de pouca esperança do retorno da 'onipresença' do Holiday. Rufino Neto, síndico do local, é quem está colocando o peito à prova na tentativa de não permitir a proliferação do crime no local. "Esse lugar tem donos", afirma.

Foram quase sete meses que Rufino acampou dentro do seu carro em frente ao edifício que proporcionou para ele acomodação durante 13 anos. O síndico revela que até mordidas já levou de criminosos que tentaram derrubar os tapumes que cercam o prédio para "fazer baderna".  

“Eu estou presente aqui todos os dias, sempre fazendo rondas com moradores que me apoiam. Os vizinhos que veem alguma coisa errada me chamam. O problema são esses ‘noiados’ daqui da área que arrombam os tapumes para fumar ou roubar alumínio do edifício”, lamenta Neto. Ele revela que há, sim, uma ronda diária feita pela polícia, mas diz que essas rondas deveriam ser mais intensas, com mais horários. 

Como o Holiday está fincado num dos bairros que tem o metro quadrado mais caro de Pernambuco, o síndico acredita que as dificuldades encontradas para solucionar os problemas do edifício podem estar sendo causadas por conta da especulação imobiliária. “Apesar de não poder comprovar, eu acredito que esse espaço esteja sofrendo com a especulação imobiliária porque tudo é muito difícil para esse prédio”, salienta. 

No que depender do auxílio das pessoas que estão trabalhando para a recuperação do Holiday, a esperança para os moradores vai ser renovada. Isso porque os projetos de recuperação estrutural e instalação elétrica foram concluídos por professores e alunos de uma instituição de ensino particular do Recife.  

Stênio Cuentro, engenheiro civil responsável pela requalificação do Holiday, afirma que estão em fase de revisão final dos projetos para que consigam saber qual vai ser o impacto financeiro das obras no local. Ele explica que o projeto tem algumas etapas. 

A primeira é a inspeção visual de todos os elementos que constituem a estrutura do prédio como pilares, vigas, lajes e fundações. “Já que os projetos originais do edifício não foram encontrados, a gente partiu para uma etapa de ‘Review’. É como se fosse a recuperação da memória do projeto original”, diz Stênio. 

Rufino Neto e Stênio agora esperam que a população, que se disponibilizou para ajudar financeiramente no início da desocupação do Holiday, possa agora ajudar. Os moradores do Holiday são pobres e, segundo o engenheiro civil, será preciso um grande esforço para angariar os recursos necessários.  

Em dezembro deve acontecer uma assembleia com os condôminos do Holiday, onde tudo deve ser apresentado para eles - inclusive o impacto financeiro das obras. O Edifício Holiday foi erguido em 1957, possui 17 andares e 476 apartamentos.  

Interdição

A Prefeitura do Recife, que solicitou a interdição, diz ter baseado o pedido em laudo do Corpo de Bombeiros, que constatou risco quatro de incêndio em uma escala de um a quatro. Segundo a prefeitura, a condição estrutural do edifício é alvo de preocupação do Poder Público desde 1996. Desde então, o edifício foi alvo de vistorias, intervenções e recomendações de diversos órgãos públicos a exemplo do Corpo de Bombeiros, CREA, Procuradoria Regional do Trabalho, Ministério Público de Pernambuco, Dircon, Vigilância Sanitária e Defesa Civil do Recife.

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