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A morte do último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, provocou uma série de homenagens emotivas no Ocidente, mas a reação foi muito mais moderada na Rússia, onde muitos o criticam pelo fim da potência soviética.

Gorbachev faleceu na terça-feira (30) à noite aos 91 anos, depois de uma "longa e grave doença", informou o Hospital Clínico Central (TSKB) de Moscou, onde estava internado.

Ele era o último governante ainda vivo da época da Guerra Fria, um período que parece ter uma ressonância particular atualmente com a ofensiva do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

Embora Gorbachev não tenha se pronunciado publicamente sobre a ação militar russa na Ucrânia, sua fundação pediu "o fim das hostilidades e o início imediato de negociações de paz".

Nas últimas duas décadas, o ex-dirigente expressou preocupação com o aumento das tensões com Washington, e defendeu a redução dos arsenais nucleares, como já havia feito nos anos 1980 com o presidente americano da época, Ronald Reagan.

Em um mensagem de condolências, Putin destacou um homem que "teve um grande impacto na história do mundo".

"Guiou o nosso país em um período de mudanças complexas e dramáticas, e de grandes desafios de política externa, econômicos e sociais", destacou.

"Ele compreendeu profundamente que as reformas eram necessárias, se esforçou para oferecer suas próprias soluções para nossos problemas urgentes".

- "Homem de paz" -

As palavras do presidente russo foram divulgadas após as muitas homenagens dos governantes ocidentais, muito mais emotivos sobre o homem que venceu o prêmio Nobel da Paz em 1990 por ter contribuído muito para a redução do confronto entre Leste e Oeste.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou Gorbachev de "líder excepcional", que contribuiu para "um mundo mais seguro e uma maior liberdade para milhões de pessoas".

Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, Gorbachev "fez mais que qualquer outra pessoa para conseguir um final pacífico da Guerra Fria".

O presidente francês, Emmanuel Macron, destacou que ele era um "homem de paz", enquanto o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, elogiou sua "oposição a uma visão imperialista da Rússia".

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, agradeceu a "contribuição decisiva para a unidade da Alemanha". E para a ex-chanceler Angela Merkel, que cresceu na ex-Alemanha Oriental, Gorbachev mudou sua vida "de maneira fundamental".

A China, que o Kremlin apresenta atualmente como sua grande sócia política e econômica, elogiou a "contribuição positiva" do ex-dirigente soviético na aproximação entre Pequim e Moscou.

Na Rússia, o legado do político ainda é muito controverso. E as reações a sua morte foram bem mais moderadas.

Apesar de ter iniciado o caminho para a liberdade de expressão, para muitos ele foi o responsável pelo fim da superpotência soviética e pelos terríveis anos de crise econômica após o colapso da URSS.

Mas o jornalista russo Dmitri Muratov, prêmio Nobel da Paz em 2021 e diretor de redação do jornal independente Novaya Gazeta - apoiado desde sua fundação por Gorbachev - prestou homenagem a um dirigente que "desprezava a guerra e valorizava mais um céu tranquilo que o poder pessoal".

- Colapso da URSS -

Nascido em 1931 em uma família modesta do sudoeste da Rússia, Gorbachev subiu rapidamente na hierarquia do Partido Comunista e assumiu a liderança da URSS em 1985.

Até sua renúncia em 1991, que marcou o fim do bloco, ele comandou importantes reformas democráticas, conhecidas como "perestroika" (reestruturação) e "glasnost" (transparência).

Confrontado com enormes crises, como a catástrofe de Chernobyl (1986) ou os movimentos de independência em toda União Soviética, que reprimiu em alguns casos, recebeu em 1990 o Nobel da Paz por "ter encerrado a Guerra Fria de maneira pacífica".

Também ordenou o fim da desastrosa campanha militar soviética no Afeganistão e suas ações contribuíram para a queda da "cortina de ferro", como era conhecida a antiga fronteira política e ideológica entre o oeste e o leste da Europa.

