Partido de oposição de esquerda lidera eleições em Kosovo
O governo que vencer nas urnas será o terceiro desde o início da pandemia de coronavírus há um ano
Um partido reformista de esquerda liderou as eleições parlamentares de Kosovo no domingo (14), com cerca de 50% dos votos contra o governo dos ex-comandantes rebeldes, de acordo com a boca de urna.
A antiga província de Belgrado, que continua lutando para ter reconhecimento pleno em nível internacional, realizou suas quintas eleições antecipadas desde a proclamação da independência em 2008.
O governo que vencer nas urnas será o terceiro desde o início da pandemia de coronavírus há um ano. Isso agravou as dificuldades econômicas deste território pobre, onde a Covid-19 causou mais de 1.500 mortes e onde a vacinação não parece próxima.
A sede de mudança é personificada para muitos por Vetevendosje (VV), que significa "autodeterminação", o movimento reformista de esquerda de Albin Kurti na guerra contra a corrupção e que segundo as pesquisas teria obtido entre 41% e 53% dos votos.
O PDK estabelecido pelos ex-comandantes rebeldes e a LDK, da centro-direita, obteveram entre 15% e 20% dos votos, de acordo com pesquisas divulgadas por quatro redes de televisão.
Os ex-heróis da luta pela independência contra a Sérvia (1998-99) estão no poder há anos. Mas "chegou a hora de fazer a limpeza geral", exclama Sabri Kadriu, professor de economia.
- A juventude foge -
"Nós chegamos, eles vão embora", prometeu Kurti, de 45 anos, um grande orador que passou pelas prisões do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic.
Seus apoiadores acusam os ex-guerrilheiros de captar recursos do Estado e de clientelismo neste território de 1,8 milhão de habitantes, onde o salário médio ronda os 500 euros (606 dólares). Como o índice de desemprego é de 50%, os jovens optam por emigrar, principalmente para a Suíça ou Alemanha.
A antiga rebelião chegou às eleições com uma forte desvantagem: a ausência de várias de suas grandes figuras, como o ex-presidente Hashim Thaci - do PDK - acusado em novembro de crimes de guerra pela Justiça internacional.
As chances do VV aumentaram com o apoio da presidente interina Vjosa Osmani, de 38 anos, símbolo de uma classe política de nova geração que abandonou a LDK de centro-direita do primeiro-ministro atual Avdullah Hoti.
Vetevendosje já liderou as duas últimas eleições legislativas, mas ficou separado por coalizões entre outros partidos. Em 2020, o governo de Albin Kurti durou cerca de cinquenta dias antes de cair.
Desta vez, Albin Kurti espera ganhar as 61 cadeiras necessárias, sobre 120, para ficar à frente.
Nem todos apoiam o programa do movimento, que no passado participou de manifestações violentas, mas os kosovares estão fartos e querem rostos novos, estimam os analistas.