Putin anuncia que vai reconhecer separatistas na Ucrânia

A decisão, que põe fim ao processo de paz neste conflito, foi divulgada pelo Kremlin à agência estatal RIA

seg, 21/02/2022 - 16:21
ALEXEY NIKOLSKY / SPUTNIK / AFP O presidente da Rússia, Vladimir Putin ALEXEY NIKOLSKY / SPUTNIK / AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira (21) que vai reconhecer "em breve" as áreas separatistas da Ucrânia após solicitação pública dos líderes de Donetsk e Lugansk.

A decisão, que põe fim ao processo de paz neste conflito, foi divulgada pelo Kremlin à agência estatal RIA, que disse que Putin pretende assinar um decreto correspondente a qualquer momento.

A medida já havia sido adiantada por Putin ao chanceler alemão, Olaf Scholz, e ao presidente da França, Emmanuel Macron, que convocou seu Conselho de Segurança Nacional. Os dois condenaram a atitude e afirmaram estar "decepcionados", mas indicaram disposição de continuar os contatos.

Recentemente, após a Duma (o Parlamento baixo russo) fazer o mesmo pedido ao Kremlin, o próprio mandatário reconheceu que a medida seria uma violação dos Acordos de Minsk, firmados em 2015 entre ucranianos e russos sob intermediação de Alemanha e França.

No entanto, coincidentemente ou não, a decisão dos parlamentares russos ocorreu no mesmo momento em que combates na área do Donbass voltaram a se intensificar após quase sete anos de poucos incidentes.

As trocas de acusações de violações do acordo de cessar-fogo chegam às centenas desde o fim da semana passada e mais de 61 mil pessoas já fugiram das duas áreas com destino a cidades russas para escapar de um possível novo grande conflito.

Agora pouco, o governo ucraniano solicitou uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). "Por iniciativa do presidente Volodymyr Zelensky, pedi oficialmente a realização de consultas imediatas nos termos do artigo 6º do memorando de Budapeste", informou o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, citando o histórico acordo de 1994, também assinado por Rússia, Estados Unidos e Reino Unido, sobre garantias de segurança.

Discurso

Em um discurso à nação, Putin afirmou que a situação em Donbass tornou-se crítica, mas lembrou que "a Ucrânia não é um país vizinho, é parte integrante da nossa história e cultura".

"A Ucrânia foi criada por Lenin, ele foi seu criador e arquiteto. Ele também tinha um interesse particular por Donbass", disse.

Segundo o líder russo, o país vizinho sempre se recusou a reconhecer seus laços históricos com a Rússia e, portanto, não é de admirar esta onda de nazismo e nacionalismo" neste país.

Putin ressaltou ainda que seu governo recebeu "ameaças permanentes" das autoridades ucranianas em relação à energia. "Eles continuaram a nos chantagear sobre o fornecimento de energia e essas são as ferramentas que eles usaram nas negociações com o Ocidente", acrescentou.

Da Ansa

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