Os anos imediatamente posteriores à dissolução da URSS permanecem como um trauma para muito russos, que passaram a viver abaixo da linha da pobreza, em um cenário de caos político e com uma guerra brutal com a Chechênia.

Com a chegada ao poder em 2000 de Putin, que considera o fim da URSS a "maior catástrofe geopolítica" do séculos XX, o Estado se impõe à sociedade e a Rússia retorna ao cenário internacional como potência.

Para Gorbachev, as relações com os novos líderes do Kremlin sempre foram complexas, seja com Boris Yeltsin, seu grande inimigo, ou com Putin, a quem criticava mas que via como uma oportunidade para um desenvolvimento estável na Rússia.

O ex-dirigente soviético se mostrou favorável à anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 por parte de Moscou, o que provocou, em 2016, o veto a sua entrada na Ucrânia.

Após uma breve tentativa frustrada de voltar à política na década de 1990, Gorbachev passou a se dedicar por completo a projetos educativos e humanitários.

Uma fonte próxima à família Gorbachev afirmou à agência de notícias TASS que ele será sepultado ao lado da esposa Raisa, falecida em 1999, no cemitério Novodevichy de Moscou.

O ex-líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, morreu nesta terça-feira (30), em Moscou, aos 92 anos. O óbito foi confirmado por agências de notícias russas. 

Gorbachev foi o último presidente da União Soviética antes da sua dissolução. Ele teve um governo tumultuado associado aos termos perestroika e glasnost (reforma e abertura), e morreu após uma longa doença.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que, após a queda da União Soviética, se viu obrigado a dirigir um táxi para incrementar sua renda.

Putin, um ex-agente do antigo serviço de inteligência KGB, e que lamentou em outras ocasiões o fim da URSS, falou que a desintegração da potência comunista há três décadas continua sendo uma "tragédia" para "muitos cidadãos".

Os comentários, difundidos pela agência estatal de notícias RIA Novosti neste domingo (12), são trechos de um novo documentário da emissora russa Piervy Kanal, intitulado "Rússia. História recente".

"Depois de tudo, o que foi o colapso da União Soviética? Foi o colapso da Rússia histórica sob o nome da União Soviética", afirmou o líder russo.

Leal servidor da antiga potência comunista, Putin ficou consternado quando houve o fim da URSS, um acontecimento classificado por ele como o "maior desastre geopolítico do século XX".

Putin teme a expansão das ambiciones militares ocidentais para os países da antiga União Soviética e, inclusive pediu esta semana que a Otan retirasse formalmente a decisão tomada em 2008 de abrir suas portas para Geórgia e Ucrânia.

O fim da União Soviética coincidiu com um período de intensa instabilidade econômica que levou muito cidadãos à pobreza, enquanto a nova Rússia vivia a transição do comunismo para o capitalismo.

Ao citar fragmentos do documentário do Piervy Kanal, a RIA-Novosti assinalou que Putin revelou ter trabalhado ocasionalmente como taxista para ganhar um pouco mais de dinheiro naquela época. "Às vezes, tinha que fazer um dinheiro extra", disse o presidente russo.

"Isso significa, ganhar dinheiro extra como motorista privado. Não é agradável falar disso, para ser honesto, mas infelizmente esse foi o caso."

O último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, um dos responsáveis pelo fim da Guerra Fria, completa 90 anos nesta terça-feira (2), data que celebrou em "quarentena" em um hospital devido à pandemia.

"Está em quarentena em um hospital enquanto durar a pandemia", disse à AFP Vladimir Poliakov, porta-voz da Fundação Gorbachev.

"Está cansado de tudo isto, como todos nós", completou, em referência às restrições em vigor devido ao coronavírus.

O ex-governante recebeu mensagens de felicitações de todo o mundo, incluindo o presidente americano Joe Biden, a chanceler alemã, Angela Merkel, e do chefe de Estado russo Vladimir Putin.

