Covid-19: PE é o que menos testa pelo 3º mês consecutivo

Apenas 6,8% da população pernambucana fez algum teste de detecção do novo coronavírus, segundo o IBGE

sex, 23/10/2020 - 12:46
Andréa Rêgo Barros/PCR Cerca de 1,4% da população do estado disse ter testado positivo Andréa Rêgo Barros/PCR

Em Pernambuco, 654 mil pessoas, ou 6,8% da população, fez algum teste para detectar Covid-19 do início da pandemia até o mês de setembro, deixando o estado pelo terceiro mês consecutivo como o que menos fez testes, proporcionalmente, em todo o país. Em seguida, estão o Acre, com 6,9% da população testada, e Minas Gerais, com 7,8%. Os três estados ocupam as piores posições no ranking nacional pelo segundo mês seguido. No Brasil, 10,4% das pessoas fizeram teste para detectar o vírus mês passado, contra 8,5% em agosto.

A PNAD Covid detectou que, em setembro, 96 mil pessoas a mais disseram ter realizado algum tipo de testagem relacionada ao novo coronavírus em comparação ao mês anterior, quando o percentual de população testada no estado foi de 5,8%. A quantidade de pessoas testadas tem crescido desde julho, quando a PNAD Covid divulgou dados sobre testagem pela primeira vez, mas não o suficiente para fazer Pernambuco sair da última posição.

O aumento no número de testes também se refletiu em uma leve oscilação nos resultados positivos: aproximadamente 1,4% da população do estado disse ter testado positivo para o novo coronavírus em setembro, contra 1,3% em agosto. No Brasil, o índice de positivados foi de 2,3% da população do país no mês passado, contra 1,8% há dois meses.

Das 654 mil pessoas testadas, 237 mil realizaram o swab, ou seja, com cotonete na boca e no nariz, e 57 mil (24,1%) tiveram resultado positivo; 297 mil fizeram o teste rápido com coleta de sangue através de furo do dedo e 53 mil (17,8%) testaram positivo; enquanto 215 mil fizeram o teste de sangue com Covid por meio de veia no braço, sendo 54 mil (25,2%) com Covid confirmada. Uma pessoa pode ter feito mais de um tipo de teste.

Quando se considera a faixa de renda das pessoas testadas para Covid-19, 30,8% delas ganham de meio a menos de um salário mínimo, seguido por pessoas com rendimento entre um e dois salários mínimos (29,1%), menos de meio salário mínimo (17,7%), dois a quatro salários mínimos (13,1%) e mais de quatro salários mínimos (9,4%).

Assim como ocorreu em julho e agosto, no estado, as pessoas do sexo feminino foram mais testadas em setembro: 338 mil mulheres contra 315 mil homens. Desta vez, a distribuição de infectados por sexo deixou de ser dividida meio a meio: 53,6% dos positivados no mês passado eram mulheres, contra 46,4% de homens.

No recorte por cor ou raça, das 654 mil pessoas que afirmaram ter feito o teste, 61,1%, ou seja, 400 mil pessoas, se identifica como preta ou parda. Eles também são seis em cada dez dos infectados, totalizando 82 mil pessoas. Os brancos, por sua vez, totalizam 248 mil testados e 53 mil com resultado positivo para Covid.

Na distribuição por idade, a maior quantidade de pernambucanos testados está em idade de trabalhar - 382 mil pessoas de 30 a 59 anos, seguidas por 114 mil habitantes do estado na faixa etária de 20 a 29 anos. Entre as pessoas de 60 anos ou mais, 86 mil também fizeram testes para detectar o coronavírus, e 12 mil tiveram resultado positivo.

O maior percentual de pessoas que fizeram teste está concentrado em quem tem maior nível de instrução. Dos que foram testados, 34,7% têm ensino médio completo ou superior incompleto, seguidos por pernambucanos com superior completo ou pós-graduação (31%), por quem não tem instrução ou possui o ensino fundamental incompleto (22,7%) e por quem tem fundamental completo e médio incompleto (11,6%). Dos que testaram positivo, o maior percentual é o de pessoas com ensino médio completo e superior incompleto (39,5%), acompanhado por quem tem o ensino superior completo ou pós-graduação (31,3%).

Cai número de pessoas com sintomas conjugados de Covid-19

Em setembro, 27 mil pessoas (0,3% da população) tiveram sintomas conjugados de Covid-19 no estado, uma queda de 32 mil pessoas em relação a agosto, quando a proporção de pessoas nessa situação era de 0,6% dos pernambucanos. Os sintomas conjugados considerados pelo IBGE são três: perda de cheiro ou sabor; febre, tosse e dificuldade de respirar; febre, tosse e dor no peito.

Dessa parte da população local que teve sintomas conjugados, 58,8% procuraram estabelecimentos de saúde em setembro, maior percentual desde o início da pesquisa, em maio. O levantamento também constatou que a proporção de pernambucanos com plano de saúde no mês passado foi de 18,4%, 0,2 ponto percentual a mais do que em agosto. No acumulado desde maio, 254 mil pernambucanos ficaram sem saúde suplementar.

Também em setembro, 328 mil pessoas (3,4% da população) apresentaram algum sintoma relacionado a síndrome gripal em Pernambuco, uma queda de 25,9% frente ao mês de agosto. Os sintomas gripais considerados nesta parte da pesquisa foram febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de cheiro ou de sabor, e dor muscular. Os sintomas foram informados pelo morador e não se pressupõe a existência de um diagnóstico médico.

De acordo com a pesquisa, o número de domicílios com ao menos um morador com sintomas gripais teve uma redução de 42 mil em julho para 28 mil em setembro. Já a proporção de idosos vivendo em lares onde há pessoas com sintomas foi de 20,6%, aumento em relação ao mês de agosto, quando o índice foi de 17,1%.

Em setembro, na população pernambucana, estimada em 9,5 milhões de pessoas, havia 1,8 milhões (19,8% do total) com alguma comorbidade, sendo a hipertensão a mais frequente, presente em 13% dos habitantes do estado. As demais prevalências foram diabetes (4,8%), asma, bronquite ou enfisema (3,7%), depressão (2%), doenças do coração (1,8%) e câncer (0,7%). Entre as pessoas que afirmaram ter alguma dessas doenças crônicas, 37 mil, ou 2% do total, testaram positivo para Covid, mesma porcentagem do mês de agosto.

*Do IBGE.

COMENTÁRIOS dos leitores