Queda do Muro de Berlim: o que representou para o Brasil

Evento contribuiu para estabelecer o capitalismo no mundo

por Alfredo Carvalho seg, 09/11/2020 - 16:37
Pixabay O Muro de Berlim, na Alemanha, símbolo de um país dividido Pixabay

Há 31 anos, em 9 de novembro de 1989, o mundo assitiu à Queda do Muro de Berlim, que acabou com o comunismo na Europa Ocidental e reunificou a Alemanha, que vivia dividida em dois blocos. A cortina de ferro que separava o país europeu surgiu em 1961, durante a Guerra Fria (1947-1991). Após ser derrotada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha havia sido ocupada por tropas de quatro países. França, Reino Unido e Estados Unidos representavam o lado capitalista do país, e a União Soviética ficou responsável pela parte socialista.

As ocupações fizeram com que a Alemanha fosse dividida em duas nações: a República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, aliada aos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), nomeada de Alemanha Oriental, aliada da União Soviética.

O rompimento dessa barreira não representou apenas o fim da União Soviética, mas também o término de uma ditadura comunista e um símbolo de liberdade para o mundo. "Sem contar que o pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos", explica a historiadora Tânia Ferreira.

De acordo com Tânia, a Queda do Muro de Berlim representa o ápice da crise do socialismo e o estabelecimento da nova ordem mundial. A partir do momento em que houve a unificação das Alemanhas e a dissolução da União Soviética, o capitalismo se expandiu por todo o mundo, junto a grandes avanços tecnológicos.

Após a destruição do muro, o Brasil também rompeu as relações diretas com a União Soviética, o que gerou maior dependência com os Estados Unidos. "Além disso, durante esse período, ocorria em nosso país a Ditadura Militar [1964-1985]. Esse clima de tensão contribuiu para a perseguição de comunistas em solo brasileiro. Além disso, os EUA financiaram fortemente o avanço dos militares em nosso país", explica a historiadora.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi concebida antes da queda do Muro de Berlim e do fim do regime comunista da União Soviética. Por conta disso, carregava influências socialistas. "Com as mudanças, viabilizou-se importantes reformas estruturais e a modernização do Estado brasileiro, com a transformação do papel do setor público de produtor de bens e serviços para regulador da atividade econômica, que muito contribuiu para o sucesso do Plano Real", afirma Tânia.

A historiadora destaca que o fim da muralha de ferro contribuiu para que o Brasil pudesse reconquistar sua liberdade política, que criou profundas raízes nas instituições nacionais, após o fim da Ditadura Militar, a morte do presidente eleito Tancredo Neves (1910-1985) e o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.

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