"Você pertence a um grupo de pessoas extraordinárias, de homens de Estado notáveis da era moderna que influenciaram de maneira significativa o curso da história nacional e mundial", afirmou Putin em uma mensagem a Gorbachev, com quem já teve muitas divergências.

Gorbachev celebrará seu aniversário com parentes e poucos amigos, respeitando as medidas de higiene e distanciamento necessárias e em muitos casos com videoconferências.

Ele continua trabalhando no hospital, edita livros e artigos, segundo o porta-voz.

Gorbachev recebeu em 1990 o prêmio Nobel da Paz por "ter acabado pacificamente com a Guerra Fria".

Há 31 anos, em 9 de novembro de 1989, o mundo assitiu à Queda do Muro de Berlim, que acabou com o comunismo na Europa Ocidental e reunificou a Alemanha, que vivia dividida em dois blocos. A cortina de ferro que separava o país europeu surgiu em 1961, durante a Guerra Fria (1947-1991). Após ser derrotada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha havia sido ocupada por tropas de quatro países. França, Reino Unido e Estados Unidos representavam o lado capitalista do país, e a União Soviética ficou responsável pela parte socialista.

As ocupações fizeram com que a Alemanha fosse dividida em duas nações: a República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, aliada aos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), nomeada de Alemanha Oriental, aliada da União Soviética.

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O rompimento dessa barreira não representou apenas o fim da União Soviética, mas também o término de uma ditadura comunista e um símbolo de liberdade para o mundo. "Sem contar que o pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos", explica a historiadora Tânia Ferreira.

De acordo com Tânia, a Queda do Muro de Berlim representa o ápice da crise do socialismo e o estabelecimento da nova ordem mundial. A partir do momento em que houve a unificação das Alemanhas e a dissolução da União Soviética, o capitalismo se expandiu por todo o mundo, junto a grandes avanços tecnológicos.

Após a destruição do muro, o Brasil também rompeu as relações diretas com a União Soviética, o que gerou maior dependência com os Estados Unidos. "Além disso, durante esse período, ocorria em nosso país a Ditadura Militar [1964-1985]. Esse clima de tensão contribuiu para a perseguição de comunistas em solo brasileiro. Além disso, os EUA financiaram fortemente o avanço dos militares em nosso país", explica a historiadora.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi concebida antes da queda do Muro de Berlim e do fim do regime comunista da União Soviética. Por conta disso, carregava influências socialistas. "Com as mudanças, viabilizou-se importantes reformas estruturais e a modernização do Estado brasileiro, com a transformação do papel do setor público de produtor de bens e serviços para regulador da atividade econômica, que muito contribuiu para o sucesso do Plano Real", afirma Tânia.

A historiadora destaca que o fim da muralha de ferro contribuiu para que o Brasil pudesse reconquistar sua liberdade política, que criou profundas raízes nas instituições nacionais, após o fim da Ditadura Militar, a morte do presidente eleito Tancredo Neves (1910-1985) e o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.

Trinta anos após a queda da União Soviética, Lênin aparece desmitificado em um documentário divulgado pela televisão russa, onde é qualificado de sanguinário, doente mental e pequeno burguês.

A série "Lênin", programada para ser exibida em breve pela primeira rede de televisão nacional Pervy Kanal, quer "acabar com o mito de Vladimir Ulianov", o nome verdadeiro do fundador da URSS, segundo o roteirista, Igor Lipin.

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Para realizar os 18 episódios da série, dez oficiais dirigidos pelo ex-chefe de arquivos da FSB (antiga KGB), o general Vasili Khristoforov, mergulharam durante quatro anos na documentação dos serviços secretos.

"A lenda do amável Lênin versus o mau Stalin é falsa, porque foi Lênin que lançou o terror vermelho", diz Lipin à AFP, a poucos dias do 102º aniversário da Revolução bolchevique.

