PE confirma mais um caso do superfungo Candida auris no HR

O fungo, de ocorrência hospitalar, causa infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades

por Jameson Ramos qui, 13/01/2022 - 19:30
Miva Filho/Divulgação/SES-PE Segundo secretaria, paciente morreu por outros problemas Miva Filho/Divulgação/SES-PE

Mais um caso do superfungo Candida auris foi confirmado em Pernambuco. Trata-se da mulher de 70 anos, admitida no Hospital da Restauração (HR) no dia 24 de novembro do ano passado por questões neurológicas. Ela teve o exame de urina sugestivo para o fungo no dia 30 de dezembro do ano passado.

A paciente morreu no dia 5 de janeiro deste ano por problemas provocados pelo seu diagnóstico de entrada na unidade hospitalar. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) detalha que ela estava colonizada pelo micro-organismo, porém não apresentou infecção por ele - o exame de hemocultura não tinha a presença do fungo.

Este é o segundo caso confirmado em Pernambuco. Na quarta-feira (12), a SES-PE divulgou o primeiro caso do fungo em um homem de 38 anos. Ele havia sido admitido na emergência de traumatologia do HR no dia 21 de novembro do ano passado e recebeu alta no dia 30 de dezembro do mesmo ano. A SES-PE frisa que o atendimento no HR foi por outra causa e que o homem estava colonizado pelo fungo. Ou seja, foi feita a identificação da suspeita do micro-organismo por meio de um exame de urina de rotina no hospital, contudo, não havia infecção provocada por ele.

Há ainda um terceiro caso em investigação. Trata-se de um homem de 46 anos, também admitido pela emergência de trauma do HR, em 13 de dezembro de 2021, por outra causa. Está em UTI e sem nenhum sintoma relacionado à infecção pelo fungo. O exame laboratorial sugestivo da unidade hospitalar saiu na última terça (11). Essa amostra será analisada pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), além do Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI - Unifesp).

A SES-PE destaca que a Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco (CECIH-PE), ligada à Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), está apoiando a unidade hospitalar, desde a identificação do primeiro caso suspeito, nas atividades para evitar novas contaminações pelo micro-organismo, tendo realizado visita técnica e, atualmente, permanecendo no monitoramento das atividades.

Para isso, houve capacitação com a equipe multiprofissional do serviço e criado um plano de ação para reforçar as medidas de prevenção e controle, com higienização (limpeza e desinfecção) dos ambientes, higienização das mãos, monitoramento sistemático de contactantes, a partir de cultura de vigilância, e isolamento dos casos suspeitos.

Sobre a Candida auris

O  fungo, de ocorrência hospitalar, pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não se sabe o mecanismo de transmissão, acreditando-se que é por meio de contato com superfícies ou equipamentos contaminados. 

O órgão emitiu, em 2017, um comunicado orientando sobre a vigilância laboratorial de Candida auris no Brasil, que teve seu primeiro caso confirmado em dezembro de 2020, na Bahia. O tratamento vai depender da avaliação médica e do grau de infecção.

A Anvisa destaca que, apesar de no momento haver só dois casos confirmados, pode-se considerar que há um surto de Candida auris porque a definição epidemiológica de surto abrange não apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária, mas também o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde. 

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