O documentário publica uma carta de agosto de 1918, na qual Lênin pede a morte de dois milhões de camponeses considerados ricos, os "kulaks", grupo que foi violentamente reprimido. Um mês depois, criaria os campos de concentração para "isolar" as classes inimigas.

Doente mental?

Outros documentos estabelecem, segundo os autores da série, que Lênin sofria de transtornos mentais e que sua mãe havia escrito à polícia em abril de 1898, aludindo ao "preocupante estado psíquico" do jovem revolucionário e a uma "doença mental que afeta a família".

Esta dureza do documentário contrasta com o culto à personalidade de Lênin imposto na URSS durante 70 anos, com canções, livros, filmes e slogans.

A tal ponto que uma piada soviética contava o lançamento de uma cama de três lugares, já que "Lênin está conosco".

A propaganda comunista fabricou para Lênin a imagem de um asceta altruísta e humanista, em contraste com o tirano Stálin. Até hoje Lênin mantém uma certa popularidade entre a população russa: 41% dos russos continuam tendo uma imagem positiva deste líder comunista, segundo uma ampla pesquisa de 2017.

Pelo menos 80% dos russos se opõem ao desmonte de suas estátuas, ainda presentes em todo país. E seu mausoléu, com seu corpo embalsamado, continua na Praça Vermelha.

As novas autoridades russas em geral ignoram Lênin e preferem destacar o papel de Stálin na vitória sobre os nazistas.

De certa forma, "Lênin foi esquecido, passou sob a sombra de Stálin", diz à AFP o diretor de cinema Vladimir Khotinenko, cujo filme "Lênin. A Iminência" estreou no fim de outubro na Rússia.

Longe de descrever uma vida de proletário, o filme mostra Vladimir Ilich Ulianov com um chapéu-coco, uma gravata-borboleta e uma bengala, ou desfrutando de Wagner na ópera.

Esta superprodução relata um controverso episódio do retorno de Lênin, então chefe de um pequeno partido revolucionário e exilado na Suíça, à Rússia em 1917.

Dinheiro alemão

Aquela viagem de trem pela Alemanha teria sido impossível sem o consentimento do Kaiser, afirma-se no filme.

Pouco depois, a Revolução de outubro derrubou o czar e, em março de 1918, o líder bolchevique assinou a paz com o Reich, abandonando os aliados dos russos.

O ator que interpreta Lênin, Evguéni Mironov, destaca a suspeita que recai sobre o dirigente revolucionário de ter financiado seu combate com dinheiro do inimigo alemão.

"Lênin nunca quis a Rússia, nem os russos, esses 'muyiks' (camponeses) preguiçosos. Para ele, a Rússia não era mais do que o início de seu projeto de revolução mundial", afirma o ator em declarações nesta terça ao jornal "Izvestia".

O porta-voz do Partido Comunista Russo (KPRF), Alexandre Yushenko, lamentou que se busque "desacreditar Lênin" quando as desigualdades econômicas e sociais impulsionam as pessoas a tomarem as ruas "na Rússia e no mundo todo".

"Isso demonstra que as ideias de Lênin continuam vigentes nos povos que se elevam contra os donos do capital", disse ele à AFP.

As autoridades do Reino Unido confirmaram nesta quarta-feira (4) que dois cidadãos britânicos foram expostos a uma substância do tipo novichok, agente químico de origem soviética já usado para envenenar o ex-espião russo Serghei Skripal e sua filha, Yulia.

O anúncio foi feito pelo comissário Neil Basu, da Polícia Metropolitana. O casal foi encontrado inconsciente no último sábado (30), em sua casa, em Amesbury, a 13 quilômetros de Salisbury, local do ataque contra Skripal e Yulia.

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Eles foram identificados como Charlie Rowley, 45, e Dawn Sturgess, 44, e estão internados em estado grave no mesmo hospital que tratara o ex-espião russo. A Scotland Yard afirma que nada em seu histórico indica que eles pudessem ser alvo de um ataque com agente químico.

O caso é investigado pelo departamento antiterrorismo das forças de segurança. Inicialmente, as equipes de socorro pensaram que Rowley e Sturgess pudessem estar sob efeito de drogas, mas as suspeitas de envenenamento surgiram na manhã desta quarta-feira.

Skripal e sua filha foram contaminados em março, em um caso que abalou as relações diplomáticas entre Rússia e Reino Unido e levou à expulsão de dezenas de diplomatas russos de quase 30 países.

O ex-espião trabalhava como agente duplo para os serviços de inteligência de Londres e Moscou e, após ser descoberto, ganhou direito de residência e cidadania do Reino Unido. O governo britânico culpa a Rússia pelo ataque contra Skripal.

Da Ansa

Os saudosistas da antiga União Soviética (URSS), jovens comunistas e neobolcheviques, continuam sonhando com uma Rússia de futuro radiante, sem ricos, nem pobres, comprometidos com a Revolução de Outubro, que completa 100 anos.

Alguns se encontram no Parlamento e não criticam em nada o Kremlin. Outros, muito mais radicais, atuam à margem da vida política e são alvo de processos judiciais.

"A revolução abriu caminho para uma nova vida com conquistas sociais, como o direito à educação e ao atendimento médico gratuitos", afirmou à AFP Vladimir Issakov, chefe do Komsomol, organização da juventude do Partido Comunista.

"Sem a revolução, não teria havido o primeiro homem no espaço nem a vitória na Segunda Guerra Mundial, e a Rússia não teria se convertido numa das duas grandes potências mundiais", acrescentou.

Vladimir, de 30 anos, conta que entrou para o Partido Comunista quando era estudante de História, atraído pelas ideias socialistas.

Segundo ele, os que entram hoje para o Komsomol têm um pouco mais de 20 anos e "já sentiram a injustiça da sociedade".

- O olho do Kremlin -

Partido único na URSS, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS), no poder há décadas, começou a perder sua influência nos anos 1970 e 1980. Seus dirigentes septuagenários, como Leonid Brézhnev, eram visto com ironia pelos soviéticos.

Mas a adesão ao PC era obrigatória para fazer carreira e, em 1991, um pouco antes da queda da URSS, o partido contava com 16,5 milhões de membros (6% da população).

O primeiro presidente russo, Boris Yeltsin, proibiu o partido depois do golpe frustrado de agosto de 1991, organizado por dirigentes do PC para tentar impedir o desmantelamento da URSS.

Um ano mais tarde, a Corte Constitucional russa autorizou de novo sua atividade e, em 1993, um novo PC aparecia no cenário político. Conduzido por Guenadi Ziuganov, ex-funcionário do partido, se declara herdeiro do PC soviético, mas tem cem vezes menos membros.

Depois de um período de popularidade no final dos anos 1990, quando as reformas colocaram milhares de russos no limite da pobreza, o PC é hoje o segundo partido da Duma, câmara baixa do Parlamento, com 42 cadeiras entre as 448 existentes, muito longe do partido governista Rússia Unida.

Os movimentos de esquerda radicais o acusam de ter período sua independência e de atuar sob tutela do Kremlin.

O Partido Comunista de Ziuganov critica cada vez menos Vladimir Putin, especialmente depois da anexação, por parte da Rússia, da península ucraniana da Crimeia, em 2014, o que apoiou com entusiasmo.

Concentra seus ataques, muito comedidos, na política econômica do governo, entre liberalismo e capitalismo de Estado.

"O PC é solidário ao poder em sua política externa, mas se opõe a sua política social e econômica", assegura Vladimir Isakov. "Seguimos fiéis às ideias de Marx e Lênin. Queremos uma nacionalização do setor de hidrocarbonetos", explicou.

A ideologia do Partido Comunista é atualmente uma mistura surpreendente: o ateísmo militante em vigor na época soviética desapareceu e Guenadi Ziuganov não perde a oportunidade de fazer o elogio da ortodoxia. Ziuganov reavivou o culto a Stalin, apesar da denúncia ao culto à personalidade do ex-ditador pelas autoridades soviéticas em meados dos anos 10950.

- Extremismo nos porões -

Enquanto o PC se integrou à vida política dominada pelo Kremlin, os movimentos de esquerda radical, ativos no início dos anos 2000, como o Partido Nacional Bolchevique (NBP), do escritor Eduard Limonov, e a Frente de Esquerda, de Serguei, Udaltsov, foram praticamente liquidados pelo poder.

O NBP foi proibido em 2007 como "organização extremista" depois de uma série de ações espetaculares, entre elas o ataque a um escritório da administração presidencial de Moscou. Mais de 150 de seus militantes foram para a prisão.

Serguei Udaltsov, por sua parte, acaba de passar quatro anos em um campo por organização de distúrbios em massa em 2012. Seu movimento se uniu aos liberais, que se manifestavam para protestar contra o retorno de Putin ao Kremlin.

Em um obscuro porão de um prédio de Moscou, Alexandre Averin, ex-membro do NBP, hoje um dos chefes do partido de extrema-esquerda Drugaia Rossia (A Outra Rússia), reconhece que a oposição está em crise.

O militante de 36 anos vê nisso o resultado das divisões que se seguiram à anexação da Crimeia: a esquerda apoiou o Kremlin e os liberais a denunciaram.

"Hoje, o objetivo da oposição russa é realizar uma virada para a esquerda reivindicada em todo o mundo", afirmou Udaltsov depois de sua saída da prisão, em agosto.

Pediu que a oposição de esquerda se una por ocasião do centenário da Revolução. Mas cada um tem seus próprios projetos de comemoração.

A extrema-esquerda se prepara para as manifestações. "Seremos certamente detidos", afirmou, com um sorriso, Alexandre Averin.

Até pouco tempo atrás, o mercado brasileiro vivia sujeito à demanda de produção da indústria cinematográfica americana. No entanto, aos poucos, os longas-metragens estrangeiros têm conquistado um espaço significativo no circuito nacional, fazendo possível os primeiros indícios de um confronto direto com Hollywood. Em meados do fim da década de 80 e início de 90, uma avalanche de produções não americanas aportou nos cinemas brasileiros. 

Quando falamos em Rússia, algumas obras obtiveram destaque em âmbito mundial. Feito sob encomenda para comemorar os 20 anos da Revolução Soviética, O Encouraçado Potemkin (1925) do diretor Sergei Eisenstein foi umas delas, bem como as produções Ivan, o Terrível (1944) do mesmo diretor e Guerra e Paz (1967) de Sergei Bondarchuk. 

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Embarcando na onda de super-heróis que têm invadido os cinemas mundo a fora, o diretor russo Sarik Andreasyan investe no lançamento de seu primeiro filme do gênero. Fazendo uso de um gancho histórico com os anos 80, a obra se passa durante a Guerra Fria, quando uma organização secreta chamada “Patriota” cria um esquadrão de super-heróis provenientes de diferentes países integrantes da antiga União Soviética. O filme misturará os gêneros de ação, ficção científica e terror, estrelando Anton Pampushny, Sanjar Madjey, Sebastian Sisak e Alina Lanina, grandes nomes do cinema eslavo. Assista o vídeo e confira mais sobre a produção:

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Com uma média de idade de 75 anos, ainda vive na zona de exclusão de Chernobyl uma centena de pessoas, que, em sua maioria, retornou depois da catástrofe, apesar da radiação e da oposição das autoridades ucranianas.

"Na realidade não sei porque existem pessoas que desejam viver em Chernobyl. Qual é o seu objetivo? Seguem o que diz o coração? A nostalgia? Quem sabe?", questiona Evgueni Markevitch, de 78 anos. "Mas eu só quero viver em Chernobyl", completa.

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Evgueni tinha 8 anos quando sua família se mudou para a cidade, na época soviética. "Isto nos salvou da fome, podíamos plantar e fazer a colheita dos nossos alimentos", recorda, justificando de algum modo seu apego pela região. "Nunca quis sair daqui".

Quando o reator número 4 da central nuclear soviética explodiu em 26 de abril de 1986 durante um teste de segurança, Evgueni estava no colégio com seus alunos. "Era um sábado e logo depois do acidente não sabíamos nada sobre o que havia acontecido. Suspeitávamos de algo porque observamos os ônibus e veículos militares que seguiam para Pripyat", uma cidade de 48.000 habitantes - incluindo funcionários da central - que fica a três quilômetros de Chernobyl. "Ninguém nos disse nada. Era o silêncio total", relata.

Evgueni foi finalmente retirado da cidade, mas pouco depois já desejava retornar. Ele inventou todo tipo de estratégias para poder entrar na zona proibida. Se passou por marinheiro e por policial responsável por monitorar a entrega de produtos petrolíferos.

Conseguiu ser recebido pelo diretor do serviço de vigilância de radiações da estação e pediu um emprego, que conseguiu. Desde então nunca mais saiu da área contaminada. Contra todas as expectativas, nunca teve problemas de saúde. Ele admite que planta legumes em seu jardim e consome os produtos. "Há uma parte de risco", resume.

'Como guerrilheiros'

Para Maria Urupa, no entanto, os sorrisos são raros. As condições de vida rudimentares na zona de exclusão de 30 km ao redor da central começaram a pesar sobre a octogenária, em particular porque tem problemas para caminhar desde que sofreu um acidente.

No total, 158 "samosely", como são chamados, vivem na região, de acordo com um diretor da central, em pequenas casas de campo, a maioria de madeira.

Eles vivem com que conseguem cultivar em suas hortas, além de alguns mantimentos entregues pelos funcionários da central nuclear e visitantes. Em caso de necessidade, viajam até a cidade de Ivankiv, fora da zona exclusão, para comprar o necessário no mercado local.

Os "samosely" nunca aceitaram o êxodo forçado. Desta maneira, mais de mil deles retornaram depois da catástrofe para a zona altamente contaminada e vetada à população. As autoridades terminaram por aceitar a situação.

No momento da catástrofe, Maria propôs ao marido que se escondessem no porão para escapar da evacuação. Mas a ideia não deu certo.

"Foi triste. Havia lágrimas e lamentos", recorda. Depois de passar dois meses em um centro para desabrigados, ela decidiu retornar "com um grupo de seis pessoas, através da floresta, como se nós fôssemos guerrilheiros". "Mas hoje é duro viver sozinha", admite. Seu marido faleceu em 2011.

Aos 77 anos, Valentina Kujarenko lamenta os obstáculos que seus parentes precisam superar para poder visitá-la e que, além disso, só podem permanecer por três dias. Ao mesmo tempo, não se arrepende de ter retornado a Chernobyl. "Dizem que os níveis de radiação são altos. Não sei. Talvez a radiação faça algo aos mais nove, aos que nunca viveram aqui. Mas nós, os velhos, o que teríamos a temer?", questiona com simplicidade. "Quando saio de Chernobyl, mesmo em Ivankiv, tudo é estrangeiro. Não sou nacionalista, mas amo muito a minha pequena pátria", afirma.

Ela espera que "um dia Chernobyl volte a viver", que "os sorrisos das crianças voltem a ser ouvidos". Mas Valentina sabe que será necessário esperar muitos anos.

Em 1999, uma pequena Maria nasceu na zona de exclusão, o primeiro bebê desde 1986 na cidade "morta". Anêmica após o parto, a pequena abandonou Chernobyl com sua família um ano depois. Hoje deve ter 17 anos.

Centenas de moscovitas leram nesta terça-feira (29) os nomes dos milhares de habitantes da capital fuzilados em 1937 e 1938, em um ato em homenagem às vítimas da repressão stalinista. A ONG Memorial, que se dedica a divulgar as repressões realizadas pela União Soviética entre 1917 e 1991, foi a organizadora deste ato, realizado na véspera do Dia da Memória das Vítimas de Repressões Políticas.

Cada pessoa leu uma lista de nomes que também continha informações como idade, profissão e data da execução: "Gelver Alexandre Fiodorovitch, 25 anos, serralheiro, fuzilado no dia 7 de fevereiro de 1938; Bambulevitch Anton Vasilievitch, 39 anos, coronel do Estado-Maior, fuzilado no dia 25 de dezembro de 1937...".

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A cerimônia ocorreu em um parque situado em frente à sede dos serviços de segurança, o FSB (antiga KGB), na praça Lubianka. Ali se localizava a sede da polícia secreta sob Stalin, onde foram detidos dezenas de milhares de prisioneiros submetidos a torturas e em alguns casos executados.

"Minha avó foi fuzilada em 1937 em Moscou. Meu avô foi fuzilado em 1938 em uma província. Parece-me absolutamente necessário participar de eventos deste tipo", considerou Dina Terletskaya, de 28 anos. Cerca de 30.000 moscovitas foram fuzilados apenas entre 1937 e 1938, no que os historiadores consideram o momento mais duro da repressão stalinista.

"Infelizmente, não há nenhuma política oficial destinada a manter a memória destas vítimas. Esta questão é considerada marginal", lamentou Ian Ratchinki, historiador e um dos líderes da ONG Memorial.

O principal monumento do Exército soviético em Sófia foi pintado de rosa na madrugada desta quarta-feira, um ato ousado, com o qual anônimos lembraram a invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia há 45 anos.

A grande escultura de bronze, que representa nove soldados soviéticos, foi pintada com as frases "Praga 68" e "Bulgária se desculpa".

O monumento já havia sido transformado em 2011 por artistas desconhecidos, que pintaram uniformes de super-heróis sobre as esculturas, como o Super-Homem, mas também o Papai Noel e até o palhaço mascote da rede de fast-food americana McDonald's.

A Bulgária, como membro do Pacto de Varsóvia, enviou tropas na invasão da ex-Tchecoslováquia na madrugada de 20 para 21 de agosto de 1968, que acabou brutalmente com a revolta dos reformistas da Primavera de Praga.

A Bulgária foi o último país do Pacto de Varsóvia a pedir desculpas oficialmente, em 1990, por seu papel na invasão.

O monumento, construído no centro da cidade em homanegem ao exército soviético que propiciou a instalação do regime comunista na Bulgária após a Segunda Guerra Mundial, provocou um intenso debate no país sobre sua destruição ou não.

A filha do ex-ditador soviético Josef Stalin, Svetlana Alliluyeva, também conhecida pelo nome de Lana Peters, que usava desde os anos 1970, morreu aos 88 anos no Estado de Wisconsin (EUA), informou a médica legista do condado de Richland, Mary Turner. A deserção de Svetlana da União Soviética em 1967 causou furor no antigo bloco comunista e foi um golpe de publicidade para Washington em plena Guerra Fria. Svetlana deixa dois filhos, que vivem na Rússia, Yosef e Yekaterina. Stalin morreu em 1953, após governar a União Soviética por 29 anos.

Mary Turner disse que Svetlana morreu de câncer no cólon. Ela fugiu da União Soviética em 1966, aos 41 anos, e foi para Índia, onde pediu asilo na Embaixada dos EUA. Após isso, foi para Nova York em 1967. Ela escreveu quatro livros, um dos quais foi uma autobiografia publicada em 1969.

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Dos três filhos de Stalin, Svetlana era a única sobrevivente. Um dos filhos do ditador, Jacob, foi capturado pelos nazistas na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e foi morto em um campo de concentração. O outro filho de Stalin, Vasili, virou dissidente após a morte do pai e morreu de alcoolismo em Kazan, perto do Volga, em 1962.

As informações são da Associated Press.

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